𝐂𝐎𝐋𝐋𝐀𝐏𝐒𝐄, Emma Sano

𝑺 𝑰 𝑿

Alerta: Gatilho.

Estava sentada sobre a janela, com o sol refletindo diante de sua pele, enquanto lia um livro para a escola. O livro era muito simples, falava sobre a adolescência e como ela era na maioria da vezes.

Sobre como todos os adolescentes na sua idade era felizes, sobre como curtiam ela por se viver uma única vez. Festejar, viver, conhecer lugares, conhecer pessoas novas, se apaixonar, sexo, novas amizades.

Era um livro que se referia sobre a vida da maioria dos adolescentes, mas, por que nesses livros nunca contavam os lados ruins de se viver a adolescência?

Pensando isso olhando para o lado fora de sua janela, trocou o livro por um caderno e um lápis, começando a fazer sua redação sobre o livro, expressando na escrita o que se passava na sua mente.

Escrevendo os lados ruins que não se contavam no livro, porque só retratar os lados bons não era tão justo assim em sua mente.

Nem se quer deu o trabalho de terminar de ler aquele livro, após terminar sua atividade, desceu até a sala, vendo seus pais encarando a garota descendo as escadas.

Seu corpo gelou, um frio percorreu sua espinha fazendo seu corpo tremer de pavor. A última fez que viu isso acontecer, foi sua mãe segurando seu irmão enquanto  seu pai batia na irmã, Kazutora implorava para o mesmo parar mas não funcionava.

Seu corpo se recusou a continuar andando, com sua boca semiaberta e seus olhos arregalados, subiu as escadas na intenção de correr para seu quarto.

Seu coração se acelerou quase saltando para fora, quando sentiu a mão pesada de seu pai apertando seu braço. Olhou por cima dos ombros e recebeu um soco no olho.

ㅡ Como você ousa manter contado com seu irmão de novo. ㅡ trincou os dentes e fechou sua mão em punho, sua expressão era de raiva e ódio.

Um.

Dois.

Três.

Quatro. Foram quatro socos em seu rosto desprotegido, se recuou nas escadas encolhendo seu corpo abraçando seus joelhos.

Seu corpo estava mole, e sua cara ensanguentada, achando que não era o bastante seu pai começou a chuta-la sem parar, até não ter mais forças para se conter sentada e cair, rolando pelas escadas.

Não havia nada além de um borrão em sua visão, levantou sua cabeça com muita dor e encarou sua mãe que apenas olhava a cena cruel.

Sentindo nojo dos seus pais, se levantou caindo quase duas vezes, se colocou de pé vendo a trilha de sangue das escadas até onde estava, quanto sua cara como sua roupa estavam cheias de sangue.

Seu olho roxo e inchado pelo soco que levera de seu pai, além dos diversos hematomas roxos por seu corpo. Sua roupa havia um rasgado na manga espondo seus cortes.

Deu passos curtos indo até a saída, mas seu pai ainda não satisfeito pegou o seu braço machucado e torceu ele para o lado, emitindo um som de estalo, revelando seu braço torcido.

Mordeu o lábio exterior segurando um gemido de dor, seu lábio sangrou preenchendo sua boca com um gosto metal forte.

Aquilo sem dúvidas tinha sido o mais alto que seu pai a tinha batido, antes de soltar seu braço sussurrou perto de seu ouvido.

ㅡ Se você ver seu irmão de novo, ira receber o pior dessa surra ficando irreconhecível. ㅡ arquejou alto.

Soltou seu braço e a deu um empurrão até a porta, se manteve de pé e saiu de casa batendo a porta com força. Pegou sua bicicleta e saiu andando dali o mais rápido que pudesse.

Queria distância daquela casa, distância daquelas duas pessoas que eram seus pais. Pedalando sua bicicleta com um dor exalando por seu corpo enquanto ele pedia ajuda.

Os olhares deprimentes sobre a garota na rua a faziam pensar demais, sangue escorria pelo banco e correntes, suas correntes travaram pelo sangue nela.

Numa velocidade um pouco alta, sua bicicleta foi para frente junto com seu corpo, rolando ladeira abaixo. No meio disso sentiu uma dor horrível na sua perna direita, quando parou de rolar pelo asfalto parando em uma grama macia.

Olhou para sua perna que estava quebrada, uma agonia correu pelo corpo vendo sua perna dobrada para o lugar errada. Gemeu baixo pela dor deitando sua cabeça na grama.

"Você merece isso!"

"É mais que merecido você está assim, quase morta, se lembra da garota que quase matou?"

"Sua vida pela da garota que está em coma por sua causa"

"Ninguém, ninguém irá salvá-la"

Chorou baixinho pensando na dor que deve ter causado para a garota e sua família, chorou pela sua dor, chorou e chorou.

Chorou até desmaiar de dor, ia morrer, tinha a certeza disso, as vozes da sua cabeça estavam certas ela tinha que morrer, sua morte daria paz para todos.

Paz para ela! Um sorriso contraiu no seus lábios quando sua seus olhos se fecharam e apagou.

Mas não era seu fim naquele momento.

Acordou com uma luz forte batendo contra seus olhos, piscou várias vezes até ter a visão nítida de novo. Olhou ao redor vendo que estava viva e no hospital.

Sua cabeça estava doendo como se uma espada tivesse atravessado, seu corpo inteiro doía. Sua perna quebrada estava engessada, seu olho inchado que mal conseguiria abrir direto estava um pouco melhor.

Olhou para a poltrona na sua frente vendo Emma dormindo sentada nela, ficou surpresa por vê-la ali, afinal tinha sido ela que tinha a encontrado!?

Não soube o porquê de Emma estar ali, mas tinha ficado feliz em ver a garota. Se ajeitou na cama sem movimentos muitos bruscos, ouviu ela se mexendo na poltrona, fixou quieta, não querendo acorda-la.

Ficou meio sentada e deitada na cama observando a garota dormindo com uma bolsa no seu colo, viu o calendário do seu lado, só pode perceber que tinha já se passado cinco dias.

Ficou nervosa vendo que seus cortes nos braços estavam expostos pela roupa do hospital, xingou baixo, jogou seu pescoço para trás pensando no quanto isso poderia dar problemas.

Seu olhar voltou para Emma vendo que ela tinha acordado...

Continua...