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Frio, molhado, fedorento

S/n abriu os olhos lentamente, encarando a escuridão ao seu arredor. Sentia seu corpo dolorido e fraco, a conexão com Victor e com os lobos fôra bloqueada a impedindo de mandar um sinal ou até mesmo fazer uma pergunta.

A lâmpada ascendeu, iluminando a cela decadente que lhe abrigava. Olhou ao redor e arrependeu-se em seguida; o corpo de Georgina estava jogado no chão com uma estaca de prata enfiada no peito da loba.

— Fico feliz que tenha acordado.-Ouviu uma voz masculina, olhou para frente encontrando-o escorado na grade.— O lugar não é muito aconchegante, mas só preciso de algumas informações de você.

A quimera estalou o pescoço, colocando um sorriso pequeno no canto dos lábios.

— Bem, eu aceito um chá.

— Uma pena.-Ele riu.— Só tenho uma pergunta. Você é uma filha de Lilith, não?

S/n riu

— Agora eu reconheço a tatuagem.-A McCall fez um gesto de cabeça, apontando para a cruz tatuada no antebraço do homem.— Fanático religioso.

O homem travou a mandíbula, se desgrudou da grade e fez um gesto de cabeça. Um homem maior apareceu abrindo a fechadura da cela, S/n sorriu antes de receber um belo soco no estômago; a quimera gargalhou cuspindo sangue.

— Você se irrita tão rápido.-Ela riu.— Sabia que eu tinha liberado essa garota mais cedo? Ela era legal. Mesmo que tenha tentado me seduzir.

A McCall procurou algum sinal de Hope, mas nada. Nenhuma voz ou gemido de dor, apenas pingos de gota ecoando por toda parte do lugar — Aparentemente — subterrâneo.

— É.. você é o demônio.-O homem, aparentemente líder disse.— Semana passada eu lidei com uma igual a você, sem papas na língua. Acabou morrendo no processo de exorcismo, mas você não pode falhar! Eu não falharei com o senhor jesus!

— Jesus..?-S/n riu.— Ah, sim.. jesus.

Mais um soco e mais uma risada.

— Estenda ela com as correntes de prata, D.

— Jessé, não acho que seja uma boa ideia. A outra não resistiu.-D, o homem que a socava respondeu receoso.

S/n grunhiu irritada, seus olhos enfurecidos encararam o terceiro homem chegando com as correntes de prata. Outra, Outra, Outra. A mesma palavra ecoava em seu subconsciente, eles haviam matado outra filha de Lilith.

A prata queimou em sua pele, fazendo-a gritar.

— Lilith não ajudou a outra, assim como não ajudará você. Estamos em solo sagrado, demônios não tem forças aqui, sabe onde estamos? Não, claro que não.-Ele riu.— A primeira Igreja católica da região, queimamos bruxas e demônios aqui para lavar suas almas.

— Católicos, a praga da humanidade.-S/n murmurou.— Lilith não vem até mim, não por o solo ser sagrado. Mas porque eu venho a renegando.-Sua voz saiu baixa.— E acredite, não queimaram demônios ou bruxas, queimaram pessoas inteligentes o suficiente para não caírem em suas falsas palavras usando o nome do seu Deus. Eram humanos inocentes, idiotas.

— Cala a maldita boca, demônio!-Jessé esbravejou, jogando água benta na quimera.

S/n gargalhou

— Estava mesmo precisando de um banho.

"Pare de provocar, garota idiota" A voz de Zelofeade se exaltou em sua mente.

"Como ainda posso te ouvir? Esse maldito lugar está bloqueando a minha conexão com os meus lobos e o meu irmão "

"As vezes você é tão burra" Zelofeade disse e S/n a imaginou revirando os olhos.

"Eu estou dentro de você, idiota. Não há conexão para ser bloqueada"

"Isso é bom, então.. quer trocar?"

Zelofeade rosnou

"Gostaria, mas a prata está me enfraquecendo"

Distraída em uma conversa interna, S/n não pôde prever o golpe com a lâmina em sua costela, fazendo-a grunhir sentindo a ardência.

— Não estava escutando, demônio? Preciso que você esteja atenta para ser salva!-Jessé fez um gesto com a mão, e seus dois ajudantes puxaram as correntes, estendendo-a como um animal.

A quimera sequer teve tempo de raciocínio, sua visão apagou com um golpe na cabeça.

"Mantenha-na desacordada até o dia da santificação"

Foi a última coisa que ouviu

[...]

Sétimo dia

Hope marcou mais um dia sem receber notícias de sua noiva. O complexo Mikaelson estava um caos, vampiros, bruxas e lobisomens correndo de um lado para o outro em busca de informações e nada obtiverem em toda essa uma semana.

Uma semana que Hope gritava com todos, uma semana que não dormia e nem comia direito. Uma semana sem ver a mulher que ama e uma semana que os gêmeos não se animavam para nada além do vídeo de S/n que acidentalmente acharam na galeria do celular de Hope.

— Encomenda para você, Hope.-O homem adentrou o quarto de feitiços, colocando uma pequena caixa em cima da mesinha do canto.

Klaus que observava a filha em silêncio se levantou com o cenho franzido analisando a caixa de madeira com alguns detalhes feito a mão. Já tinha visto aqueles símbolos antes, mas não se lembrara no momento.

Izzy e Victor aproximaram-se curiosos, e torciam internamente que fosse algo que pudesse leva-los até S/n. Porém o grito estridente de Hope matou qualquer fio de esperança.

A aliança e o cordão de S/n estavam dentro da caixa, banhados de sangue e do lado uma carta.

Victor saiu do cômodo aos esbravejos, quebrando tudo em sua frente, Izzy apenas encarava os objetos, sua mandíbula era contraída e as lágrimas eram contidas.

Klaus abriu o papel que tanto lhe chamava

"Querido Klaus Mikaelson

É um prazer entrar em contato com você, mesmo que seja através de um papel e palavras escritas e não ditas pessoalmente.

Embora eu goste de um drama, não irei enrolar mais nenhum segundo para acabar com toda a sua esperança de levar sua aprendiz do diabo de volta para o seu lar. Ela está comigo agora, não sabe o prazer que é ouvi-la gritando, durante o sono ela chamava por uma Hope Mikaelson; imagine a minha surpresa ao ouvir esse sobrenome.

Você não sabe quem nós somos, mas nós sabemos quem vocês são.

Carter almeja vingança e eu almejava levar uma alma de volta para cristo! A garota estar morta.

Ass: Ninguém "

Klaus leu em voz alta, deixando o nome repugnante ecoar pelo cômodo sufocante pela dor.

Morta

A mãe dos seus filhos, a mulher que ama está morta.

Hope olhava para o pedaço de papel agora em suas mãos, suas pupilas se dilataram e voltaram ao normal. Ela sorriu limpando as lágrimas que escorriam por suas bochechas, o choro dos gêmeos não parecia incomoda-la, a tristeza já não a atormentava.

Toda a preocupação e culpa se foi.

Sua humanidade se desligou

The New Hope For Me  (2° E 3°TEMPORADA)Onde histórias criam vida. Descubra agora