enfrentando o medo

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— Onde você estava? — meu pai, sentado na poltrona da sala, me perguntou assim que coloquei meu pés dentro de casa. Minha mãe não estava por perto. Engoli a seco.

— Eu estava com meu namorado. — tentei soar firme, mas senti que minha voz deu uma pequena falhada por conta do meu nervosimo.

Ele me olhou incrédulo e se levantou vindo até a mim, me puxou forte pelo braço e me jogou no sofá logo em seguida. Ele parou em pé na minha frente com os braços cruzados, em clara posição de quem quer demonstrar quem é que manda.

— Você não escutou o que eu te disse? Eu te falei para você não se encontrar mais com esse garoto. — ditou com a mandíbula travada, claramente ele estava com muita raiva. Engoli a seco novamente.

Desviei o olhar e respirei fundo. Eu precisava criar coragem para enfrentá-lo. Saí dos meus pensamentos quando ele pegou no meu rosto com força, obrigando-me a olha-ló. Doeu muito por causa do  recente hematoma.

— Você não está me ouvindo!? Além de viado ficou surdo agora!? — gritou.

Retirei sua mão de mim e me levantei, o encarando cara a cara, já que éramos da mesma altura.

— Não encosta em mim! — gritei, o assistindo rir com deboche. — Eu já disse que não vou terminar com ele, você não manda em mim! — continuei gritando porque eu precisava botar para fora. Percebi com o canto de olho minha mãe se aproximando, mas não era como se ela fosse fazer algo.

— Enquanto você viver debaixo do meu teto eu mando em você, sim! — gritou de volta. Eu apenas queria que as casas ao lado não fossem tão distantes para que os vizinhos escutassem quem realmente era o prefeito Kim.

Dessa vez eu que dei uma risada fraca e percebi ele ficar vermelho de raiva. — Sim, eu infelizmente vivo aqui, mas não se preocupe que daqui a um ano as coisas vão mudar. — fazer dezoito anos seria minha liberdade, assim eu esperava. — E não, você não manda na minha sexualidade. Você não decide nada por mim. Eu sou gay e se você não aceita isso, eu só posso sentir muito por você ter a mente tão fechada. Tenho pena de você. — coloquei tudo para fora me sentindo mais calmo quando terminei.

Percebi que ele ficou com muita raiva e que ele iria partir para cima de mim e usaria a violência, mas minha mãe foi mais rápida e me puxou para perto dela.

— Amor, violência não leva a nada. — pronunciou calma. Senti me estômago se revirar com o jeito doce que ela o chamou. Minha mãe merecia algo melhor.

— Isso é tudo culpa sua, Eunmin. Não soube criar nosso filho direito e agora ele é isso. — apontou para mim com nojo. Me senti um lixo, mas desviei o olhar me recusando a deixá-lo ver que tinha me afetado.

— Dakho, o Tae não escolheu ser assim, isso são coisas que acontece. Ele não consegue sentir atração por meninas e não tem nada de errado nisso, é normal. — falou ainda calma. Não consegui segurar e deixei as lágrimas caírem num choro silencioso. Era a primeira vez que minha mãe me defendia.

— Não acredito que você aceita isso! O que eu fiz pra merecer essa família de merda!? — gritou. Minha mãe segurou minha mão com força. Eu sabia o quanto ela estava com medo, eu também estava, mas precisávamos vencer isso.

— Somos bons demais para você. — me pronunciei depois de algum tempo em silêncio. — Você é um cara esnobe que acha que vive no século passado e não consegue abrir os olhos para perceber que o mundo evoluiu, que as coisas mudaram. E só não estão totalmente boas porque pessoas como você existem. — deixei um carinho rápido na mão da minha mãe e a soltei.

— Agora, se me dão licença, vou subir para o meu quarto. — falei, já me retirando e começando a subir as escadas.

— Não esqueça que você acabou de comprar sua passagem só de ida para o inferno! — ele gritou nervoso.

I like me better when I'm with you - taekookOnde histórias criam vida. Descubra agora