Quando voltamos para casa — casa do Jungkook —, a mãe dele surtou de amor pelo Yeontan. Sim, nós escolhemos um nome para o cachorrinho já que ninguém estava procurando-o. O cachorro amou tanto a dona Sunhee, que não queria largar ela. Então eu e Jungkook deixamos eles na sala e subimos para o quarto dele.
— Qual sua casa de Hogwarts? — perguntei, assim que olhei para as paredes e vi de novo algumas coisas de Harry Potter.
— Sou Corvinal. — disse, dando um sorrisinho. Revirei os olhos, porque era bem a cara dele. — E a sua?
— Lufa-Lufa. — murmurei, e ele riu. — Ei! Não debocha da minha casa! — reclamei, indo até ele, que estava jogado na cama, e lhe dando um tapa fraco no abdômen.
Ele acabou segurando meu braço, me puxando para cima dele. Gargalhamos.
— Eu não debochei, só ri porque combina muito com você. — falou, se arrumando na cama, para me dar espaço para me ajeitar.
— Por que você acha que combina? — perguntei, deitando de lado e ficando de frente para ele.
— Porque você dá tudo de si em tudo que faz, e quando vão te elogiar você é tão modesto. — ele riu fraquinho. — Porque você aceita à todos como são, e é tão leal aos seus amigos, mesmo que sejam poucos, você está sempre disposto a ajudar. — terminou ele, me olhando de um jeito fofo que me fez sorrir.
— Bom, — comecei, meio tímido — obrigado. Você está me fazendo acostumar com elogios. — falei, como se estivesse brigando com ele, mas só pelo sorriso que eu sustentava no rosto, estava claro que era brincadeira.
— Você só merece escutar coisas boas e verdadeiras à todo momento. — murmurou, também com um sorriso no rosto.
— Aish! — me virei de barriga para cima para ele não conseguir me ver com as bochechas vermelhas. — Você também é realmente um completo corvino. — falei.
— Ah, é? Por que? — perguntou, me encarando como se me desafiasse a falar.
— Você é tão mente aberta, diz o que pensa e não tem medo de ser quem é. Tem um humor próprio e enxerga o mundo de um jeito único. — falei, tendo plena certeza de que tudo que eu estava falando era correto. Apesar de nos conhecermos à três semanas, acho que nos conhecemos mais do que qualquer um. — E óbvio, é super inteligente. — terminei, revirando os olhos, porque esse último, era um fato em qualquer corvino.
— Realmente, acho que você me descreveu. — disse rindo e acabei rindo junto.
— Nos conhecemos bem demais em tão pouco tempo, isso é meio assustador. — comentei baixinho.
— Não acho que seja. Relações se fazem com o sentimento que um tem pelo outro, e sentir não é sobre tempo, é algo incontrolável. — falou, no mesmo tom que eu.
— Você está certo. — respondi, me virando para ele novamente, respirando fundo pela proximidade que estávamos.
— Eu estou sempre certo. — disse, se exibindo com um sorrisinho sarcástico no rosto.
— A modéstia só eu tenho mesmo. — falei, rindo baixinho.
— Ainda bem que você sabe. — respondeu, mordendo o lábio inferior.
— Chato! — murmurei, porque nem conseguia pensar direito com a sua respiração se misturando com a minha.
— Que nada, você me ama. — meu coração, por algum motivo inexplicável, errou uma batida com essa brincadeira que ele fez. E antes que eu pudesse responder algo, ele continuou: — Vamos dormir um pouco, você deve estar cansado. — murmurou, já me puxando para deitar no seu peito, e eu fui, porque pegar no sono ouvindo as batidas do coração do Jungkook, era uma das minhas coisas favoritas no mundo.
[...]
Acordei com meu telefone tocando. Abri meus olhos devagar, olhei para a janela, e percebi que o céu ainda estava escuro. Jungkook resmungou algo, provavelmente por causa do som do meu telefone, e rapidamente o atendi.
— Alô? — saiu em tom de pergunta, porque eu não tinha olhado antes para saber quem era.
— Oi, filho. — escutei minha mãe dizer. Instintivamente senti um aperto no peito, engoli a seco.
— Só um minuto. — murmurei, enquanto me levantava devagar na cama, vendo Jungkook se agarrar à um travesseiro. Saí do quarto tentando fazer silêncio e andei em direção à sala. — Pode falar. — falei, ainda mantendo meu tom de voz baixo, para não acordar ninguém.
— Como você está? — perguntou ela. Não sei se ela estava fazendo a pergunta por obrigação ou porque realmente se importava.
— Bem. — me contentei em dizer.
Um silêncio se fez por um minuto na linha.
— Eu estava preocupada, seu pai me ligou dizendo... algumas coisas, — eu sabia bem que ele tinha me xingado de todas as coisas mais ruins possíveis. — e me disse que você tinha sumido. Onde você está? Seokjin ne ligou depois me dizendo que você estava bem, mas não me disse onde você está. — ouvi-a suspirar.
— Não precisa se preocupar, estou realmente bem. Muito melhor do que naquela casa, para ser sincero. — falei com sinceridade.
Estava tudo tão silencioso nos dois lados da linha, que pude ouvir quando ela engoliu à seco.
— O-o seu pai fez algo? — perguntou ela.
Dei de ombros mesmo que ela não pudesse ver.
— Ele sempre faz algo. — murmurei.
— Desculpe por isso, filho. A culpa é minha. — a voz dela parecia chorosa.
— Eu gostaria de poder dizer que você não tem nem 1% de culpa, mas eu estaria mentindo. Você podia mudar isso, nos tirar de lá, parar de nos fazer sofrer, mas você nunca faz nada para mudar essa situação. Então sinto muito, mas concordo que a culpa também seja sua. — falei, tentando me manter o mais calmo possível, enquanto falava pela primeira vez tudo que eu sempre quis dizer à ela.
Doía, mas era necessário para tentar fazê-la acordar.
— Eu vou mudar isso, eu prometo. — ouvi ela soluçar por conta do choro.
— Não prometa com palavras, faça. — talvez eu estivesse sendo muito rude, mas eu não tinha culpa de que todo meu cansaço com toda essa situação, influenciasse nisso.
— Eu vou fazer, filho. — disse, com a voz embargada.
— Ok. — foi o que eu consegui dizer, quando percebi que eu também estava chorando.
— Agora me diz onde você está. — pediu ela.
— Desculpa mãe, mas prefiro não dizer. Sei o quanto Dakho consegue te influenciar a fazer o que ele quiser, então prefiro me prevenir. — respondi.
— Tudo bem. — ouvi-a suspirar. — Dorme bem. Boa noite, filho.
— Boa noite, mãe. — murmurei, enquanto secava algumas lágrimas.
— Eu te amo. — murmurou.
— Eu também. — falei e desliguei.
Soltei a respiração que eu nem sabia que estava prendendo, de certa forma, agora eu me sentia mais leve. Só esperava que ela realmente mudasse.
Suspirei e subi de volta para o quarto, encontrando Jungkook ainda na mesma posição e com um biquinho lindo nos lábios. Ri fraquinho, me deitando de volta ao seu lado, e automaticamente fui envolvido por seus braços. Respirei aliviado, afinal de contas, eu estava em casa.
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I like me better when I'm with you - taekook
FanfictionTaehyung, filho do prefeito da cidade, é pressionado a todo momento a ser o que não é. Quando seu pai mais uma vez tenta interferir na sua vida, cansado de tudo, ele inventa que tem um namorado, Jungkook, o menino que ele tinha acabado de conhecer. ...