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As duas entraram no ônibus depois de todos já terem entrado, Emma fez questão de sentar ao seu lado para que você não se sentisse desconfortável ou descolada no meio de tanta gente.

A viagem iria durar algumas horas, pegou um livro em sua mochila e começou a ler, não pode deixar passar a paisagem do lado de fora da janela, se estivesse certa saberia para onde estavam indo.

ㅡ Sobre o que é o livro?

Emma perguntou atenta ao o que estava em suas mãos, apoio seu queixo em seu ombro com os olhos vidrados nas pequenas letras escritas do livro.

ㅡ Um reino de fadas, onde a protagonista é humana, e obssecada por poder. Tem um feérico que a odeia, com um rabo.

ㅡ Um rabo?

ㅡ Achei esse detalhe interessante. ㅡ rindo baixo e continuo falando ㅡ Mas o feérico escreveu o nome dela várias vezes em um papel, acho isso... Desculpa, estou falando de mais.

Um pequeno sorriso que havia em seus lábios sumiu, abaixou a cabeça e voltou a expressão seria. Tinha lembrado de como sua opinião era calada por seus pais. Ou de quando contava algo animada para eles, e eles nem ligavam.

ㅡ Gosto de ouvir você falar, pode continuar, gostei da história.

Emma levantou seu olhar pro seu queixo, olhou de canto para ela, seus olhos ficaram se encarando por minutos. Só perceberam que estava assim quando o ônibus freío e as duas foram para frente, batendo a cara no banco à frente delas.

ㅡ Vamos tacar o terror! Chegamos meus amigos! ㅡ Nariyuu disse e todos menos as duas gritaram.

ㅡ Ai ai "meus amigos", hm seboso. ㅡ imitou ele e sua voz revirando os olhos.

As duas se levantaram e pegaram suas mochilas, quando desceram do ônibus, olhou pro cima dos ombros quando Emma perguntou.

ㅡ Achei que você e Nariyuu fossem amigos, afinal, era ele aquele dia na cafeteria.

Mordeu sua língua por dentro da boca e engoliu a seco. Era verdade, o garoto no qual encontrou aquele dia era Nariyuu, o mesmo garoto irmão da garota quase morta por suas mãos.

ㅡ Nenhum deles são meus amigos. Eu só vim aqui porque vi felicidade em seus olhos, e se isso te deixa feliz, me deixa também.

Disse sem pensar e logo saiu andando, Emma arregalou seus olhos e deu um sorriso disfarçado. Eles teriam que ficar em barracas, então ficaram as duas dividindo a mesma, retirou a que estava na mochila de Emma e começaram a montar.

No meio da montagem, ela perguntou:

ㅡ Você nunca teve amigos?

S/n ficou parada sem saber o que responder com essa pergunta repentina, abaixou o olhar para a terra marrom em sua calça. O céu parecia que iria chover, estava nublado com as nuvens cinzas.

ㅡ Eu tinha... Mas, ela não está mais comigo. ㅡ disse firme, respirou fundo relembrando das lembranças de sua antiga amiga.

ㅡ O que aconteceu?

ㅡ Ela morreu.

Pingos de chuva começaram a cair depois daquela resposta, as duas terminaram de montar a barraca rapidamente enquanto Emma ficava pedindo desculpas. Estavam aliviadas por a barraca ser contra a chuva.

Entraram dentro da barraca e ambas abraçaram seus joelhos, o barulho da chuva e o cheiro de terra molhada fizeram S/n relembra do passado. Apertou seus olhos afastando as lembranças.

ㅡ Foi a um anos e meio atrás, nesse mesmo lugar, no mesmo acampamento sugerido por Nariyuu. ㅡ cravou as unhas na palma de sua mão ㅡ Seu nome era Cathe...

ㅡ Não precisa contar se não quiser, tá tudo bem. ㅡ colocou sua mão em seu ombro o alisando.

