|nosso futuro|

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•pov gina•

Segurei meu celular como se fosse uma bomba, metaforicamente ele é. Eu posso mandar uma mensagem para Rosa e destruir nossas chances de voltar. Ainda há uma parte de mim que não desistiu do que temos. Eu preciso de um plano. Não. Foi o plano de conquistá-la que me colocou nessa posição, se eu não tivesse criado Giselle... Não vou pensar nas possibilidades de novo, o passado já foi, posso tentar consertar o nosso futuro. Pensar em um futuro com Rosa me deixa feliz.

Caminhei até a sala, Andrew estava sentado vendo tv. No desespero eu contei tudo, ele me repreendeu, disse que pisei na bola, mas também me abraçou e disse que tudo ficaria bem.

- Ei. - cutucei suas costas, ele me olhou. -  Quero visitar a Rosa. Me dá uma carona?

Ele assentiu. Descemos até a garagem, os nós das minhas mãos estavam brancos de tanto apertá-los. Me olhei no espelho do retrovisor, quase gritei.

- O que foi?

- Estou horrível! - toquei no meu rosto. Repleto de olheiras, resto de maquiagem e cabelo desgrenhado.

- Quer se trocar?

- Não. Se eu subir não volto mais.

Ele assentiu e deu partida. Peguei lenços umedecidos da minha bolsa e passei no rosto. Pentei meu cabelo com meus dedos, já que não encontrei uma escova. Ficou decente. Espero que Rosa não se assuste com minha aparência.

O carro parou, Andrew me encarou, eu o olhei de volta.

- Chegamos.

Olhei ao redor, era o prédio de Rosa. Engoli o caroço que havia se formado em minha garganta.

- Vou esperar aqui.

Eu assenti e entrei. As portas do elevador se abriram, me escondi atrás de um poste. Por sorte Pimento não me viu. Seu rosto estava inchado, cheio de lágrimas. Ele estava chorando. Pânico me preencheu. O que ele fez com Rosa?

Entrei no elevador, demorou anos para subir. As portas mal abriram, eu sai apressada, o coração disparado. Bati na porta de Rosa, nenhuma resposta. Bati de novo e de novo e de novo e de novo... Os vizinhos espiavam pelos olhos mágicos, mas eu não me importei, estava desesperada, lágrimas borravam minha vista. Bati novamente, dessa vez a porta abriu revelando uma Rosa irritada, sua expressão mudou ao me ver.

- Você está viva!

Eu a abracei. Meu peito no seu peito, o coração dela batia acelerado assim como o meu.

- O que...

Ela me soltou devagar, seus olhos confusos. Eu a olhava com lágrimas nos meus, aliviada.

- Quer entrar?

Assenti. Assim que ela fechou a porta eu peguei em seu braço procurando por machucados, tudo certo. Desci até as pernas.

- Gina, por que está agindo assim?

- Você pode levantar as calças?

Ela me levantou.

- O que deu em você? - seus olhos repletos de preocupação.

- Vi o Pimento sair daqui, ele estava chorando. Achei que tivesse te machucado.

Ela me abraçou.

- Eu estou bem.

Inalei seu perfume. Ela se afastou constrangida.

- Por que ele estava chorando? - perguntei mudando de assunto.

- Eu terminei com ele.

Eu sorri, tentei parar, mas o meu rosto me desobedeceu. Rosa notou e cruzou os braços, sua armadura.

- Não foi por sua causa.

Aquilo doeu como uma facada nas costas.

- Ainda estou brava.

Eu assenti.

- Eu sinto muito...

- Você sabia que se passar por outra pessoa é crime?

- Eu a criei. - droga, por que eu não fico quieta?

Ela suspirou.

- Tudo isso pra ficar comigo?

- Sim. - foi minha vez de suspirar - Eu sei que fui uma idiota, a verdade é eu nunca queria te machucar, eu amo você.

Ela recuou.

- Se me amasse não mentiria pra mim.

- Rosa...

- Acho melhor você ir.

- Por favor.

Tentei tocar em sua mão, ela desviou. Sua boca e seus olhos não estavam de acordo, seu olhar pedia para que eu ficasse.

- Só fale comigo no trabalho quando for extremamente necessário, caso contrário finja que eu não existo.

Aquilo doeu mais do que um ônibus me atropelando (acredite em mim, sei como dói. Obrigada Charles). Peguei meu orgulho do chão e me retirei, olhei para ela uma última vez.

- Eu não queria que acabasse assim, queria me casar com você, ter filhos, cachorros. Envelhecer e morrer junto. - ela olhava fixamente para o chão. - Se uma parte sua quiser tudo isso, sabe onde me encontrar.



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Message In a Bottle - Dianetti |Concluída|Onde histórias criam vida. Descubra agora