"Caia de amores pela sua solidão"
Perdi o meu precioso sono quando era mais ou menos 5:30h da manhã. Já faz um tempo que isso acontece, não me lembro a ultima vez que acordei e o sol já estava no céu.
Levanto da cama enrolada em um lençol branco e ando até a varanda. A vista do sol nascendo era linda. Foco minha visão no mar, tinha algumas ondas bem bonitas perto das pedras.
Suspirei.
- Por que não - me pergunto sentindo a brisa fresca.
Vou até o guarda-roupa e pego um biquíni branco e simples, visto ele e uma bermuda jeans surrada. Calço meu chinelos e saio do quarto silenciosamente com a minha prancha na mão. A última coisa que eu quero é acordar alguém nesse horário.
Passo pela sala em passos silenciosos finalmente chegando a porta principal. Tomo todo o cuidado do mundo para não fazer barulho, mas pelo que parece ela queria me dedurar, já que rangeu igual aos filmes de terror quando fechei ela. Entro no elevador rapidamente que demora algum tempo para chegar ao térreo. Passo pela portaria e dou bom dia para o porteiro que tomava o seu café tranquilamente.
Caminho poucos metros até chegar na areia. Quando tiro os meus chinelos e meu pé entra em contato com a areia, é como se finalmente eu estivesse em casa. Fecho os olhos e respiro fundo o ar puro que vem do mar.
- Cheguei mãe - falo baixinho para mim mesma.
Caminho até onde as pedras se encontravam, era aonde as ondas estavam mais perfeitas. Elas estouravam com mais força nas pedras do que eu imaginava. É como se elas estivessem se libertando de algo forte que as prendessem.
Deixo meu chinelo na areia junto com meu short, não é como se tivesse algum assaltante acordado quase às 6h da manhã. Entro no mar sentindo a água gelada sobre minha pele que imediatamente se arrepia com o contato. Subo na prancha quando a água chega na minha cintura. Remo com os braços em direção as grades ondas.
O mar era o único lugar que eu realmente me sentia viva e feliz. A sua imensidão me lembrava minha mãe, admirar aquelas ondas enormes me trazia lembranças de quando ela as rasgava e quase era engolida pelos tubos gigantes de água.
Saio de meus devaneios quando uma onda de uns 2 ou 3 metros se forma na minha frente, remo até ela rapidamente e quando chego na sua base me coloco de pé sob a prancha. Por conta da onda estar muito perto da praia só deu tempo de eu dar um 360° seguido de uma rasgada.
Me perdi no tempo e quando percebo o sol já esta queimando nas minhas costas. O sol se encontra tão no alto e forte que imagino ser perto do meio-dia. Suspiro. O tempo passou voando.
Volto para a areia recolhendo as minhas coisas e indo em direção do condomínio. Passo pela portaria e passo reto não encontrando ninguém. Chego rapidamente na frente do apartamento, toda molhada.
- Henrique vai me matar - falo comigo mesma.
Respiro fundo e abro a porta entrando.
- Beatriz Fernandes, aonde a senhorita estava a manhã inteira - ele surge na minha frente com a sua pose de irmão mais velho.
- Apenas fui dar uma volta na praia - falo calmamente indo em direção ao meu quarto. Escuto ele bufando.
- Não custava nada ter avisado - vem atrás de mim igual uma sombra - nem celular você levou Bea, sabe que eu fico preocupado.
Deixo a prancha perto da sacada secando, me viro olhando Henrique que esta no batente da porta com os braços cruzados me olhando.
- Henrique você sabe que eu não tenho mais 15 anos né - dou um sorriso meio torto tentando tirar a sua marra - mas prometo tentar avisar na próxima vez.