Capítulo Três

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As pessoas na fila avançavam com uma lentidão quase palpável, seus olhares curiosos pairando sobre o grupo de Milo e seus companheiros. Uma sensação de expectativa tensa permeava o ambiente, tornando-o quase elétrico.

Milo, ao observar sua irmã Taryn, sentia o peso do perfeccionismo que a envolvia como um manto sombrio. Desde que ele podia se lembrar, ela buscava implacavelmente a perfeição em tudo, mas para Milo, essa busca incessante não representava a busca pelo melhor, mas sim a procura pelo pior em todos os aspectos. Era como se ela acreditasse que nada do que fizessem fosse suficientemente bom, forçando-os a tentar de novo e de novo até alcançarem a perfeição, uma ilusão inalcançável aos olhos de Milo.

Ele estava prestes a expressar seus pensamentos a Taryn quando seu amigo Brand o interrompeu, puxando-o na direção oposta, afastando-os do grupo.

— Não faça nada que vá magoar sua irmã— , aconselhou Brand, fazendo com que Milo o encarasse com curiosidade e uma pitada de irritação. — Nós concordamos em criar os meninos de forma realista, enfrentando os desafios do mundo cotidiano. Flynn precisa se aproximar de sua própria família em vez de se esconder.

Milo refletiu sobre as palavras de Brand. Ele sabia que não podiam forçar Flynn a fazer algo contra sua vontade. Flynn já havia passado por tanto, perdendo seus pais biológicos que, pelo visto, estavam envolvidos em experimentos de magia negra. Ele foi arrancado de seu mundo e jogado no reino feérico, onde se sentia deslocado e recebia apelidos cruéis por ser humano e fazer parte da família real só intensificava o escrutínio sobre ele.

Brand engoliu em seco, preparando-se para a reação de Milo. No entanto, Milo apenas suspirou profundamente, como se estivesse exausto de tudo isso.

— Eu amo minha irmã, mas ela está prestes a explodir por qualquer motivo — Milo disse, apontando discretamente para Taryn, que estava conversando com Lucy e as crianças. Seu olho tremia freneticamente, o que era assustador para quem a observava na fila. — Ela vai surtar completamente a qualquer momento.

Brand reconhecia a veracidade das palavras de Milo, mas se sentia impotente. Ele havia jurado a Milo quando revelou seu verdadeiro nome que nunca usaria a magia para controlar alguém, a menos que fosse absolutamente necessário.

— Então, o que você planeja fazer? — perguntou Brand, olhando para Milo, cujos olhos brilhavam com uma determinação perigosa.

— Se Taryn ultrapassar todos os limites ou enlouquecer de vez, darei total permissão para que você a enfeite — Milo disse, fazendo Brand abrir a boca em choque.

Brand conhecia a capacidade de Milo de se defender e proteger aqueles que amava, mas vê-lo disposto a usar a magia contra sua própria irmã era surpreendente, até mesmo chocante.

Eles retornaram ao grupo, mas o clima pesado ainda pairava no ar, tão denso que poderia ser cortado com uma simples faca. Era como se a tensão estivesse à espreita, pronta para explodir a qualquer momento.

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Após a sessão de fotografias, o grupo se dividiu naturalmente em dois. Os garotos arrastaram Brand em direção às lojas de brinquedos, enquanto o Lorde das Fadas embarcou na busca pelo presente perfeito para Milo. O cenário do shopping estava repleto de luzes piscantes e decorações natalinas, enchendo o ar com um aroma doce de canela e pinheiros frescos.

Milo, por sua vez, ficou com Lucy e Taryn, explorando as lojas em busca dos ingredientes para uma receita intrigante compartilhada por uma simpática moça que haviam conhecido na fila.

Lucy, olhando para o teto de vidro que revelava a neve começando a cair lá fora, murmurou com saudade:

— Como estava sentindo saudades de ver os flocos de neve. Viver no reino das fadas às vezes chega a ser bastante sem graça.

Contos: Uma Promessa Ao Lorde FadaOnde histórias criam vida. Descubra agora