Capítulo 29

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O passado nunca te deixa

Certamente, não era correto dizer que as prioridades primordiais de Zaniel foram facilmente arquivadas de forma tão abrupta. Não era porque ele estava nas nuvens nos últimos dias, por conta de uma pessoa especial, que ele havia esquecido do seu propósito: vingar a morte da irmã.

Era verídico que ele estava mais calmo e paciente, do jeito que Lucca queria, mas nunca passou pela sua cabeça desistir daquela ideia. Ele ainda daria tudo de si para matar Augusto, incluindo a própria vida.

Depois daquele dia, em que teve o primeiro beijo com Noah, nada mais deste grau de intimidade havia rolado. Não era certo ou claro qual era a exata relação dos dois homens depois daquilo. Mesmo tendo se confessado um ao outro, a timidez era suficiente para criar uma barreira. Mas não foi só isso que os absorveu do novo assunto particular, mas um bom contribuinte foi o surgimento de trabalhos que precisavam das respectivas atenções.

Os Goodmans sempre estiveram na boate Babe's, e agora, ainda mais, após descobrir que o inimigo frequentava a "casa". Para Lucca, eram dois coelhos numa cajadada, o útil ao agradável; Dylan morava e trabalhava para ele, mas também era bartender naquele turno. Ou seja, enquanto cumpria com suas missões, o chefe tinha a companhia daquele moço bonito... e então, não é necessário mais explicações.

Naquele dia quase todos os membros estavam na boate, o que era algo que não acontecia com frequência. Mesmo sendo gângsters praticamente falsos, a quantidade de membros era escassa, e por isso tinham que, muitas vezes, se ocuparem com diferentes tarefas para manter presença em diversas áreas, para assim, manter a ilusão de grandiosidade.

Noah acompanhou Zaniel, que havia insistido em apenas vigiar o local, a pedido do chefe. Foi por isso que quatro dos cincos membros estavam na Babe's.

— Que tal voltarmos pro Cafofo? Acho que está bom por hoje, Lucca já tá de olho em tudo — Disse Noah, encostado em um dos cantos da boate cheia, ao lado de Zaniel. Já fazia pouco mais de cinco horas estando naquele lugar que gradualmente se tornou ainda mais barulhento. Ele tinha que admitir, não entendia a necessidade de tanta vigia.

Zaniel continuou imerso nos grupos de pessoas, não resultava nem em um piscar de olhos. A boate estava cheia de membros do grupo Nutella, mas tudo o que eles podiam fazer era observar e procurar por brechas.

O mais novo do grupo se perguntava: que brechas?!

Noah se aproximou lateralmente, um pouco mais perto do amigo e insistiu olhando-o persuasivo — Zani? Você não está cansado?

Zaniel negou com um chacoalho de cabeça.

— ... — O menor não conseguiu esconder o grande bico que se formou em seus lábios ao não receber nem sequer a atenção visual do outro — Eu estou.

— Vá pra casa. — O ruivo disse, mantendo o olhar nos homens armados que apareciam de vez ou outra atravessando a multidão.

— Eu não posso, senão já teria ido — ele cruzou os braços.

— ...

— Sabe porque eu não posso, moço?

Zaniel inquiriu, finalmente lançando-o um olhar.

O jovem fez questão de apontar o dedo indicador para o homem teimoso — Você. Só estou aqui por sua causa, então vamos, me leve pra casa.

Zaniel suspirou — Desculpe.

Noah sabia que a culpa não era totalmente do amigo. Apesar de Lucca ter lhe dado a ordem de tomar conta dos passos de Zaniel, ele já planejava fazer isso, de qualquer forma. Afinal, conhecia muito bem aquela peça persistente e corajosa. Se tratando daquele assunto, Zaniel nem sequer pensava uma vez antes de correr qualquer risco.

Goodman [BL]Onde histórias criam vida. Descubra agora