Goodman [BL]

Capítulo 36

Parte da família

— Então, vamos repassar o combinado. Zaniel e mais outros cinco mendigos vão cercar a vítima – que será um outro mendigo ator – na multidão, em frente à boate. Garanta que todos parem para assistir, e já pedi pra que o nosso querido ator gritasse bastante pra chamar atenção. Então, Zani finge espancar ele e o segura contra o chão, até eu aparecer. Estarei com o braço decepado que Noah já conseguiu, então fingirei cortar o membro dele na frente de todos com esse serrote. Como vamos estar cercados dos cinco mendigos – só escolhi os maiores – ninguém vai perceber que é atuação, além de que o mendigo escolhido para ser a vítima já é originalmente deficiente de um braço. Em seguida, ele vai furar a bolsa de sangue na manga da jaqueta e o arrastamos até a van. Vamos usar a van velha, porque esses caras de rua fedem. Dúvidas?!

Zaniel, Noah, Ruth e Dylan, sentados no mesmo sofá na sala de estar, se entreolharam antes de voltar a encarar Lucca, que estava em pé diante deles, com uma pitada de ansiedade. 

— E se por acaso, nenhum membro dos Nutellas ver a nossa performance? Quer dizer, esse é o nosso objetivo principal — Ruth questionou.

— Esse pessoal é fofoqueiro, esse tipo de coisa se espalha logo. Mesmo que não vejam, isso vai ser comentado por um bom tempo. Vão ter, pelo menos, mais cautela ao lidar com a gente. Isso com certeza vai confundir eles. — Lucca respondeu, convencido, enquanto procurava cigarro em seu bolso.

— Isso é realmente necessário, Lucca? — Noah estava incerto sobre aquele plano maluco. Não era a primeira vez que eles recorriam a essa tática, que realmente nunca tinha dado errado, mas a situação só poderia ser séria para Lucca ficar desesperado a esse ponto.

— Sim, é claro. É bom fazermos essas peripécias de vez em quando, independentemente. Temos que nos manter no topo. E talvez isso possa nos ajudar um pouco com essa perseguição dos Cabrones que estamos vivendo. Vai dar tudo certo, relaxem! Estou muito confiante — Lucca acendeu o cigarro rapidamente com o isqueiro contendo a foto de mulher pelada — Mais dúvidas?

— O que faremos com o braço após "amputarmos"? — Noah perguntou mais uma vez.

— Vamos deixar lá, com a nossa marca. Eles vão ter a prova do que fizemos. Estou pensando em escrever alguma mensagem também… 

Dylan se levantou do sofá, em silêncio. Ele pegou sua mochila preta que estava na poltrona ao lado e colocou em suas costas, se preparando para sair. 

— Já vai, Dylan? — Ruth o interrompeu.

— Ah, sim — Ele a olhou e lhe deu um sorriso amigável — Preciso chegar na boate mais cedo hoje. 

— Espere mais um pouco. Vamos juntos, ué, eu te levo — Lucca se pronunciou de imediato, tentando o prender por mais um tempo.

— Não, é melhor eu ir agora. Não tenho parte nenhuma no trabalho de hoje, de novo…. — Dylan se referiu ao plano para espantar os malditos vigias. Ele não estava zangado, só estava um pouco incomodado, pois o chefe parecia sempre querer protegê-lo quando se tratava dessas tarefas mais práticas.

— A sua parte é… ser bartender! Ficar de olho na movimentação da boate, meu amigo — Lucca usou uma entonação específica ao chamá-lo de amigo. 

Zaniel e Noah se olharam em harmonia, como se mandassem a mesma mensagem um para o outro ao observarem a interação caótica da parte de Lucca. 

— Então, te vejo lá. — Dylan se despediu antes de sair do Cafofo.

《...》

Era bastante cedo quando Dylan chegou ao seu local de trabalho. A boate ainda estava fechada, e só circulavam funcionários pelo lugar. Ele cumprimentou seus colegas e guardou seus pertences na sala de funcionários.