Capítulo 35.5

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Duas mulheres, uma criança

No silêncio da madrugada, a porta do quarto de Ruth repentinamente se abriu e fechou na mesma constância produzindo um barulho rápido. Uma mulher e uma criança de colo adormecida entraram no cômodo iluminado, que contrastava com o corredor mergulhado em total escuridão ao lado de fora. Monique carregando o pequeno Patrick, deu um suspiro ao ter concluído a sua suposta "missão".

Ruth, de camisola, aparentava estar pronta para dormir, quando disse, sentada em sua cama — Você realmente trouxe o garoto, né, mulher?

— Eu não consigo deixar ele sozinho num quarto! — Monique se aproximou com o pequeno em seu colo — Ele é muito novinho!

— Mas tem que acostumar desde novo mesmo! Se crescer dormindo com adultos vai dar mais trabalho. — Ruth rebateu.

— Ah, dá não. Ele é muito neném! — A loira posicionou os joelhos na cama, com dificuldade de se equilibrar — Faz um espaço aí no meio pra ele, vai.

— Lucca te viu?

— Não! Eu sou rápida!

— Quanta teimosia… — Ruth liberou o meio da cama e se levantou, ajudando a ajustar a criança dorminhoca entre os lençóis.

— E se ele acordasse e não visse ninguém no quarto com ele? Iria ficar desesperado, o bichinho. E vocês, tudo dormindo, nem iam ouvir! 

— Só não vou discutir porque você aceitou passar a noite aqui... — Ruth sentou na beirada da cama, observando a mulher acariciar a cabeça do garoto.

Monique olhou rapidamente para Ruth, lembrando do motivo de ter sido chamada, depois voltou a encarar a criança, sem muita reação — E você quer falar sobre isso?

Ruth comprimiu os lábios em um sorriso sem graça, entrelaçou os próprios dedos uns nos outros — Bem, o que posso falar? Não tenho muito a acrescentar.

— Você pode falar… — Monique engatinhou do meio da cama até o lado de Ruth, compartilhando a mesma beirada — Sobre como se sente com isso, o que você quer fazer, fale o que quiser. Eu sou toda ouvidos!

Ruth encarou um ponto fixo — Eu acho que te chamei porque me sinto desnorteada., insegura, sei lá.

— Falar ajuda a organizar os pensamentos, mana! Eu sempre falo quando me sinto confusa sobre algo, mesmo que não tenha ninguém ouvindo!

Ruth não conseguiu evitar um riso. Ela não duvidava da veracidade daquela informação nem se tivesse valendo dinheiro. Monique era realmente muito tagarela, não surpreendia o fato dela falar sozinha ou consigo mesma. Isso era uma característica que irritava Ruth, a princípio.

— E o que você vai fazer sobre as mensagens, a perseguição, as ameaças...? Pode parecer besteira agora, mas tudo isso pode evoluir pra algo pior. Você sabe, né?

— Sim, eu entendo isso. É que… eu realmente não sei. Não sei se é uma boa idéia incomodar Lucca com isso de novo… é algo meu, sabe? 

— É, mas tudo bem procurar ajuda. E eu tenho certeza que o chefinho faria questão de ajudar de novo se soubesse disso. Não dá pra conviver com essa situação não. Sua vida se torna um inferno. 

— É, mas… — O olhar de Ruth voltou para a mulher ao lado, e rapidamente desviou para suas mãos nervosas — Eu também me preocupo com Lucca. A forma que ele lida com as coisas… não acho que seja bom. Digo, pra ele, pra mim, pra todo mundo. É complicado...

— Hum… Desculpa se eu estiver me intrometendo demais ou falando muito. Você pode me parar, tá? — Monique tocou no braço da morena, que confirmou no mesmo instante — Mas… por que que o Lucca não matou o cara naquele dia?

Goodman [BL]Onde histórias criam vida. Descubra agora