|10 de março|

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•pov gina

- Andrew, preciso sair.

- Pela décima vez, não posso deixar.

Bufei frustada.

- Meu relacionamento está em perigo.

O relacionamento que estava condenado desde o começo por inúmeros fatores:

1. ela namora.

2. o namorado dela é capaz de várias atrocidades.

3. eu me passei por outra pessoa.

A lista é enorme. Mesmo nossa relação tendo vários obstáculos, eu não vou desistir.

- Andrew.

- ANDREW. - chamei novamente, usei minhas habilidades de atriz e coloquei medo na voz.

- O que aconteceu?

Me escondi atrás da porta, quando ele entrou, acertei-o com um abajur.

- Desculpa.

Sai do quarto correndo, passei e parei na porta da sala. Confusa com a quantidade de chaves. Nota mental: quando Amy chegar reclamar das chaves. Enfiei a primeira chave, ela entrou mas não girou, a segunda nem entrou, na terceira ouvi um barulho vindo do banheiro e me virei assustada. Talvez eu não devesse ter desmaiado o policial que estava me protegendo. Me voltei para a porta novamente, tentei outra chave, não entrou. Passos se aproximaram de mim. Enfiei outra chave, ela entrou na fechadura, quando fui virar senti uma mão em meu ombro. Esse era o meu fim.

Tentei me lembrar dos objetos perto de mim, se algum servia como arma, com esforço todos servem. Vi um telefone de parede na cômoda a 5 metros de mim, também há uma faquinha que usei para comer maçã mais cedo. Me virei, engolindo em seco, as mãos tremendo. Olhar para Pimento não seria nada fácil e não foi. Porque não era ele. Era Rosa. A minha ansiedade triplicou, esqueci do meu redor e só foquei nela. Ela parecia impaciente, como se tivesse que ir ao banheiro.

- Estava de saída?

- Indo te ver.

- Onde está Andrew?

- Cochilando.

Ela deu de ombros e indicou o sofá. Me sentei depois dela. Minhas pernas balançavam, mesmo sabendo que essa conversa viria, eu não estava preparada. E como estaria? Nunca imaginei me apaixonar por alguém, mas por Rosa foi fácil. Por isso me lembro exatamente o dia.

Era 10 de março de 2016, primavera, as flores exalavam seu aroma doce no ar, mas eu não prestava atenção em suas cores, meus olhos estavam focados na mulher à minha frente. Os cabelos de Rosa estavam soltos e insistiam em balançar com o vento. Ela estava terrivelmente linda. Pegávamos café para o turno noturno, uma cortesia de Jake Peralta.

- 8 normais e um chá matte.

Agradeci a atendente e me sentei junto a Rosa. Ela me olhava.

- Perdeu alguma coisa?

- Você sabe que não bebo café.

- É, e?

- Nada.

Ela sorriu de lado. Rosa virou o rosto para esconder seu sorriso, mas foi impossível. Ela estava sorrindo por minha causa, para mim. Borboletas brigavam no meu estômago, eu nunca havia sentido aquilo. Eu queria segurar sua mão e nunca mais deixá-la ir.

Passei anos negando, eu não poderia estar apaixonada, não por alguém que não me via da mesma forma. Não por alguém comprometido. Irônico ou não, cá estou eu, 5 anos depois com a cabeça doendo só de olhar para ela.

- Podemos conversar?

Eu assenti. Reparei nela mechendo as mãos, estava tão nervosa quanto eu. Seus olhos encontraram o meu rosto, ela parou de mecher as mão ao ver para o que eu olhava.

- Vou direto ao ponto...

- Desculpa.

Ela piscou.

- Pelo o quê?

Foi minha vez de ficar confusa. Não respondi. Ela deu de ombros e voltou a falar:

- Pimento está tentando te incrimar.

Franzi o cenho.

- Eu conversei com uma mulher por um mês e depois parei, por sua causa. - seu rosto corou. - Enfim, Pimento me mandou o suposto celular dessa mulher para eu acreditar que você se passou por ela para me conquistar ou algo do tipo. - ela começou a rir. - Parece as novelas que eu assisto.

Ela parou de rir aos poucos ao notar minha expressão. Eu estava corada, envergonhada do que havia feito.

- Você não precisa ter medo, eu não acredito nele.

Ela tocou em minha mão. O toque mágico de Rosa Diaz, eu não mereço ser exceção à essa regra.

- Eu sou Giselle.

Um sorriso travesso brotou em seu rosto.

- E eu sou o Batman.

- É sério Rose.

Sua expressão endureceu.

- Eu me arrependo de ter te enganado. Eu juro que ia te contar, eu só... Eu só... - não encontrei palavras, estava frustrada demais. Rosa apenas me olhava, atônita. - Me desculpa. Eu entendo se você não quiser mais falar comigo.

- Você era Giselle?

Assenti. Ela levantou e sumiu pelo corredor. Eu corri atrás dela, o banheiro estava vazio, assim como eu. Eu sentei no chão, me senti derrotada. Como se eu tivesse perdido a batalha, a guerra, tudo. Mas principalmente, perdi Rosa. Não tenho outra pessoa para culpar além de mim. Estávamos condenadas desde o começo, ambas sabíamos, por motivos diferentes, mas sabíamos. Eu continuava olhando a janela atônita, o perfume dela ainda invadia meu nariz. Meu vazio emocional foi preenchido por dor e culpa. Eu gritei até meus pulmões começarem a doer.

- Está tudo bem? - Andrew perguntou. Ele tocou a cabeça. - Alguém me atacou, você foi atacada?

Não o olhei, apenas sai do banheiro e fui até a sala.

- Preciso escrever um relatório caso tenham invadido...

- Escreva no seu relatório que sou uma imbecil, que só sabe machucar os outros. - eu apontei para ele. - Fui eu, perdão.

Minhas desculpas eram sinceras, ele assentiu, aceitando-as.

- Para onde foi?

- Lugar nenhum, recebi uma visita.

Ele me analisou e não falou nada. Deve ter percebido o meu estado, o grande nó na minha garganta, a dificuldade em respirar.

- Quer um café?

Comecei a chorar. Eu tomava café no dia em que me apaixonei por Rosa, agora tomo café no dia em que parti seu coração.





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Message In a Bottle - Dianetti |Concluída|Onde histórias criam vida. Descubra agora