|nunca tocar|

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•pov gina•

Acordei em uma cama de hospital, suas paredes eram amareladas e suas luzes piscavam sem parar. Parecia um filme de terror. Me virei incomodada com a dureza do colchão. Rosa ajeitou a postura ao me ver. (Querida Deusa, eu morri?)

- Você está bem?

Assenti.

- Não sinto mais dor, só tontura.

- Amy mandou dizer que os medicamentos podem causar tontura e náusea.

Coloquei a mão na boca.

- Uhum...

- Você precisa vomitar?

Neguei. Não estava com ânsia, apenas me sentia dopada e temia falar demais. Rosa apenas me encarava, a preocupação em seus olhos me fez abrir a boca.

- Obrigada. - falei. - Por ter me trazido aqui. Todos vocês. - me corrigi.

- Claro. - disse com as mãos nos bolsos. - Preciso ir, está no turno da Amy.

- Fica. Ela ainda não chegou...

A latina entrou no quarto antes que eu pudesse terminar a frase.

- Trouxe livros.

- Rosa, me mata.

Rosa se aproximou da minha cama. Eu observei cada movimento seu esperançosa, ela deu um soquinho na minha mão e saiu. Me afundei no meu colchão deprimida.

- Ela gosta de você.

- O quê? - fingi indiferença.

- A regra da Rosa, nunca tocar.

Eu reprimi um sorriso. Rosa era rigorosa com a regra, não deixava ninguém tocá-la sem permissão.

- Vocês formariam um belo casal.

- Eu não...

Amy fez uma careta.

- É óbvio que você gosta dela. - disse convicta. - Eu sou a melhor detetive do nosso precinto Gina, acha que não perceberia o jeito que olha pra ela?

Joguei as mãos para o ar, vencida.

- Como está indo o plano?

- Qual plano?

- Para conquistá-la. - ela bateu na minha perna. - Você é ótima nisso, provavelmente deve ter um.

- Estou mandando mensagens anônimas.

- Ok. O que mandou até agora?

- Eai gatinha.

Hebe riu, sua risada foi diminuindo ao ver minha expressão facial.

- É péssimo, você é melhor do que isso.

- Eu estava bêbada. - respirei fundo, Amy parecia ser alguém confiável. - Nunca tive esse tipo de problema, sempre consegui a pessoa que eu queria, mas com ela é diferente. Rosa Diaz é diferente.

- Uau, isso foi bem...

- Gay?

- Sincero.


•pov rosa•

Abri a porta de casa. A sala estava uma bagunça, vasos de plantas quebrados, almofadas no chão e terra para todo o canto. Comecei a limpar, não estava disposta a arrumar tudo em um domingo. Encontrei embaixo do sofá um bilhete com uma simples mensagem: adeus. Sentei no sofá, das outras vezes que Pimento fugiu, foram meses sem notícias. Eu senti cada segundo de sua ida, eu esperei até me cansar, até perder a fome e a esperança. Depois de quatro fugas, eu finalmente não sentia nada, joguei o bilhete fora e voltei a arrumar a sala. Assim que terminei peguei meu celular para updates em Gina. Para minha surpresa, o número desconhecido havia me contatado. Bufei e abri suas mensagens.

***: acho que começamos de pé esquerdo, minha culpa, claro.
***: me chamo Giselle e sou sua admiradora -não tão- secreta.

Me movi no sofá, esperava por tudo, menos isso. Não sei se ignoro ou se entro na brincadeira, num pleno sábado 01:38, sem nada para fazer...

R: olá Giselle, te conheço de onde?

G: dos seus sonhos...
G: digamos que já nos trombamos.

R: só mais uma pergunta, quando virou obececada por mim?

G: eu sempre fui Rosa.

R: haha, muito engraçado Jake, vá dormir.

G: quem é Jake?
G: eu sou Giselle.

R: vá dormir antes que eu te bloqueie.

G: você não faria isso. Eu sou muito interessante e no fundo você quer saber quem eu sou.

R: tem razão Giselle, agora tudo faz sentido.
R: posso ver claramente que é uma pervertida com muito tempo livre.
R: até mais.

[Número bloqueado]

Não acredito que perdi meu tempo com uma pessoa qualquer. Mandei mensagem para Amy, não consegui parar de pensar em Gina a tarde toda.

R: como a Gina está?

A: bem, dormindo que nem uma pedra.

Desliguei o celular, era tudo o que eu precisava escutar.





Obs: Gina escolheu Giselle por ser o nome do meio de Beyoncé (Beyoncé Giselle Knowles-Carter).

Message In a Bottle - Dianetti |Concluída|Onde histórias criam vida. Descubra agora