Capítulo 8

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Fumar primeiro, resolver depois

A visita inconveniente e inesperada realmente tinha incomodado a todos, com a exceção de Lucca que se deu ao trabalho de paquerar a moça. Ele nem tinha compreendido a situação direito, mas graças a muita insistência e a democracia da casa, os outros moradores conseguiram colocar Monique para fora com desculpas esfarrapadas. 

Haviam muitos motivos que os faziam querer aquela mulher fora dali, naquele exato momento. Não era necessário citar que tinha uma pessoa sequestrada em um dos quartos, além daquela moça ingênua ter se enfiado naquele ninho desconhecido. Mas de qualquer forma, ela continuava sendo uma candidata para babá em potencial, já que era muito difícil encontrar outra. 

Após a saída da mulher animada e rejeitada, uma discussão se iniciou ali mesmo fazendo-os esquecer ainda mais de Dylan Francis, o homem rico e estraga prazeres que estava trancado em um dos cômodos da grande casa.

Lucca fumava o seu cigarrinho matinal na beirada da varanda da cozinha. Era um lugar arejado, decorado com poucos vasos de plantas domésticas, algumas samambaias penduradas e um bonsai super antigo e aparentemente muito bem cuidado, fazendo o seu papel de embelezamento em cima de uma pequena mesa. A vista não era tão natural, pois dava para o grande quintal vizinho, que não era lá essas coisas.

Noah que estava lá, escorado nas beiradas juntamente com Patrick em seu braços, olhando a parte isolada da rua teve que se retirar ao sentir o cheiro de fumo chegando até eles.

— Ah, deixa a criança aqui comigo, você está com ele desde cedo — Lucca soltou um círculo de fumaça pro alto deixando o pequenino encantado com tamanha habilidade — Ele gosta, olha.

— Patrick não pode ver filmes de terror, mas pode ser um fumante passivo. Se mate sozinho- — Noah estava prestes a atravessar a porta de vidro escancarada, quando foi interrompido por Zaniel tapando sua passagem. 

O homem forte parecia querer passar para a varanda, a qual o outro estava deixando. Zaniel ergueu os braços com a intenção de pegar o menino e aliviar o peso do jovem de cabelos coloridos.

— Ele não pode ficar aqui com esse cinzeiro ambulante — Noah continuou segurando Patrick que esboçava querer ir para os braços fortes à frente — só te dou, se ficar com ele dentro de casa.

— Aqui, pronto, resolvido — Lucca arremessou o resto fumado que restou — Pode todo mundo ficar aqui agora. O ambiente já voltou a ser saudável.

O rapaz que estava com a criança fofa no colo balançou a cabeça em negação e entregou a posse pro maior, que o pegou delicadamente e se esquivou para o lado de Lucca. 

Antes de se afastar, Noah olhou para os dois homens e a criança que já estavam colados na mesma varanda — Sobre a babá: não está decidido ainda, só pra vocês dois saberem.

— Por que não? — Lucca perguntou, fazendo o outro pausar o passo.

— Não vamos deixar o Patrick com qualquer uma só porque vocês a acham atraente — Noah se virou pra eles com desaprovação. Deu mais alguns passos adiante como se tivesse desistido de ir para onde planejava, apenas para manter e vencer a pauta levantada — Além de que, essa mulher claramente não estava interessada no emprego. Ela nem sequer sabe quem é a gente.

Ruth brotou ao lado dele — Eu concordo. Não é assim que funcionam as coisas.

Lucca riu enquanto passava a mão nos cabelos lisos e loiros da criança que estava no colo de Zaniel — Como funciona então?

— Que eu saiba, um exemplo de requisito normal para ser uma babá é ter jeito com crianças, não ser uma grande gostosa — A mulher o olhou com deboche, erguendo suas sobrancelhas enquanto falava.

Goodman [BL]Onde histórias criam vida. Descubra agora