|jogo do amor|

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•pov rosa•

Dirigi para fora da cidade. Precisava arejar a cabeça, refletir sobre os eventos de hoje e andar de moto na estrada é ideal para isso. Por que ela fez isso? Por que ela se passou por outra pessoa? Minha cabeça não parava de inventar perguntas, umas piores do que as anteriores. Até que uma me fez tremer. E se tudo tivesse sido um jogo? Um jogo do amor, no qual me conquistar e depois partir o meu coração fossem os objetivos principais.

Não, ela não faria isso. Gina não é assim. Eu trabalhei anos com ela, eu a conheço. Eu também achei que ela não fosse Giselle, pensei que fosse manipulação de Pimento. Eu errei, poderia estar errada de novo? Um som alto me tirou dos meus pensamentos, era o meu celular. Eu o ignorei e continuei dirigindo. Passei por uma árvore retorcida, o que indica que estou andando por uma hora.

Meu celular volta a tocar. Pela insistência deve ser a delegacia ou pior, deve ser Gina querendo conversar. Continuo meu caminho prestando atenção no som dos carros que passam por mim. Eles aceleram apressados, como se não houvessem amanhã e talvez não há. Meu celular volta a tocar, encosto a moto e atendo sem olhar o número. Estou irritada, se for uma operada, eu juro que me jogo na rua.

- Finalmente.

Reconheci a voz, ódio percorreu meu corpo.

- Já não fez o bastante?

- Eu só revelei quem é ela para você, não quero que se machuque, ainda gosto muito de você.

Eu revirei os olhos. Eu acredito que ele me ame, mas não de uma forma saudável.

- Onde você está? - perguntei me apoiando na moto.

Ouvi ele rir.

- Está ansiosa para me ver?

- Pimento... - minha voz carrega irritação.

- Estou na sua casa, venha me ver.

Desliguei a chamada e o telefone. Não o esperei se despedir, não preciso de um "até logo" ou ameaças. Acelerei como nunca.

♤♡◇♧

Girei a maçaneta, a porta estava destrancada. Entrei. Lá estava ele, sentado no sofá bebendo vinho como se nada tivesse acontecido, como se ele não tivesse arruinado o meu relacionamento com Gina.

- Senti saudades. - ele sorriu.

A última vez que o vi não senti nada, apenas me forcei a sentir comoção pelos seus transtornos. Agora, meus músculos sentem ódio, meu sangue ferve irritado e minha pele emana raiva.

- Você ainda tem coragem de vir aqui? Saia da minha casa. Agora!

Ele piscou, não entendendo as minhas palavras. Deve estar bêbado.

- Rosa, sou eu, Pimento.

- Eu sei.

- Já sei o que está acontecendo. - ele possuía um olhar de genialidade em seu rosto, como se tivesse descoberto a criptomoeda. - Você está brava comigo porque eu fui embora. Olha, sobre isso...

- Não. - eu o interrompi, o sangue fervendo. - Você não entende? Eu nunca fui apaixonada por você. - seus olhos arregalaram, depois marcharam. - Nunca foi você, Pimento e nunca será, não importa o que você faça.

- Você a ama?

Eu tentei engolir, mas um nó se formava na minha garganta.

- Você ama a Gina? - ele reformulou a pergunta.

- Sim.

Ele abaixou a cabeça, sempre faz isso antes de seus ataques. Mas dessa vez ele não a levantou.

- Não vou mais incomodá-las. Só... Só espero que fique bem.

- Você também.

Ele saiu, ainda olhando para o chão. Ouvi seus gritos no corredor, mas o ignorei, eu finalmente havia terminado com Adrian Pimento. Mas eu não me sentia livre, muito menos feliz. Havia um nó na minha garganta e um aperto no coração. Eu queria correr para os braços de Gina, dizer que seria apenas sua, mas não podia, teria que ser dela e de Giselle.

Olhei para a escrivaninha de vidro. O celular branco repousava em seu centro. Ele me incomodava, como se fosse ímã e eu ferro. Toquei nele, mas logo afastei minha mão. Não posso bisbilhotá-la. Se bem que isso pode ser um caso policial. Gina pode muito bem se passar por outra pessoa para mais alguém. O pensamento me dói, acho que é ciúmes. Vasculho as conversas, só encontro duas.

Rosa♥️

Gostosa😏

Clico na segunda conversa, a mão formigando, o peito acelerado. Apenas fotos aleatórias e arquivos de música, todos enviados de Gostosa😏 para esse celular. Procuro o número de Gina nos meus contatos e comparo os dois, solto a respiração. É o mesmo. Ela apenas conversou comigo e com ela mesma em seu telefone secreto. A ideia me soa reconfortante por pouco tempo.

Message In a Bottle - Dianetti |Concluída|Onde histórias criam vida. Descubra agora