Capítulo 37

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"Fawn abriu os olhos. E se sentou rapidamente.

Ela estava presa.

A fada tocou sua testa, tentando se lembrar de algo. Tudo estava em branco. Sua última lembrança era de estar no deserto, na caverna se escondendo da tempestade de areia e então...

Ah, droga.

Ela foi pega.

O rei a descobriu e mandou seus melhores soldados para pegá-la. Antes que ela pudesse chegar até Aadya.

Fawn suspirou e olhou ao redor.

Uma cela. Ela já tinha estado na prisão de Talamh antes, mas essa era uma cela completamente diferente. Estava escuro, então ela não podia ver muito, mas essa cela era muito mais fria do que as normais. E as correntes em seus braços eram mais pesadas.

O rei Honua parecia ter se preparado bem para o retorno dela.

Uma pena que ele não se preparou o suficiente.

Fawn se levantou e respirou fundo. No fundo da sua mente, a porta que ela sempre mantinha fechada, se abriu e o poder que ela mantinha escondido fluiu pelo seu corpo. Sem barreira alguma.

As correntes estalaram, o ferro forjado no reino dos gigantes se torceu até se partir e cair no chão, com um estrondo. Com as mãos livres, Fawn as ergueu, para onde a porta de metal escuro estava.

As mãos dela esfriaram e um brilho azul surgiu, ela andou até a porta e a tocou. Em poucos segundos, a porta foi congelada. Fawn deu um passou para trás e lançou um soco na porta, que se partiu.

Agora, ela só precisava lidar com os guardas.

Um pequeno sorriso curvou os lábios da fada.

Fazia um tempo desde que ela tinha tido uma boa luta."
— Trilogia Fogo e Aço —

Rainbow

Reunião. Reunião. Sessão de fotos. Reunião. Almoço. Reunião. Entrevista online. Reunião.

Minha cabeça estava doendo apenas de olhar para minha agenda e eu sabia que hoje seria um dia exaustivo.

Ultimamente, todos os dias eram exaustivos.

Abri meu email e digitei outro pedido de socorro. Eu já tinha enviado vários e-mails antes e tentado ligar, mas ela não tinha atendido. Uma das razões de eu não ter saído desse emprego era porque eu queria falar com a Maggie, minha ex-chefe, antes.

Eu tinha sido uma aluna mediana no ensino médio. Então eu me esforcei muito na faculdade, embora tivesse falhado algumas vezes. Mesmo assim, eu consegui o estágio nessa revista e fui abraçada pela Maggie. Assim que me formei, Maggie me contratou como sua assistente.

Mas desde a demissão dela, eu não tinha conseguido entrar em contato com ela.

E as constantes reuniões que o CEO marcava comigo estavam me deixando ansiosa. Eu estava começando a ter dificuldade para dormir e me sentia terrivelmente agitada durante o dia. Havia momentos em que eu sentia que minha cabeça ia explodir. Eu conhecia essa sensação, mas eu nunca fui capaz de me acostumar com isso.

Quando eu era adolescente, eu lembro de as vezes sentir que tinha uma mão invisível me mantendo presa no mesmo lugar. Toda vez que eu tentava levantar da minha cama e fazer algo, essa mão me segurava. Essa era a sensação da depressão. E havia os momentos em que parecia que eu tinha energia infinita, mesmo quando minha cabeça estava pesada, eu não conseguia parar de pensar em tudo e nada ao mesmo tempo. E a mão que antes me segurava no lugar, parecia me sufocar. Assim era a minha hipomania.

Eu sempre tinha passado por isso sozinha. Ou quase sozinha, pelo menos.

Na faculdade, eu morava com a Irma. Depois de um ano, ela reconhecia quando eu estava em uma crise e sempre chamava a Shea. Eu precisava admitir que a Shea tinha se tornado uma fonte de segurança para mim. Eu sabia que podia me agarrar nela e que ela não me soltaria.

Agora, eu tinha o Ivan.

Eu sabia que ela tinha percebido que eu estava um pouco inquieta. Por sorte, minha hipomania nunca durava mais que uma semana e meia e meus sintomas eram relativamente leves.

Eu teria que conversar com ele. Ele tinha feito um pouco de pesquisa quando estávamos no Havaí e eu tinha conversado com ele também, mas acho que ele não entendia como a bipolaridade afetava o dia a dia e as pessoas ao meu redor.

Confiar nas pessoas era difícil. Eu sempre sentia uma apreensão quando me aproximava de novas pessoas. Eu tinha sentido isso com a Shea e as Heartbreakers. Até mesmo com o Ivan.

Eu tinha medo de ser abandonada.

Não era algo que eu iria superar do dia pra noite só porque me apaixonei.

Eu queria que o amor resolvesse todos os problemas da minha vida exatamente como acontece nos livros que eu leio.

— Você e todas as pessoas do mundo. – Naomi disse e eu pisquei confusa.

— Eu disse isso em voz alta?

— Alta e clara. – ela confirmou e eu suspirei. Naomi me observou com atenção. — Você tem dormido esses dias?

— Não muito.

— Por causa do seu namorado? – eu dei um sorriso a ela.

— Ivan é bom, mas não ao ponto de eu passar a noite em claro.

— Suponho que o problema seja outro então.

— Não tem problema nenhum. Eu só estou meio agitada esses dias. – falei e sorri ao me lembrar de Maysie me entregando uma caixa de chá de camomila.

As Heartbreakers sabiam reconhecer meu humor apenas com algumas palavras.

Eu era sortuda por ter encontrado elas. Embora eu gostasse de falar que era incrível, eu não tinha certeza se eu teria conseguido terminar a faculdade sem elas ao meu lado.

Amor era bom e me fazia feliz, mas era a amizade que me mantinha respirando.

Talvez eu devesse fazer uma camiseta com isso.

— Nós temos que ir ou vamos nos atrasar para a sessão de fotos. – Naomi disse e eu me levantei. O email tinha sido enviado a Maggie, eu só podia esperar uma resposta.

— Ficar trancada nessa sala todos os dias está começando a me dar coceira. – resmunguei e Naomi riu. — Ah, hoje eu vou almoçar com um amigo.

— O marido da sua amiga?

— Não. Eli almoça com o Aaron ou com a Shea. Mas hoje eu roubei o Aaron, então ele deve ir almoçar com a Shea. Que vai estar com a Maysie. – dei um risinho. — Ele está na merda. – falei e ela me olhou confusa.

Acho que era difícil para outras pessoas entenderem o tormento que era para o Eli almoçar com alguma de nós. Até hoje ele tinha medo de aceitar comida que nós oferecemos. Eu queria saber como Ivan iria lidar com a noite do pôquer.

Ele era mais sério que o Eli, talvez por ser o mais velho. Ele também era meio cínico, diferente do irmão.

Sendo sincera, a única coisa em comum que Eli e Ivan tinham era o fato dos dois serem bonitos.

Cedo ou tarde, Ivan ficaria aterrorizado com algo que as Heartbreakers fizessem.

Nós tínhamos talento para atormentar as pessoas.

Antes de você (The Heartbreakers #2)Onde histórias criam vida. Descubra agora