22 - MÃOS

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"Dê as mãos para quem está disposto a te segurar quando você tropeçar ou te levantar quando você cair."

- Chelly Herreira



SAIO DA SALA DE CARLISLE e a moça da recepção sorrir pra mim gentilmente quando ando até ela. Ela aparenta estar na casa do quarenta. Seus olhos são azuis, seu cabelo castanho com alguns fios brancos e aparecem lindas covinhas nas bochechas quando ela sorrir.

_ Agora só daqui três meses, não é, Elisa? - Pergunta educadamente verificando alguma coisa no computador na frente dela depois de verificar meu documento de identificação.

_ Sim. - Sorrio me sentindo aliviada.

_ Vai ter um tempinho de folga. - Afirma me devolvendo meu cartão de identidade.

Agradeço e saio do hospital para ir embora pra casa. Fecho meu sobretudo bege depois de sentir um vento gelado e fico grata por ter vindo de bota. Vou caminhando lentamente para casa observando as pessoas e as casas. Depois de alguns segundos ouço vozes masculinas conhecidas vindas de uma lanchonete.

Como estava passando na porta do estabelecimento, já programei meu cérebro a cumprimentar os três meninos. Porém, antes que eu possa falar alguma coisa, alguém grita.

_ Olha lá a Elisa. - Olho para a lanchonete e percebo ter sido Jared o gracista.

_ Oi, pessoal. - Cumprimento de maneira educada quando me aproximo deles.

_ Oi, Elisa. - Embry e Jared falam juntos, e o Call sorrir para mim. Paul simplesmente bufa e vira a cara para outro canto.

_ Embry estava mesmo querendo falar com você. - Jared diz prestando atenção na reação do amigo, enquanto Embry fica me olhando reparando minha reação.

_ Sério!? - Exclamo e o Call desvia o olhar passando uma mão em uma das sobrancelhas. - Você podia ter me ligado então. - Afirmo e ele me encara surpreso, mas posso ver um discreto sorriso aparecendo e sumindo rapidamente dos seus lábios.

Jared rir.

_ Isso, Elisa, conquiste o garanhão. - O Cameron mal termina a frase e Embry dá um tapão na nuca dele. - Isso foi agressivo. - Reclama esfregando uma mão na própria nuca.

Rio achando a interação deles um ótimo entretenimento. Embry se vira para me olhar e eu paro de rir quando percebo que ele está me encarando.

_ O que foi? - Pergunto passando a mão no rosto para ver se deixei vestígios de pasta de amendoim na minha cara.

O Call imediatamente desvia os olhos de mim totalmente envergonhado.

_ Nada de mais, meu amigo aqui só estava contemplando a sua beleza. - Jared passa um braço sobre os ombros de Embry, mas é rejeitado com um safanão.

_ Vou embora. Vejo vocês dois mais tarde. - Paul anuncia subitamente e nós três olhamos pra ele.

Antes que alguém pergunte alguma coisa, ele caminha para a saída, trobando em mim no processo. No início achei que tinha sido sem querer, mas eles me dá um sorriso de deboche. Olho para o Lahote irritada.

_ Tem altura e massa muscular, mas maturidade e cérebro estão em falta contínua. - Falo alto o bastante para ele ouvir.

O cara vira para mim irritado, sendo que foi ele quem agiu feito um perfeito idiota.

_ O que você disse? - Questiona com o maxilar trincado. Embry já está ao meu lado protetivamente e Jared se levantou da cadeira alarmado. O único cliente além de nós quatro, foca sua atenção na nossa discussão.

_ Paul, já chega. - Embry diz com a voz firme e ríspida.

_ Tenho que ir pra casa. Tchau, Embry. Tchau, Jared. - Despeço-me. Jared só acena com uma mão e Embry nem responde. Dou um passo para sair, mas Paul segura meu pulso.

Reviro meus olhos entediada antes de encarar ele.

_ Eu não te dei permissão para tocar em mim. - Digo entredentes. Mas antes que ele responda, Embry empurra-o nos desgrudando e dá um soco na cara de Paul.

Fico de olhos arregalados por um tempo sem saber como agir. Antes que eu pense em alguma coisa, Embry estende sua mão com os olhos brilhando de raiva e eu nem sei porque eu quase que imediatamente juntei nossas mãos.

Saímos andando para fora da lanchonete a largos passos e eu só escuto um Jared frenético tentando acalmar um Paul com síndrome de pinscher.

Andamos até a porta de mãos dadas, passamos pela porta de mãos dadas, atravessamos a rua de mãos dadas e eu percebi que queria ficar perto dele de mãos dadas.

Quando passamos na porta de uma loja e uma senhora diz "que casal bonito", eu rapidamente recolho minha mão e coloco dentro do sobretudo. Embry me olha parecendo um pouco magoado com meu gesto.

_ Desculpe, nem percebi que ainda não tinha soltado nossas mãos. - Murmuro olhando para todos os lugares, menos para ele.

_ Não precisa se desculpar. - Eu olho para ele e vejo um sorriso afetuoso. - Eu não me desculpo porque se dependesse só de mim, eu nunca soltaria. - Desvio meu olhar com tanta sinceridade e intensidade no olhos dele.

SÃO MUNDOS DIFERENTES ||Embry Call||Onde histórias criam vida. Descubra agora