16.

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BORIS PAVLIKOVSKY,
narrativa.

Normalmente, as aulas de literatura tendem ser mais interessantes, mas não sempre, é claro. Bom, hoje é o dia de "não sempre", a professora hoje resolveu prestar atenção na minha existência e começou a pegar mais no meu pé do que nunca.

Eu estava lendo um livro que havia trazido de casa, enquanto uma discussão que não me dei o trabalho de escutar acontecia na sala. Não dei mesmo, porque eu não havia percebido que essa discussão já havia terminado e agora a professora estava chamando a atenção de todos comunicando que iria passar um trabalho.

Em dupla. Que valeria nota.

Bufo, fechando o livro em seguida.

Eu me considero uma pessoa difícil de socializar com pessoas que não tenho intimidade, e é realmente difícil para mim na hora de apresentar trabalhos, nas rodas de conversa ou trabalhos em grupo. Sempre acabo fazendo trabalhos em dupla sozinho quando não tenho aula com meus amigos.

Sei que deveria tentar, mas as vezes sou um bundão paranóico, então prefiro ficar na minha, afinal, a professora não se importa mesmo.

— Professora, posso fazer sozinho? - Ergo a mão já seguindo com a pergunta, já há espera de um: "Claro, Boris".

— Não, Boris - Recebi.

Abro a boca surpreso, mas fecho novamente tentando formular alguma frase.

— Mas eu sempre fiz sozinho, qual é o problema?

— O problema é que quero que comece a se enturmar com os alunos, pode ser? Ache sua dupla.

Não, não pode ser. Penso.

Observo os outros alunos perambulando pela sala a procura de sua dupla da minha carteira, creio que alguém venha me chamar, não?
Não. Ao decorrer dos anos que estudei aqui, sempre foi assim, eu esperava alguém chegar em mim e acabava sozinho ou sem nota. Não vai ser diferente agora.

— Oi, Boris - A voz feminina totalmente conhecida chama minha atenção. Ergo a cabeça de imediato, S/n Collins.

Eu havia esquecido totalmente que ela fazia literatura comigo! Depois do acontecimento no intervalo, acho que fiquei distraído.

— Ah, oi S/n - sorrio sem mostrar os dentes, tentando não parecer surpreso, mas sem sucesso. — Eu... eu havia me esquecido que tenho literatura com você, foi mal - rio sem graça.

— Sem problemas - dá de ombros, com uma expressão tranquila. — Bem, estou aqui pra saber se você quer ser minha dupla... sabe.

Eu estava com um semblante tranquilo por fora, mas por dentro estava sorrindo, definitivamente.

— E como você sabe que não tenho dupla? - Questiono, cruzando os braços em um sorriso brincalhão.

— Bem, porque você está sozinho - Responde, no mesmo tom sarcástico que o meu.

— Ouch! - Ela ri.

— E então?

— Não sei... estou em dúvida, afinal, não gosto muito de você, né - Digo, irônico,  olhando para o teto.

Recebo um tapa no ombro e gargalho com a garota ficando irritada.

Eu fiquei feliz com o convite e obviamente aceitaria.

— Está bem, quero ser sua dupla.

Ela sorri.
— Ótimo. Legal.

— É. Legal.

Realmente era legal. Tirando a parte de imaginar em levar alguém para casa no estado que meu pai se encontra.

— Ei, será que podemos fazer na sua casa? - Questiono, implorando para que ela diga sim. — Tá meio difícil levar gente lá pra casa.

— Claro, pode ser.

Suspirei aliviado.

— Enfim, qualquer coisa você me manda mensagem para combinarmos um dia, beleza? - Começa a dizer, indicando que iria para sua carteira.

Asssenti com a cabeça antes de s
S/n ir para sua carteira, que ao perceber, era bem longe da minha.

O sinal toca em seguida e indica a troca de aula. Logo, os alunos começaram a sair das salas para pegarem seus livros e baterem um papo rapidamente com seus amigos, escolhi a segunda opção primeiro.

library girl,  BORIS PAVLIKOVSKYOnde histórias criam vida. Descubra agora