doentio

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Depois de eu contar tudo para o Jimin, ele ficou eufórico e disse que com certeza eu e Jungkook acabaríamos juntos. Isso me fez sentir estranhamente feliz, mas logo tratei de ficar normal, afinal, ele estava apenas me ajudando com meu pai.

Jimin disse que eu deveria levá-lo ao cinema preto em branco que tem na cidade, e tacar um beijão nele. Hoje eu levaria ele nesse cinema, mas não por causa do que o Jimin disse, mas sim porque já estava planejado.

Mas óbvio que fiquei paranóico sobre se ele iria me beijar. Do jeito que as coisas estavam, eu esperava um beijo de verdade dele a qualquer momento.

Quando cheguei da escola, a casa estava estranhamente silenciosa, o que era normal, mas tive uma sensação estranha e ruim. E essa sensação só aumentou quando vi meu pai, sentado numa poltrona da sala, me encarando, com um sorriso no rosto.

Franzi a testa. — O que foi?

Ele balançou a cabeça, mas ainda mantinha o sorriso no rosto. — Nada. Tem um presente para você no seu quarto.

Ok. Isso era muito estranho. A sensação ruim só aumentava.

Apenas concordei com a cabeça sobre o que ele disse e me dirigi ao meu quarto. Assim que comecei a andar ele me chamou.

— Faça bom proveito do presente. — sorriu malicioso.

Com certeza não era boa coisa.

Segui receoso até meu quarto e abri a porta devagar, encontrando tudo normal e nada de estranho. Suspirei aliviado. Joguei minha mochila num canto e me sentei na cama, olhando em volta do meu quarto, procurando o tal presente. Estava tão concentrado olhando tudo, que não percebi que tinha mais alguém no quarto comigo.

— Bem que seu pai me disse que você era bonito. — era uma garota, que parecia ter dezoito ou dezenove anos, encostada no batente da porta do meu banheiro, vestindo apenas uma lengirie vermelha. Ela não era asiática. Era loira e parecia ter quase a minha altura.

Me assustei e me levantei rápido da cama, ficando o mais longe possível dela.

— Quem é você? — perguntei nervoso.

— Isso não importa, gatinho. Seu pai me disse para eu fazer um serviço e só recebo essa grana depois que eu fizer. — disse ela, se movendo para mais perto de mim. Eu já estava contra a parede e não tinha para onde fugir.

— O q-que ele pediu para v-você fazer? — minha respiração estava desregulada, e era por medo.

— Só preciso que você colabore. — ela sorriu fraco e tentou me beijar, mas virei o rosto e ela acabou beijando minha bochecha.

Ela revirou os olhos. — Argh! Seu pai me disse que seria um pouco difícil, mas ninguém resiste a mim. — estalou a língua. — Por que não tira as roupas para facilitar meu trabalho? — perguntou.

Fiquei estático. Se eu estivesse entendendo bem, meu pai pagou essa garota para transar comigo. Ele realmente chegou a esse nível para tentar me fazer ser algo que eu não sou? Engoli a seco e senti meus olhos marejarem.

— Não chora, gatinho. Juro que vai ser rapidinho. — disse com a voz enjoada, tentando tirar minha camisa.

Empurrei ela de leve e corri para o outro lado do quarto.

— Por favor, não faça nada comigo! — pedi de olhos marejados.

Ela estalou a língua outra vez. — Eu quero receber, gatinho. A grana é boa. — falou, começando a andar para perto de mim de novo.

Arregalei os olhos. — Podemos somente fingir! Sei que meu pai vai querer escutar algo, já viu aquele filme "A mentira"? Podemos fazer igual! — eu nem sabia mais o que estava falando de tão nervoso que eu estava.

— Gatinho, a vida não é um filme. — cruzou os braços e revirou os olhos, como se eu fosse um idiota. Eu realmente era, mas não por esses motivos. — Ele me pediu para gravar nossa transa, ele não quer só ouvir.

