Preciso contar agora enquanto tenho coragem

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Era tão foda olhar aquele palco, ter aquela visão ali de cima sabe? Você não tá na plateia, o seu dever é animar a plateia e eu estava quase gritando ao ver o ensaio do My Chemical Romance, aqueles caras eram fodas demais e eu entendia muito bem os surtos de Judy pelo Gerard, o cara tinha uma presença de palco absurda!

– Você tá bem? – Ela assente que sim rapidamente.

– Estou. – Um sorriso brotou nos seus lábios e ela olhou para mim. – Estou sonhando?

– Engraçado, eu ia lhe perguntar a mesma coisa... – Coloco uma mexa do seu cabelo para trás de sua orelha. – Não, você está realizando o seu sonho, é tudo real.

Naquele dia nos assistimos o ensaio da banda e logo em seguida também ensaiamos, a produtora gostou muito do que viu e quando eles tocaram junto conosco foi como ter um orgasmo. Tipo, caralho eu tava tocando e o Gerard estava cantando bem na minha frente, Judy cantava junto do Frank e os outros rapazes estavam apenas nos instrumentos. Estávamos incríveis, eu queria que aquela banda tivesse durado muito mais tempo, que tivéssemos mais oportunidades como aquelas ou que fizéssemos um show tão grande quanto o deles, mas infelizmente não aconteceu.

– Minho querido, o seu telefone estava tocando e eu atendi, toma. – Mamãe estende o meu celular para mim e a pego vendo o número de Judy na tela, já passavam das uma da manhã, mamãe tinha um costume bizarro de arrumar a casa e lavar o cabelo aquele horário.

– Judy? – Digo assim que estou a sós na sala. – Tudo bem? – Ouço-a respirar fundo do outro lado e enfim ela responde:

– Acho que estou com problemas. – A sua voz estava trêmulas e rouca, o meu coração acelerou ao pensar na possibilidade dela ter se metido em encrenca mais uma vez. – Não consigo me levantar do chão...

– Onde você está? O que houve?

– No mesmo lugar onde você me buscou na última vez... Eu acho que... – Ela suspira mais uma vez e eu posso sentir o peso em sua respiração, o fardo que ela parecia estar carregando diariamente. – Eu apaguei por algum tempo mas estou bem, só preciso que você me leve para casa.

– Estou indo.

Eu tive vontade de gritar naquele momento, como ela conseguia falar aquelas coisas tão calmamente? Como se fosse algo tão normal e comum para ela? Eu estava tão puto com ela, queria brigar com ela, gritar, xinga-lá de todos os nomes possíveis por se submeter a aquele tipo de situação mas simplesmente não podia, ela precisava de mim, confiava unicamente a mim e eu podia...

Quando o táxi novamente parou naquele maldito beco no qual eu a busquei da última vez, pude ver sua silhueta, ela estava sentada no chão, por deus se eu não a conhecesse poderia jurar que ela era uma mendiga. Novamente eu senti vontade de gritar, mas eu me contive, aquele não era o melhor momento para isso então apenas a peguei em meus braços e a levei para dentro do táxi.

– Seu pai não pode vê-la nesse estado. – Digo enquanto ela estava deitada sobre as minhas pernas no carro e acaricio o seu rosto, ela estava pálida com os lábios esbranquiçados e suja de lama, eu a amava tanto mas não conseguia ajudá-la quando ela mais precisava de mim.

Decidi que o melhor a se fazer era levar Judy para a minha casa, mesmo que minha mãe ainda estivesse acordada tenho certeza que ela me ajudaria a cuidar de Judy se fosse preciso, desci do carro novamente com ela em meus braços e bati na porta de casa rezando para que minha mãe atendesse o mais rápido possível, Judy havia caído no sono no caminho.

– Minho? Ah meu Deus! – Mamãe primeiro olhou para mim e depois para minha namorada em meus braços, eu tinha certeza de que ela queria fazer milhares de perguntas naquele momento mas ao me ver implorando com os olhos para que ela deixasse aquilo para mais tarde, ela cedeu e eu entrei finalmente em casa subindo para o meu quarto.

Fechei a porta, levei Judy para o meu banheiro e a coloquei dentro da banheira, ela estava tão suja e quando tirei o enorme casaco que ela usava vi que o seu pescoço estava roxo, o meu estômago se embrulhou e eu caí sentado no chão ao lado da banheiro, aquilo era demais para mim.

– Minho? – Ela sussurrou o meu nome com a voz rouca e eu ergo o meu olhar para ela. – Me desculpe...

– Shh, tá tudo bem amor você não precisa dizer nada agora. – Levantei-me rapidamente e sentei-me a beira da banheira para retirar as suas roupas. – Preciso banhar você.

– Tudo bem... – Judy tinha dificuldades até para se sentar, tirei as suas roupas com o maior cuidado para não deixá-la ainda mais dolorida e finalmente liguei a torneira. – Eu preciso lhe contar uma coisa.

– Agora não, você pode me contar depois que eu cuidar de você. – Eu esfregava a sua costa com a minha esponja de banho enquanto ela estava segurando o sabonete.

– Não, eu preciso contar agora enquanto tenho coragem. – Droga ela era tão insistente, mas ainda assim eu desliguei a água da banheira e esperei com que ela falasse, eu esperava por qualquer coisa vindo dela, literalmente qualquer coisa mas o que veio a seguir... Foi como se uma rocha tivesse caído sobre mim ou uma cruz pesada que eu não seria capaz de carregar mas tentava suportar a dor... Por ela, por que ela precisava de mim. – Os... Os machucados no meu corpo... – Pude ver a água vibrando, Judy estava se tremendo por inteira mas não porque a água podia estar fria. – Eu deixei com que fizessem coisas comigo em troca de heroína.

Como eu disse, podia esperar literalmente qualquer coisa de Judy, mas aquilo era demais para mim, coisas absurdas começaram a pensar em minha mente, as imagem mais porcas e sujas de Judy.

– E hoje quando... Quando me neguei a fazer isso mais uma vez, eles me bateram.

Pisquei inúmeras vezes tentando assimilar a situação, tentando manter a calma para poder ajudá-la mas eu não consegui, não me envergonho de admitir que chorei como uma criança.

– Eu estou tão envergonhada e enojada, por favor me perdoe!

As palavras de Judy entravam por um lado e saiam pelo outro, ignorei tudo o que ela falou a seguir e me concentrei apenas em terminar de banha-lá, enxuguei o seu corpo e vesti nela roupas limpas. Ela estava tão fraca, tão frágil e magra que eu tinha medo do que podia acontecer se eu a tocasse de maneira errada, com a ajuda de minha mãe esquentei a janta mais uma vez para Judy e quando subi novamente para o quarto, ela estava deitada encolhida na cama.

– Precisa comer um pouco.

– Não estou com fome...

– Isso não foi  um pedido.

Sentei ao seu lado na beira da cama e lhe dei a comida na boca. Ela comeu tudo e bebeu um pouco de água em seguida, deixei o prato no chão do quarto e olhei para o seu rosto por um longo tempo observando cada detalhe.

– Você me traiu? – Ela abaixou o olhar e assentiu. – Quantas vezes?

– Uma vez.

– Por droga? – Eu estava tentando ao máximo não gritar com ela mas eu estava irritado pra caralho, ela assentiu mais uma vez e eu sai do quarto.

Naquele dia foi como se um meteoro tivesse caído na terra, eu estava com o coração dilacerado, estilhaçado em milhares de pedacinhos. Foi quando eu percebi que Judy era viciada.

Go Go Judy! | Lee Know | Stray KidsOnde histórias criam vida. Descubra agora