A PRAIA DO PALHAÇO

1.1K 204 33
                                    

Capítulo 17 – A PRAIA DO PALHAÇO

Eu nunca tinha observado o nascer do sol daquele jeito, no horizonte, enquanto ele beija o mar. O dia ainda não começou, não oficialmente, já que o sol ainda não saiu totalmente, mas prometia ser um dia lindo.

Eu espero que sim. Jin havia feito uma cesta cheia de besteiras pra gente beliscar durante o dia e que Namjoon nem sonhe com isso, mas hoje eu vou passar longe de todas as frutas e vegetais.

Hoseok emprestou a caminhonete e foi um tanto surpreendente saber que mesmo sem carteira, Jungkook sabe dirigir o suficiente para nos trazer até a praia em segurança.

Ela está vazia. Talvez por ser muito cedo ou por estar um pouco frio. Eu não vou bancar o puritano, espero que continue assim. Ainda estamos dentro da caminhonete, ele está me olhando pelo canto do olho, como se tentasse gravar o momento e eu tenho um sorriso débil no meu rosto, porque é meio difícil segurar.

Eu estou feliz, desocupado. Você viu, melhor do que ninguém, o quão difícil tem sido ter momentos assim com ele e eu realmente quero mais desses momentos, mesmo que fosse apenas ter os olhos dele em mim, já me parece bom o suficiente.

Eu quero um dia de folga. Sem confusões, complicações, problemas e neuras. Apenas nós dois, como nunca estivemos antes. Quero paz, sem brigas ou implicâncias, apenas os dois, na sua melhor essência, para que assim possamos ter certeza de quem somos e como nos sentimos. É o nosso momento.

– Você não vai descer? – Ele questionou com um sorriso tímido.

– Você não vai? – Devolvi a pergunta arteiro e ele riu. – Jun, estamos fugindo hoje, certo? – Ele pareceu pensar no caso, mas logo concordou.

– Eu acho que é uma forma de pensar.

– Então só por hoje, seremos quem quisermos ser. – Ele ficou em silêncio. – Só por hoje, eu sou uma pessoa normal. – O nó se formou na minha garganta. – Só por hoje, não existem vozes ou alucinações. Só você e eu. Pessoas normais.

– Pessoas normais. – Ele confirmou com um sorriso carinhoso. – Você acha que consegue? Acho que as vozes na sua cabeça são os menores dos seus problemas. – Ele disse com um tom de brincadeira, que me fez rir e concordar.

E naquele momento eu notei que esse é o talento dele e o que ele tem feito a vida inteira, o que me faz odiar e o amar ao mesmo tempo. O fato de que sempre que eu me sinto triste e pra baixo, ele me faz rir. Mesmo com piadas maldosas sobre minha própria desgraça, ainda me faz parar de pensar na dor e focar em bater nele.

– Talvez você tenha razão, mas só por hoje, eu não tenho problema nenhum, além de você. – E com isso, eu abri a porta e corri pra fora sentindo o vento gelado no rosto e a areia nos meus dedos. Não preciso virar para trás pra saber que ele tinha descido e está me seguindo, mas me surpreendi ao ter seus braços em volta da minha cintura. – Isso é gostoso. – Eu disse abraçando seus braços, os firmando ao meu redor, me afundando contra seu peito e deitando minha cabeça no seu ombro.

Eu sonhei minha vida inteira com isso. – Ele sussurrou me apertando. – Sempre pensei em como seria se você me amasse de volta, mas no fundo eu sabia que isso nunca iria acontecer de verdade. – Seu sussurro carregava dor e me fez rodar em seus braços, para poder olhar em seus olhos.

– Por que não?

– Porque é irreal, Jimin. – Ele disse com um sorriso triste, como se fosse lógico e só eu não entendesse o porquê. – Você sempre fugiu de mim. E quando o Arthur chegou e você começou a correr atrás dele, meio que fez sentido. Ele é um Lúpus e você um ômega. Pode te dar mais do que eu jamais vou poder. Eu me conformei que meu sonho era só isso, um sonho. – Seus olhos ficaram molhados e eu me senti mole. – Eu prefiro ter você de longe do que não ter.

THE AMAZING CIRCUS | VERSÃO ALTERNATIVA | JIKOOKOnde histórias criam vida. Descubra agora