Incômodo
As manhãs durante a estadia no casarão de Cleberzinho eram confusas para o ego de Lucca. A explicação não era nada complicada. O homem esnobe sempre acordava ao lado de Dylan, agora que estavam dividindo a mesma cama (uma bem grande, só para constar). Olhando pelo ângulo positivo, tinha a emoção de estar dormindo junto a ele; a oportunidade de observá-lo bem de perto; de sentir o seu cheiro e sua presença; da inegável oportunidade de aproximação. Mas olhando pelo ângulo negativo, tinha o fracasso na tentativa de mais intimidade, já que Dylan se fechava completamente toda vez.
Na realidade de Lucca, ele era, sim, um homem muito atraente! Um homem irresistível, irrecusável!
Ele adquiriu a consciência de que Dylan era uma pessoa extremamente luxenta, e isso era realmente verdade, mas tudo tem limites, né! Quem é que consegue resistir tanto?
Em uma das confusas manhãs, Lucca realizou o seu hábito matinal após acordar: observou o seu parceiro de cama (infelizmente, não do modo sexual) dormir.
Ele estava frente a frente com Dylan na cama, podendo apreciar todos os detalhes daquela obra perfeita aos seus olhos. O nariz fino e comprido; uma lateral das bochechas avermelhadas por estar sendo esmagada pelo colchão; seus olhos fechados, que esnobavam cílios salientes; seus lábios não tão carnudos, mas hipnóticos, eram imãs; e os fios de cabelos negros fujões que insistiam em deleitar-se sobre o rosto do homem.
Era incansável olhar para essa imagem.
Só era meio decepcionante o cobertor esconder todo o resto do corpo do homem, deixando só o rosto visível. Assim como também era decepcionante os cobertores individuais que Dylan ordenou que tivessem. Se o mais novo decidisse colocar Lucca para dormir no chão seria o fim da picada, por isso, o homem sapeca se comportava. A verdade é que esse último cenário já foi colocado em uma ameaça.
Lucca achou que acariciar o rosto adormecido e pentear os cabelos desengonçados por trás da orelha do outro fosse um ato inocente, por isso não se controlou.
Essa coisa não fazia muito a cara dele, realmente. Ele nunca agiu tão carinhosamente com uma ficante na vida. Ele não considerava Dylan como um ficante, mal tinham se envolvido, mas mesmo antes de algo mínimo acontecer, ele já o tratava com muito afeto. Através de um olhar diferente, mais sentimental.
Se ele pensasse muito sobre isso, ficaria muito assustado.
Dylan despertou aos poucos. Ele entendeu o que estava acontecendo antes mesmo de decidir abrir os olhos, revelando sua lucidez. Não fez movimentos bruscos, ao invés disso, permaneceu quieto, apenas encarando o outro de volta.
Lucca ficou meio inseguro de início, esperava um insulto. Mas ao perceber que Dylan estava de acordo com a situação, ele apenas continuou, deixando escapar um sorriso leve.
— Cada dia que passa, sinto que você fica mais próximo de me atacar… — Dylan disse sem muita cerimônia.
— Eu não sou homem que necessita disso. É sempre as pessoas que querem me atacar.
— Eu não tô nem aí pra você.
— Eu sei que isso não é verdade. — Lucca retirou sua mão dos cabelos do outro e apenas permaneceu deitado, olhando-o nos olhos.
Dylan deu de ombros com uma expressão cínica. Ele abaixou o cobertor de seu tórax para se espreguiçar e se esticar com mais mobilidade.
— Você me confunde demais. Às vezes está aberto, outras fechado. Por que é tão defensivo? — Lucca perguntou.
Dylan deixou de se mover, parecia pensar na resposta enquanto fixava os orbes azuis.
— Não me faça uma pergunta dessas quando acabo de acordar. Você é inconveniente…
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Goodman [BL]
RomanceO filho do falecido manda-chuva do maior grupo criminoso da história da cidade de Lilorang, agora se via quase falido ao ter o peso de carregar e manter como legítimo todos os acontecimentos antigos, cruéis e temerosos que tal grupo ordenhou. Por 10...