Capítulo 14

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Cecília

Confesso que esperava tudo menos que Augusto fosse um homem divertido, profissional e organizado, seu escritório é extremamente limpo e as coisas estão todas no lugar, não se encontra uma única bagunça. Ele ri ao ouvir minha breve descrição de como imaginei que seria sua sala, minha vontade é de rir junto com ele.

— Vou esperar na porta, quando terminar de mostrar as fotos quero ir pra casa. — Digo e saio antes que ele possa dizer qualquer coisa. Adam está encantado com Augusto e com essa oficina, tenho medo de meu garotinho se apegar demais. Não seria nada bom se isso acontecesse, eu não sei quais são as intenções de Augusto, e eu também não estou preparada para um relacionamento. Não deveria permitir essa aproximação deles, mas como dizer não ao meu garotinho?

Fico parada na entrada da oficina, Álvaro passa por mim e me cumprimenta, ele parece surpreso em me ver, mas segue seu caminho sem parar, alguns funcionários me olham e vejo pura curiosidade.

Vejo um homem adentrar a oficina, ele me olha de forma estranha e entro em alerta, ele fala com um dos funcionários e continua me olhando, me aproximo de uma mesa que tem uma barra de ferro, o homem começa a se aproximar e quero sair correndo, não gosto da forma que ele me olha.

— Olá gatinha, está perdida? Com problemas no carro? — Eu o ignoro, quem sabe ele se manca e sai de perto. — O que acha de irmos tomar um café enquanto esperamos nossos carros?

— Não. — Sou curta e grossa mesmo, vejo seu olhar percorrer todo meu corpo e isso me causa um arrepio, estou começando a ficar com medo, olho em direção a porta do escritório de Augusto, ele bem que poderia aparecer agora.

— E leite a gatinha gosta? — Seu sorriso e seu olhar mostram o duplo sentido da frase e fico possessa, não penso duas vezes em agarrar a barra de ferro que está em cima da mesa, começo a gritar e xingar o homem que se diverte com a situação. Estou cega, só consigo ver aquele homem tentando abusar de mim, as memórias daquela terrível noite me invadem, sinto nojo, raiva, medo.

— Não encosta em mim, seu depravado, nojento. — Grito mais ainda com o homem, meus olhos ardem e seguro as lágrimas, minhas mãos tremem.

— Cecília, se acalme. — Augusto aparece e toca meu ombro, me viro assustada para ele. — Adam está assustado, calma. — Olho para meu filho que tem os olhos banhados de lágrimas, largo a barra e pego ele no colo para acalmá–lo, mas ainda estou muito nervosa.

— Eu quero ir embora. — Digo tremendo.

— O que você fez pra ela? — Ouço Augusto perguntar ao idiota que continua rindo de tudo.

— Calma Augusto, eu só convidei ela pra tomar leite, mas a gatinha ai é brava. — Ele diz e só vejo a expressão de Augusto mudar, ele desfere um soco no rosto do cara, me encolhi em um canto com meu filho, entro em meu mundo de medo, dor e revolta.

— Desgraçado! Fica longe dela. — Ele acerta mais uma vez o homem e vejo que ele também recebe alguns socos.

— Mas que coisa é essa aqui? — Ouço seu irmão Álvaro, mas não vejo mais nada, minha visão está embaçada devido as lágrimas.

— Some daqui!

— Você está louco? Ele é um de nossos clientes.

— Jura? Pois eu não estou nem aí pra ele. — Ouço passos, Augusto se abaixa em minha frente. — Desculpa por isso, vamos, vou levar vocês. — Afirmo e saio em direção ao carro com Adam em meu colo.

O caminho até o momento está sendo feito em silêncio. Somente Adam está conversando e brincando com seus carrinhos. Fico pensando em meu passado, na forma como o homem falou comigo e em como Francisco falava, sinto nojo ao lembrar que aquele homem me tocou. Fico mal e sinto vergonha por ter feito um show no trabalho de Augusto, tenho que aprender a me controlar mais.

Trilogia Irmãos Guerra - Amor Além Do DNAOnde histórias criam vida. Descubra agora