Prólogo - Escape

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Kim Senri correu o máximo que pôde pelo porto de Incheon antes de se permitir parar pra respirar. Com o filho nos braços, só conseguia pensar em chegar ao navio. Tinha que chegar em água internacionais. Precisava! A vida do seu filho dependia disso.

Um ômega. Seu filho era um ômega.

Nunca pensou sobre destino, ou algum poder superior, mas depois da noite que tivera, com certeza achava que estava sendo punida.

Não deixaria jamais, seu filho passar pelo que a mesma havia passado. Quando a família descobriu que a filha era uma ômega, foram obrigados a mandá-la para o Domínio.

O Domínio nada mais era do que um local de adestramento. A função era criar o ômega perfeito para cada alfa. Eram ensinados, domesticados e exibidos como um pedaço de carne numa prateleira.
Senri lembrava-se de cada minuto passado naquele lugar cruel. De todo o tipo de violência que presenciou e suportou.  

Depois de parar um pouco pra respirar, ajustou o cobertor do filho, que choramingou. Um sonzinho doído de quem sentia frio. 

Sentia seu lobo ganindo dentro de si, mas precisava ser forte. E seria!
Abriu a mochila que carregava e jogou a maior parte do que havia dentro num canto qualquer. Abriu a manta e colocou o filho dentro da mochila, imitando um canguru. Segurava a mochila de forma firme no colo, por causa das alças folgadas. Estava em pânico.

Depois de chegar ao local onde havia combinado com o Beta que a colocaria no navio, se permitiu finalmente sentar e tentar acalmar a mente.

Não choraria. Jinnie precisava dela. Tinha que ser forte pelo seu bebê.

Olhou para o rosto do bebê e viu a íris castanha, quase negra mudar para um tom acinzentado. Sabia que o filho estava assustado. Ela também estava.

Quase uma hora havia se passado, e Senri já havia desistido. O beta não apareceria e não sabia o que fazer. Já tinha tentado sair da cidade, mas precisava de uma documentação de liberação, que nunca conseguiria por ser ômega.
Tentava cantarolar para o seu filhote que chorava de medo e frio. Estava desesperada.
Começou a andar depressa, sentindo o frio em seus ossos. Não tardaria a chagar a primeira neve.

Depois de algumas horas andando, chegou à uma estrada secundária. Não sabia quanto tempo havia passado exatamente, mas suas pernas tremiam. Sentiu que cederia a qualquer momento. Precisava chegar até Seul.

Não sabia a extensão do poder do Domínio, mas sabia que na capital era diferente. Sua família tinha amigos lá. Eles a ajudariam. Um destino tão perto, mas ao mesmo tempo tão longe... 

Não sabia como lugares vizinhos poderiam ter realidades tão distintas. Mas sabia que o problema não era o lugar. E sim o clã que comandava aquela cidade.

Senri vinha de um pequeno clã nômade, mas que residia em Seul. Seus pais foram para Incheon, depois que o pai recebeu uma comenda, mas não sabiam que mesmo não sendo residentes da cidade, estariam sujeitos ao Domínio.

Estava divagando. Sabia disso. Talvez fosse o frio. Ou a fome. Ou talvez seu lobo tivesse desistido.

Já era noite quando as pernas finalmente cederam. Sabia que tinha perdido tempo demais no porto. Sabia que não podia confiar naquele beta. Sabia que se seu filhote morresse ou fosse capturado, seria sua culpa. E naquele momento, rezou desesperadamente para um poder superior salvar o seu filhote...

Perto dali um casal passava de carro. Estavam finalmente indo visitar a família. Eles não tinham restrição para viajar entre as cidades, até porque eram betas e idosos.

Logo perceberam que tinha algo errado... Sentiram o cheiro adocicado antes mesmo de ouvirem o choro. O motorista parou no acostamento, daquela estrada que ficava bem escondida e encontraram o bebê que chorava sem o amparo e o calor de sua omma.
A mulher pegou a criança no colo e tentava acordar a ômega que estava caída, então percebeu que a mesma sussurrava, quase sem forças. Quase sem vida. "Salvem meu Jinnie. Salvem meu Seokjin.." 


🐺



Notas Finais: Domínio - O domínio é uma instituição religiosa e paramilitar. Ou seja, ela começou como um tipo de milícia com o intuito de "programar" as ações e respostas dos ômegas para cada situação, visando a subserviência. Por isso, muitos ômegas são tratados de certa forma como escravos. E isso inclui crianças, mas têm preferências por adolescentes e jovens adultos. Usando tortura psicológica principalmente.



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😘

I'm Your Alfa  [NamJin] A/B/OOnde histórias criam vida. Descubra agora