Capítulo 39

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Desestabilidade

O falecido homem careca e tatuado havia voltado guiando mais bandidos para dentro do Cafofo, mostrando a eles o caminho que não estava interditado. Foi por isso que a van conseguiu deixar a garagem sem muitos problemas, já que a atenção dos capangas estavam centradas na invasão da casa, ocasionando escassez na distribuição de homens ao redor.

Os últimos momentos no Cafofo foram, sem dúvidas, horríveis. Além dos membros terem presenciado a morte de uma pessoa querida, eles também não tiveram outra escolha senão abandonar o corpo de Monique lá. Foi difícil fazer com que Ruth largasse-a e se salvasse, tiveram que carregar a morena o mais rápido que podiam antes que tudo fosse em vão. Principalmente, o sacrifício da amiga.

Lucca pisou no acelerador para bem longe dali, em rumo a cidade vizinha, de preferência em um bairro isolado, por enquanto. Zaniel estava no banco da frente com ele, enquanto os outros haviam se acomodado atrás. Do lugar do motorista, foi possível ouvir murmúrios e choramingos vindos de trás por mais de uma hora, mas após isso, todos ficaram em silêncio.

Talvez a mistura do choque com muitas emoções complexas que todos estavam partilhando foi o motivo da tamanha introspecção geral, pois ninguém falava com ninguém desde o ocorrido. O clima estava muito pesado, insuportável. Lucca queria explodir com aquele turbilhão de pensamentos que o perturbava. Quando iniciou o trajeto, pôde descontar na velocidade absurda em que estava dirigindo, era como se verdadeiramente estivesse fugindo. Mas depois disso, teve que desacelerar pois não havia justificativa para tantos riscos no trânsito.

A van estacionou em um posto localizado em uma estrada deserta, e logo a frente havia uma espécie de floresta. Árvores grandes ornamentavam a entrada para o início de uma mata ou coisa parecida.

Havia amanhecido e eles não tinham condições para passar mais horas dentro daquela van abafada. Patrick começou a chorar, indicando que precisava urgentemente de cuidados.

Lucca saiu do automóvel e quase arrebentou a porta ao fechá-la. Foi até a parte traseira do veículo e bateu na janela, assustando os parceiros com o barulho. Ele falou com eles pela primeira vez - Vamos dar uma parada aqui. Aproveitem para saciar as necessidades.

Tendo dito, ele se afastou, atravessando a rua e entrando na floresta, em seguida. Em seu rosto havia sangue seco, inchaços e cortes localizados nos lábios, sobrancelhas e nariz. O estado de suas roupas não necessitavam de mais comentários. Lucca nunca esteve em pior aparência. E não é como se sobrasse espaço para ele se importar com isso naquele momento.

Zaniel levantou de seu assento para se juntar aos parceiros que estavam atrás, ajudando-os a sair. Noah pegou Patrick no colo e deixou a van, e Dylan o seguiu, fazendo o mesmo. Ruth ainda estava adormecida no último banco, mas ninguém estava se sentindo confiante em acordá-la.

Zaniel pediu permissão para pegar a criança. Queria aliviar o amigo que estava cuidando do menino desde que saíram do Cafofo. Ele ergueu os braços e lançou um olhar pedinte para Noah.

Noah concedeu, dando Patrick ao outro e disse em um tom desanimado — Ele está com fome. Acho melhor compramos algo na loja de conveniência, até mesmo pra gente...

Zaniel assentiu e balançou a criança chorosa no colo em uma tentativa de distração - O dinheiro está na maleta.

— Então você pode tentar lavar ele em algum banheiro enquanto compro comida?- Noah perguntou enquanto acariciava o cabelo do menino.

O grandão assentiu de imediato.

Dylan tinha rodeado a van, e agora se aproximava dos dois com um olhar investigativo, procurando algo ao redor — Cadê Lucca?

Goodman [BL]Onde histórias criam vida. Descubra agora