Eu não sabia o que sentir após ter ouvido ela falar. Era nojento, escroto, doentio. Meu próprio pai fazendo uma coisa dessas comigo. Engoli o choro. Eu precisava pensar rápido em como me livrar dessa situação e depois eu lidaria com meus pensamentos.

Talvez eu tenha tido uma ideia.

Respirei fundo. — Tudo bem. Nós podemos transar, mas vamos fazer isso no banheiro. — falei, torcendo para ela não questionar nada.

Ela me olhou um pouco desconfiada, talvez pela minha mudança repentina, mas assentiu e abriu um sorriso.

— Certo, vou posicionar a câmera no banheiro então. — ela deu uma corridinha, pegou uma câmera que estava no meio dos meus livros, que só agora eu havia percebido, e andou em direção ao banheiro.

Quando ela estava lá dentro, posicionando a câmera, corri até lá e tranquei a porta, tendo uma última visão dela de olhos arregalados. Assim que tranquei, ela começou a gritar, e agradeci por a casa ser tão grande e abafar os gritos.

— Me tira daqui, seu pirralho! — gritou do outro lado da porta.

Suspirei. — Me desculpa por isso, mas eu não podia transar com você. E tenho que ir agora, você já vai ter saído daqui quando eu voltar.

— Voltar!? Onde você vai!? — continuou gritando e me afastei da porta, ignorando-a.

Peguei meu celular dentro da mochila, coloquei no bolso e segui para a janela. Não seria a primeira vez que eu faria isso, já tinha saído pela janela algumas vezes com Jimin. Mas talvez hoje fosse mais complicado por causa da minha visão turva causada pelas lágrimas.

Fui descendo devagar e respirei aliviado quando consegui pisar no chão sem nenhum dano físico.

Peguei o telefone no bolso, e percebi o quanto minhas mãos estavam tremendo. Acho que eu estava tendo uma crise de ansiedade.

Me enrolei para digitar os números enquanto começava a andar sem rumo pelas ruas. Assim que cliquei em ligar, no segundo toque fui atendido.

— Alô? — escutei a voz de Jungkook.

— C-coelinho. — murmurei choroso.

Ouvi a respiração dele ficar pesada.

— Você está chorando? Onde você está? — consegui perceber a preocupação na sua voz, e senti o coração pesar. Não queria o preocupar.

— E-eu estou bem. Não precisa se preocupar. Só... — olhei em volta e percebi que estava perto da casa dele. — Preciso te ver. Estou próximo à sua casa, posso ir ai? Quer dizer, se não for incômodo...

— Você nunca me incomoda, Tae. Pode vir sim, estou te esperando. — sorri fraco com sua resposta.

— Certo. Chego em 5 minutos. — na verdade seria provavelmente em dois, já que eu já conseguia avistar a casa dele.

— Vou ficar na porta. — voltei a escutar a respiração dele ficando desregulada e ouvi passos rápidos, percebi que ele estava correndo para a porta.

— Não corra. Cuidado para não se machucar. — o repreendi, preocupado.

— Não se preocupe comigo, Tae. Hoje só vamos nos preocupar com você. Eu quero te dar um abraço.

Era tão estranho como ele sempre sabia do que eu precisava. Mas era um estranho bom.

Sorri, quando cheguei na frente da casa dele e ele estava na porta. Andei até ele ainda com o telefone na chamada.

— Então me dê um abraço. — murmurei, quando eu já estava de frente para ele.

Não sei se desligamos a chamada, porque eu consegui esquecer de tudo assim que Jungkook me abraçou.

O abraço dele tinha gostinho de lar e paz. Aquilo sobre querer morar num abraço nunca fez tão sentido como estava fazendo. Se eu pudesse morar num abraço, com certeza seria no dele.

I like me better when I'm with you - taekookOnde histórias criam vida. Descubra agora