|mais bilhetes|

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•pov rosa•

Eu encarei o bilhete outra vez. O sangue estava seco e as palavras gritavam no papel: "eu sei o que fez". A caligrafia não me dava nenhuma dica se realmente era Pimento. Uma parte de mim se negava a acreditar que havia sido ele. O mesmo homem que jurou me dar o mundo, me ameaçaria? Mesmo não o amando, tenho carinho por ele e pelos anos que passamos juntos. Queria terminar sem machucá-lo. Ou me machucar.

- Encontrou algo? - perguntei ao ver Amy entrando.

- Nada. Você?

- Nada de digitais ou reconhecimento da letra. - ela franziu o cenho. - Aliás, o sangue era falso.

- Por quê?

Ela deu de ombros e se jogou no sofá.

- Talvez para te aterrorizar.

Eu assenti.

- Como foi a conversa com Gina?

- Ruim.

- Sinto muito. Logo, encontraremos o responsável e essa pessoa pagará caro.

- Você acha que é o Pimento?

Ela me estudou antes de responder.

- Há várias pistas que apontam nessa direção, mas não posso afirmar nada.

Eu suspirei. Queria saber com certeza quem era, para acabar com tudo isso. Para poder ficar com Gina.

- Você acha que é ele? - perguntou com cautela.

Mordisquei meu lábio inferior.

- Eu não sei... - confessei. - Quero acreditar que não.

Amy assentiu.

- Você vai passar a noite sozinha? - perguntou mudando de assunto.

- Eu tenho várias armas pela casa, consigo dar conta de mim.

- Eu imaginei que fosse falar isso. - ela deu de ombros. - Eu vou dormir no sofá e não quero saber de reclamação.

Não abri a boca. Reconheço a expressão de Amy, ela falava sério. Eu odiava contrariá-la quando estava assim. Apenas resmunguei e joguei cobertas e travesseiros no sofá.

- Boa noite. - disse ela.

Eu a deixei sem resposta. Me tranquei no quarto com apenas meus pensamentos e eles me atormentavam. Ficar parada esperando o pior não era a melhor opção. Eu precisava agir. Tomei banho e abri o armário para trocar de roupa, um bilhete caiu. Semelhante ao outro, molhado em sangue falso e com a mesma letra quase ilegível.

"Eu darei o troco".

Não seria na mesma moeda. Pimento faria algo pior do que trair. Um arrepio percorreu minha espinha. "Eu sei o que fez". Gina. A garota ruiva assombrou meus pensamentos, mas não da forma casual, como estava habituada, dessa vez ela era alvo de torturas. Balancei a cabeça tentando esquecer tais devaneios, mas eles pioraram. Esperei Santiago cair no sono e sai na ponta dos pés, como fazia no balé.

Eu preciso proteger Gina, para isso preciso descobrir quem está por trás dos bilhetes. A campainha da minha casa tocou, eu parei no lugar, imóvel. Esperançosa para que não tocassem de novo. Encarei Amy, ela dormia como um anjo. Tocaram mais uma, duas, três vezes até Amy acordar para atender. Por sorte, consegui me esconder embaixo da mesa. Quarta vez.

- JÁ VAI.

Amy abriu a porta, estava irritada, afinal quem gosta de ser acordado?

- O que é isso?

Ouvi passos se distanciando e a porta se fechando.

- Pode sair, sei que está escondida.

Bufei e me levantei.

- Estava esperando isso?

Neguei confusa. Seus olhos mudararam de irritação para confusão.

- O que é? - perguntei me aproximando.

Ela carregava uma caixa pequena com um laço em cima. Peguei com cuidado de sua mão.

- Espera. - falou. - E se for uma bomba?

- Não é uma bomba, Amy.

Abri com as mãos trêmulas. Era um bilhete, com a mesma caligrafia horrenda, sem sangue dessa vez. Cheirava a um perfume familiar, era adocicado. Estranhei o papel, não era uma simples frase, era um texto inteiro:

"I think he did it but I just can't prove it
No, no body, no crime
But I ain't letting up until the day I die
No, no
I think he did it"

Analisamos o pedaço de papel. Demorou para conseguirmos ler todas aquelas palavras em uma letra tão minúscula, mas conseguimos. Amy soltou um grito alegre.

- É uma música, tem toda uma história por trás. Mas, eu tenho certeza que a Taylor matou o marido da amiga.

- O quê?

Minha cabeça girava, nenhuma palavra que ela havia dito fazia sentido. Amy me olhou.

- Vou colocar a música.

Eu assenti.

- Ele quer matar alguém. - concluiu ela. - Mas quem?

Um arrepio percorreu minha espinha.

"Eu sei o que fez".

"Eu darei o troco".

- Gina. - sussurei.

- O que disse?

- Quem canta essa música? - perguntei, a voz trêmula.

- Taylor Swift.

Peguei meu celular. Lembrei-me de Gina cantando para mim. Escrevi o trecho da música e o resultado fez minha bile subir na boca.

Gorgeous
Song by Taylor Swift

Levantei em um pulo. Minha cabeça girava. Eu preciso proteger Gina. Sai em disparada para a porta, fui parada por Amy, ela agarrava meus braços, parecia preocupada.

- Rosa. - me chamou. Eu a olhei. - Aonde vai?

Não posso colocar Amy em perigo. Eu nunca direi isso em sua cara, mas ela é minha melhor amiga e eu amo.

- Fique aqui.

- Não. - protestou. - Vou onde você for.

- Só faça o que eu peço. - supliquei. - Por favor.

Ela deve ter visto o desespero em meus olhos, por isso amenizou a voz.

- Eu fico no carro. Sem discussão.

Bufei, eu não me livraria dela tão cedo.


Autora: estão gostando? Me contem nos comentários :)
Obrigada pelas 800 leituras, vocês são incríveis <3

Message In a Bottle - Dianetti |Concluída|Onde histórias criam vida. Descubra agora