|diferente|

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•pov rosa•

Tw: saúde mental

Voltei do trabalho exausta, havia desvendado um esquema de drogas que me aterrorizava a meses. Senti um tapa na minha bunda, me virei e encostei Pimento na parede.

- Cala a boca.

- Eu não falei nada.

Eu colei nossos lábios. Desci a mão para sua bunda, apertando-a. Pimento apenas me beijava de volta, sua atitude era passiva perante a minha. Eu o arrastei para o quarto, Pimento não se opôs, o joguei na cama e subi em cima de seu corpo.

- Tudo bem pra você?

- Se tá tudo bem? Tá tudo ótimo.

Eu ri e o beijei novamente.

♤♡◇♧

Sai do banheiro enxugando meus cabelos. O semblante de Pimento refletia preocupação, me sentei ao seu lado na cama.

- O que foi?

Ele me ignorou, continuou encarando o computador atônito.

- Pimento. - bati em seu braço. - O que foi?

- Eu... preciso ir para a delegacia.

- Agora? - olhei para o relógio, marcava 23h10.

- Sim. - ele se inclinou para me beijar. - É uma emergência.

Assenti mordendo o lábio. Somente quando ouvi as três portas se fecharem (quarto, corredor e entrada) peguei o meu celular.

[Você tem 300 novas mensagens]

Pelo visto colocaram Charles no grupo de novo. Joguei meu celular para longe. Olhei ao redor, estava sem sono e não tinha ideia do que fazer em uma sexta-feira. Por sorte o meu interfone tocou e isso só poderia significar duas coisas:

1. Pervertidos (a surra é sempre diversão garantida)
2. Amy (minha melhor amiga esquisita)

Atendi, eram Amy e Gina, elas vieram me buscar para uma comemoração no Shaw's. Me vesti rapidamente e desci. Ventava, meu cabelo molhado me causava calafrios, Amy percebeu e me ofereceu sua blusa, neguei apontando para minha jaqueta.

- Você me deve um drink. - disse Gina assim que pisamos no bar.

- Do que está falando? - me fiz de desentendida.

- Nossa aposta...

Amy acenou para Jake e se afastou de nós assim que percebeu o clima tenso.

- Eu peguei mais pessoas na festa. - disse por fim. - Você perdeu, me deve um drink.

- Gina, eu só estava brincando, eu namoro.

Ela cruzou os braços, seu cenho estava tenso.

- Monogamia está falida, Rosa. Achei que você fosse maneira. - disse desapontada, deu as costas para mim e foi sentar-se com o pessoal da 99.

Isso foi estranho. Me aproximei do balcão e pedi duas cervejas da marca mais cara, 5$.

- O seu drink.

Gina me olhou, por uma fração de segundo vi seus olhos brilharem.

- Valeu.

Tentei prestar atenção na história que Jake contava, envolvia Taylor Swift e seguranças, mas meu celular não parava de vibrar, dessa vez eu não pude culpar Boyle, o homem estava a minha frente rindo de cada sílaba que o amigo dizia.

Pimento: Rosa, abre a porta.
Pimento: onde está?
Pimento: POR QUE NÃO ME RESPONDE?
Pimento: VOCÊ SAIU E ME DEIXOU TRANCADO PARA FORA?
Pimento: consegui entrar, não graças a você, quando voltar teremos uma conversa.

Revirei os olhos. Ele sempre tem esses ataques depois vem rastejando implorando meu perdão.

- Ele deve ter algum transtorno psicológico. - disse Gina, nossos olhares se encontraram. - Ops, falei em voz alta?

Assenti.

- Desculpinha. Mas... ele é?

- Por que te interessa?

- Desculpa Rosa, eu só me importo com você.

Olhei ao redor, ninguém nos ouvia, todos riam das histórias mirabolantes de Jake. Queria que Amy ouvisse Gina para eu ter certeza que não estava enloquecendo.

- O que deu em você hoje?

- Como assim?

- Você está agindo diferente. - falei.

Ela piscou sem resposta, pela primeira vez em anos consegui deixar Gina sem palavras. Eu calei a mulher que sempre possuía uma resposta para tudo. Ela nem ao menos levou a mão ao peito para fazer drama.

- Tpm. - respondeu sem me convencer. - Preciso ir, meu útero está me matando.

Minutos se passaram até que fui embora também, não estava disposta a lidar com a instabilidade emocional do meu namorado, mas permanecer no Shaw's não parecia certo.

- Rosa. - ele me abraçou. - Eu sinto muito, não quis ser grosso.

Toquei em sua cabeça.

- Tudo bem.

- Não está.

Ele agarrou as minhas pernas e chorou. Eu sentei no sofá e fiquei por horas na mesma posição, a minha vontade era de gritar, mas não era capaz de dispensá-lo, não naquele estado.

- Está tudo bem. - beijei seu rosto.

- Não está. Você nunca me beija, está com pena de mim, Rosa? EU NÃO SOU UM COITADINHO.

Pisquei, estava acostumada com sua mudança súbita de humor.

- Não é mesmo. - falei. - Você é um homem forte que fode muito bem. - repeti a frase da primeira vez que presenciei uma de suas crises.

Ele sorriu orgulhoso de si.

- Eu sei.

Ele bateu na minha bunda e foi para o quarto. Sentei no sofá para aguardá-lo dormir. Notei uma mensagem de um número desconhecido, como detetive já pensei em uma possível ameaça ou pista.

***: eai gatinha.



Autora: bem-vindes a minha quarta fanfic Dianetti, sim eu preciso de terapia.

[Essa fanfic não estimula o preconceito contra os transtornos psicológicos, as reações das personagens nem sempre condizem com as adequadas por profissionais da saúde]

Message In a Bottle - Dianetti |Concluída|Onde histórias criam vida. Descubra agora