05. Incerteza

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Dia após dia, semana após semana se arrastavam, e Hermione e Draco ainda estavam sozinhos no deserto. Hermione havia perdido a noção dos dias. Ela se lembrava vagamente de ter se perguntado uma noite, enquanto ela e Draco tentavam dormir, se seria primeiro de setembro. Ela refletiu sobre como seria sua vida agora se Dumbledore não tivesse sido morto e se Voldemort não tivesse assumido o Ministério. Ela teria voltado para Hogwarts. Ela teria se sentado com seus dois melhores amigos no expresso de Hogwarts e comido os doces do carrinho. Ela não conseguia se lembrar do sabor dos doces, nem do rosto ou nome da mulher que os vendia. Ela não conseguia se lembrar da sensação de um abraço caloroso de seus amigos. Com uma guinada dolorosa, ela percebeu que nem tinha certeza se eles estavam vivos.

Eles não tinham ouvido notícias de ninguém da Ordem ou de Harry e Ron que, Hermione tinha certeza, se estivessem vivos, provavelmente estariam em uma situação semelhante à dela e de Draco. Ela suspeitava que Harry, pelo menos, ainda estivesse vivo. Ela tinha certeza de que eles saberiam se Voldemort o tivesse matado. Isso não significava que Ron estava vivo. Sem Ron, o mundo bruxo talvez não fosse tão diferente. Tudo continuaria girando normalmente. Mas não para Hermione.

A ideia de perder Ron trouxe lágrimas rapidamente aos seus olhos. Ela pode nunca mais olhar para seus gentis olhos azuis, ou ter uma discussão inútil com ele, ou receber um de seus abraços calorosos e apertados. Ela chorou baixinho.

Ela ouviu Draco se virar em sua cama e abriu os olhos para vê-lo se inclinar um pouco e olhar para ela.

— Ei, você está... — ele começou.

Mas Hermione simplesmente se virou na cama e chorou até dormir, sem se importar que ele soubesse que ela estava chorando.

.

Na manhã seguinte, Hermione acordou antes de Draco. Ela ainda estava se sentindo infeliz enquanto arrumava seu beliche e dava alguns passos até a área da cozinha. Ela tomou um café da manhã rápido e chato, antes de abrir um livro. Ela tentou afastar sua melancolia, mas ainda sentia uma escuridão pairando sobre ela como um Dementador pairando por perto.

O pensamento dos Dementadores lhe deu uma ideia. Ela puxou sua varinha e conjurou um patrono. Foram necessárias algumas tentativas, pois as lembranças felizes eram escassas atualmente, mas ela finalmente conseguiu produzir uma pequena lontra. Ele explodiu de sua varinha e correu em um círculo feliz ao redor da tenda antes de pousar a seus pés.

Seus efeitos foram imediatos e ela descobriu que se sentia melhor. O peso que se instalou em seu coração nos últimos meses parecia ter se dissipado.

— Que diabo é isso?

Hermione pulou ao ouvir a voz de Draco, e seu Patrono tremeluziu, mas não desapareceu.

— É meu Patrono — ela explicou brevemente, voltando para seu livro.

— Não há nenhum Dementador aqui, por que você o conjurou? — ele perguntou, levantando-se do beliche para caminhar hesitantemente até a mesa. A lontra prateada levantou a cabeça quando ele se aproximou, mas não demonstrou muito interesse nele.

— Ele afasta energias e sentimentos negativos. Fiquei um pouco desanimada, então pensei que poderia ajudar — explicou ela.

— Eu poderia ter usado um desses no ano passado — Draco disse levianamente.

— Qual é a sua forma de Patrono? — ela perguntou em tom de conversa.

— Eu não sei — ele respondeu bruscamente, enchendo a chaleira com água e acendendo o fogo embaixo dela com sua varinha.

— Você nunca produziu um Patrono corpóreo antes? — ela perguntou surpresa.

Ele ficou um pouco rígido, um rubor rosa subindo por seu pescoço.

Resistance | DramioneOnde histórias criam vida. Descubra agora