ㅡ Eu quero contar, quero poder falar que não sou o único monstro aqui!

Ódio era nítido em seu rosto, suas unhas estavam tão profundas contra sua pele que  começou a arder.

ㅡ No último dia em que iríamos ficar aqui, ela me chamou para ver a cachoeira que possuiu atrás da floresta. Ela me confirmou o que eu tinha quase certeza que acontecia.

Aquelas palavras estava confusas para Emma, mas ela não a interrompeu nem a questionou, deixou S/n terminar de contar ouvindo atenciosamente. Lágrimas encheram em seus olhos, mas se recusava a deixar uma de quer cair, chorar era uma fraqueza para ela, a fazia a sentir fraca e inútil.

ㅡ Ela se suicíd0u, bem na minha frente. Ela teve coragem de pular, teve coragem de deixar sua vida por causa daqueles desgraçados.

Mordeu os lábios evitando que a dor e ódio que ela sentia se transformasse em palavras.

Não foi fácil ver a única amiga que teve em toda sua vida, se jogando daquela cachoeira bem em sua frente. Ela se culpava por nunca ter percebido isso, por não ter conseguido a ajuda. Mas para tudo se encaixar, vamos voltar para 4 anos atrás.

Ela estava sozinha no canto da sala, mas, dessa vez, não era você como o de costume, era Cathe. Cathe era a novata na escola, não tinha amigos, tinha dificuldade em se enturmar. Ela era um cordeiro no meio de leões famintos.

A franja de seus cabelos loiros tampava seu olho esquerdo, seus olhos azuis-cinzentos olhavam seus colegas brincando de pega-pega, enquanto a mesma ficava escorada em uma árvore. Levou um susto colocando a mão no peito quando S/n apareceu pendurada com as pernas no galho da árvore.

ㅡ Tá sozinha aí por quê? ㅡ perguntou curiosa descendo da árvore e sentando do lado da garota.

ㅡ Eu não conheço ninguém daqui... Não sou boa em me enturmar. ㅡ arrumou o óculos em nariz.

ㅡ Hoje é seu dia de sorte, estávamos no mesmo barco.

Pegou o óculos de Cathe e colocou em seu rosto cruzando os braços. Olhou para Cathe que estava com os olhos arregalados.

ㅡ S/n Hanemiya.

ㅡ Cathe Haia. ㅡ pegou seu óculos de volta e olhou para você ㅡ Você é irmã de Kazutora, certo?

ㅡ É né, não tive muita escolha disso. Você o conhece?

Cathe ficou vermelha com a pergunta e desviou o olhar colocando uma mecha de seu cabelo atrás da orelha.

ㅡ Não acredito, você o conhece e ainda gosta dele. Cara, você tem um péssimo gosto.

S/n riu colocando a mão em sua barriga, Cathe ficava a balanço mandando a mesma falar a boca. No meio disso, seus cabelos balançaram revelando o que tinha atrás de sua franja, era uma mancha brava que cobria seu olho da pálpebra até um canto da bochecha.

Cathe desperada tampo seu olho com a mão, e afirmou que aquilo não passava de uma mancha de nascença, e teve que mudar de várias escolar por conta do bullying que sofria, e nessa escola não foi diferente.

ㅡ Se eu ver alguém mechendo com você por causa disso, eu vou atrás da pessoa até o inferno se precisar. Você não merece passar por isso.

As duas sorriram, não precisou de muito para as duas virarem amigas, mas nem tudo era flores. Após contar isso para Emma, ela a abraçou, abraçou até pegarem no sono. Mas isso não tinha sido o fim da história, estava mais para o começo...



Continua...

Feliz Natal adiantando! Postando agora pq sábado é Natal, beijo em vocês, e espero que estejam gostando >3

𝐂𝐎𝐋𝐋𝐀𝐏𝐒𝐄, Emma SanoOnde histórias criam vida. Descubra agora