67. A espada

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Severus e Hermione não se falaram na semana seguinte. Hermione ficava no sofá sempre que sucumbia ao sono.

Severus sabia que o casamento deles iria se desfazer na primeira oportunidade. Que se dane aquela parte dele, lá no fundo, que se perguntava se eles poderiam continuar casados caso ele conseguisse chegar vivo ao outro lado deste ano.

É claro que ela iria querer ficar o mais longe possível de um assassino. De um Comensal da Morte. A bruxa tinha todo o direito de querer que ele fosse exterminado.

Mas seu sangue ferveu quando ele finalmente ficou cara a cara com a varinha dela, e seus olhos castanhos estavam prontos para esfolá-lo vivo apenas com o olhar.

Era uma noite inócua de quinta-feira quando ele voltou para o quarto deles. E ela estava em frente à escrivaninha dele, com a varinha apontada para sua garganta.

— Estou aqui — disse ela, com a voz vibrando, — para não estragar minha magia. E nada mais. — Ela endireitou a mira. — Não se aproxime de mim.

— Você está realmente presa aqui — disse ele, não mais alto do que um sussurro, — e você se atreve a me ameaçar?

Ela não recuou nem um pouco.

Severus não pretendia dizer aquilo. Ele fechou os olhos com força, tentando separar os sentimentos que fervilhavam em seu cérebro dos fatos: 1. Ele não tinha necessidade de dar força a Hermione. 2. Ele não a odiava. Já não a odiava há alguns meses. 3. Era possível que ela se voltasse contra ele, após o assassinato de Albus - mas ele esperava que não.

Quando ele abriu os olhos novamente, viu o medalhão amarelo de Salazar Slytherin pendurado no pescoço dela.

— Por que você está usando isso? — ele disse, claramente calmo.

Ela colocou a mão no medalhão e recuou. — Se eu o estou usando, você não o tem.

O maldito medalhão poderia estar fazendo isso com eles? O miasma que pairava sobre as salas não era Hermione amuada - era a alma miserável do Lorde das Trevas os enredando.

Mesmo agora, as gavinhas de seu ódio batiam nas paredes de Oclumência que Severus erguia.

— Eu sei como destruí-la.

Ela zombou. — Aposto que você sabe. — Ela recuou mais um passo. — Momento conveniente, querido.

— Mas não posso dar a você.

Hermione ergueu as mãos. — Claro que não! — Ela apontou a varinha para a testa dele. — Você não gostaria que eu machucasse seu mestre, não é?

As barreiras que compartimentavam seus pensamentos se romperam. A rachadura se espalhou por seu cérebro e ele não conseguiu detê-la.

— Cale sua boca — ele sibilou. Porra, será que ela poderia ficar quieta?

— Ou o quê? — ela rebateu. — Você vai me mandar para a Mansão Malfoy? Pegar minha recompensa e levar Alecto para passear pela cidade?

— Pelo menos assim eu finalmente teria um pouco de paz e tranquilidade. — Os dois rondaram uma arena invisível.

Quando ela soltou o medalhão, Severus jurou ter visto uma sombra negra se agarrar à mão dela antes de se dissipar.

— Você é um bastardo — sussurrou ela. — Eu deveria ter deixado você ser levado para Azkaban quando seu tempo se esgotou.

— Não imagino que seria menos sugador de almas do que estar algemado a você.

Um raio de luz saiu de sua varinha. Severus o rechaçou sem hesitar. O sofá se quebrou em pedaços com a força do hexágono que o atingiu.

Lives Intertwined | SevmioneOnde histórias criam vida. Descubra agora