O UNIVERSO DO PALHAÇO

1K 177 23
                                    

Capítulo 22 – O UNIVERSO DO PALHAÇO

Eu nunca corri três quadras tão rápido como hoje. Parece que meu coração tá saltando pra fora. Caralho, nos livros parece que correr atrás do amor da gente é tão fácil. Eu nem sou tão sedentário assim, puta que pariu.

Tá doendo debaixo da costela, caralho, preciso sentar. Ah, vou andando mesmo, nem sei onde ele tá e mesmo se eu soubesse, o que eu vou dizer pra ele? Me ame, porque eu te amo e vou te meter o socão se você continuar de graça, não me parece uma boa opção. Sem falar que ele é todo romântico e eu todo errado.

Preciso fazer da forma certa, pra no final a gente acabar no chamego e não no soco, mas guarde essa opção, nunca se sabe. Como eu não percebi antes que toda essa merda tava acontecendo, desocupado? Também tu é mor inútil, né? Pra me fazer ver ele me traindo, tu serviu, aí pra ver que o palhaço é sequelado, aí o bonito não me ajuda. Você é um filho da puta mesmo. Se fude viu.

Acho que vou passar primeiro no meu trailer. Eu to de moletom, não quero me declarar assim, mesmo porque, acho que se o Jun me vir nessa situação, ele que não vai querer.

A noite tá tão bonita hoje, todo mundo já deve estar dormindo. Aqui tá tão vazio e silencioso. Credo. Olhar o céu todo estrelado assim, me dá uma paz interior. "A vida é curta demais para se ter limites, Jimin." É, eu sei, mãe. Eu sei.

Você não sabia da metade dos problemas que eu iria ter, mas mesmo assim, me deu o melhor conselhos de todos. Não sei se isso é o instinto materno ou se eu sou só um sortudo de merda, mas eu gosto de pensar que você seria boa nisso, sabe, esse negócio de ser mãe.

– Jun? – Sussurrei. Ué. Eu pretendia pelo menos trocar de roupa antes, o que ele tá fazendo no meu trailer. Ele está deitado, em frente a minha porta, olhando para o céu. Com um braço debaixo da cabeça e uma expressão branca, quase como se ele não estivesse pensando em nada. – O que se tá fazendo? – Eu disse colocando minha cabeça em cima da dele. – Aí, filho da puta. – Eu resmunguei esfregando a testa, quando no susto ele pulou e bateu a cabeça dele na minha.

– Jimin. Porra. – Ele reclamou também esfregando onde doía enquanto se ajoelhava na grama, ficando de joelhos como eu. Pelo menos não era no coração, já é um começo. – O que tá fazendo aqui? Pensei que iria demorar.

– Por que eu demoraria? Não preciso de mais do que cinco minutos pra mandar alguém pro inferno e voltar. – Dei de ombros. – Meu erro, foi ter andado três quadras pra isso. Eu podia ter feito isso daqui.

– Do que você tá falando? – Ele parecia confuso e eu deixei minha cabeça cair de lado, não conseguindo evitar o sorriso que eu estou segurando.

– Eu te amo, Jun. – Foi o que transbordou do meu coração. – Você me ensinou o que é amor e eu não sei o que você tá esperando ou o que te impede, mas eu te amo. E isso é tudo o que eu tenho. – Ele me encarava com uma carinha linda de surpresa, parecendo analisar a situação com calma.

– Conte os dedos. – Foi o que ele mandou, com uma voz autoritária que me arrepiou todo.

– Eu to aqui, Jun. – Eu disse rindo, mas ele negou com a cabeça.

– Conte a porra dos dedos, Jimin. – Eu neguei rindo bobo e ele parecia ficar ainda mais nervoso. – Eu estou prestes a fazer uma loucura. – Disse como se fosse doloroso se conter naquele momento. – Conte a porra dos dedos. – Disse pausadamente e eu suspirei, levantando minhas mãos na altura dos nossos rostos.

– Um. – Eu disse, meu olhar não está nas minhas mãos, porque eu tenho certeza do que estou falando, mas se ele precisa disso, eu vou contar quantas vezes for necessário. – Dez. – Eu mal tive tempo de terminar de falar e ele já estava em cima de mim. Eu revirei os olhos, feliz da vida por poder beijar ele novamente.

THE AMAZING CIRCUS | VERSÃO ALTERNATIVA | JIKOOKOnde histórias criam vida. Descubra agora