Capítulo Quatro

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Brand tinha plena consciência de que Sol possuía uma notável afinidade para detectar magia. Em um momento anterior, mesmo de longe, o jovem príncipe havia identificado com precisão o encanto de Manoela que o fizera dançar de forma descontrolada e parecer um bêbado durante o último jantar com a família Fairlane.

— Você tem certeza disso? — Brand indagou em voz baixa, ajoelhando-se diante do seu filho mais novo, que respondeu afirmativamente com um aceno rápido de cabeça.

Curioso e intrigado, o lorde decidiu adentrar a misteriosa loja. No canto do estabelecimento, um espelho prateado estava estrategicamente posicionado. Brand observou quando as crianças o acompanharam e, ao se contemplar no espelho, ficou impressionado com a sua própria imagem. Ele parecia menos um lorde das fadas e mais um jovem na casa dos vinte anos. Suas botas reluziam do bico aos joelhos, realçando suas longas pernas. O casaco ampliava seus ombros e afinava sua cintura, enquanto o cabelo caía de um modo que o fazia parecer simultaneamente elegante e misterioso. Brand se concedeu um olhar demorado e apreciativo, exibindo sua incrível beleza feérica.

Os feéricos, independentemente das circunstâncias, sempre encontravam uma maneira de admirar a própria beleza.

— Oh, céus, temos visitantes interessantes aqui. — Uma voz feminina surgiu, interrompendo Brand em seu devaneio, e ele voltou sua atenção para a vendedora que apareceu.

Ela era de estatura pequena e robusta, com várias tranças enroladas como serpentes em torno de sua cabeça, adornadas com uma grande fita que fez Sol se lembrar de uma heroína de uma história que Eloisa havia lido para ele dias atrás.

— Com licença, gostaria de esclarecer uma dúvida sobre os bonecos de madeira que você usa como decoração. — Brand disse, indicando-os com um gesto de cabeça, enquanto os meninos começavam a explorar o restante da loja.

A mulher sorriu gentilmente e entrelaçou os dedos sobre sua barriga proeminente.

— Claro, esses são bonecos feitos por um querido amigo do meu marido. — Ela começou, sua expressão se tornando triste. — Sempre que faço uma decoração, os utilizo. Meu marido costumava dizer que eles eram mágicos e se moviam por conta própria, mas para ser sincera, ele tinha uma imaginação fértil e, por amor, finjo que vejo isso.

Brand olhou novamente para os bonecos, que permaneciam imóveis em seus lugares.

Pode ser que o antigo rei das fadas estivesse certo ao dizer a Brand que não importava onde estivesse o seu coração, desde que suas ações fossem motivadas pelo amor, elas seriam belas de se ver.

— Quando o criador desses bonecos faleceu em um acidente com sua esposa, meu marido ficou devastado. — A mulher continuou, perdida em suas lembranças. — Já tínhamos nos mudado para longe da cidade e estávamos ocupados com questões pessoais, então nem conseguimos comparecer ao funeral.

Brand olhou para a mulher com determinação.

— Quanto você pediria por esses bonecos? — Ele perguntou, o tom de desespero em sua voz evidente.

A mulher pareceu surpresa com o pedido e franziu a testa.

— Sinto muito, mas eles não estão à venda. São preciosos para o meu marido e para mim. — Ela disse, clicando a língua, mas então sorriu docemente para Brand. — Você deve estar procurando o presente perfeito para alguém que ama de verdade, mas talvez não seja algo tão pequeno para demonstrar esse amor.

Brand ficou pensativo por um momento e, finalmente, revelou seu verdadeiro propósito.

— E se eu disser que quero dar esses bonecos ao filho mais novo do criador deles? — Brand disse, sua urgência em obter os bonecos evidente.

Contos: Uma Promessa Ao Lorde FadaOnde histórias criam vida. Descubra agora