EU ABRO OS OLHOS INVOLUNTARIAMENTE. Estou deitada de barriga para cima sobre uma cama fofa. A luz da lua brilha ternamente entre a escuridão da noite. Reúno toda minha força, mas não consigo me mexer, é como se eu estivesse presa no chão. Por que não consigo me mexer? Como cheguei até aqui? Minha mente volta na última coisa que me lembro: eu estava fazendo um feitiço para descobrir como acabar o poder de todos os ambiciosos. Mas por que vim parar nessa floresta?
Finalmente meu corpo se levanta, mas é como se ele tivesse vontade própria. Sem querer, saio da cama e meus pés tocam o chão.
Escuto alguns cavalos relichando e, estranhamente, a ansiedade e preocupação tomam meu corpo.
_ Onde ele está? Será que ele está bem? - Escuto minha voz sussurrando e minha boca se mexendo, mas não sou eu quem está fazendo isso.
Parece que sou uma viajante no meu próprio corpo.
Quem quer que seja que está no controlo, olha para baixo a fim de tirar alguns matos do pé. Nesse momento, vejo a roupa que estou vestindo: um vestido longo, apertado da cintura para cima e cheio de panos por baixo.
_ Que porcaria é essa? - Murmuro incrédula olhando para aquela roupa claramente fora de moda. O murmuro fica preso na minha cabeça, não consigo exteriorizá-lo.
Suspiro mentalmente, se isso é possível, em compreensão. Parece que estou no passado, e esse corpo não me pertence.
A garota a quem pertencia o corpo começou a correr. Ela parecia bem desesperada, correndo pelos corredores do que parecia ser uma mansão.
A moça chama por uma mulher uniformizada que estava abrindo uma porta enorme.
_ Posso ajudar, senhorita? - A mulher pergunta educadamente.
_ O senhor Lowell chegou? - A voz se parece muito com a minha, mas soa extremamente suave e formal.
A mulher faz uma expressão triste.
_ Sim, senhorita. - Responde e hesita antes de continuar. - E ele chegou com os cavaleiros do meu senhor e eles seguiram para o rio. - Sua voz diminui alguns tons para dar esse informação.
Agora o coração da moça está ainda mais disparado. Sinto uma dor no peito e um medo surreal.
_ Senhorita, por favor, não vá lá. - A mulher suplica.
_ Eu preciso ir. Se eu não for, meu tio vai matá-lo. - A jovem que estou ligada murmura com a voz falhando e sinto seus olhos se enchendo de lágrimas.
Sem esperar resposta, ela sai correndo mais rápida do que antes. Ela sai da mansão e segue para o uma floresta que há atrás da residência. Sem hesitar, corre por entre as árvores velozmente.
Ao avistar um rio, ela logo vê também três homens. Todos olham para ela quando ela deixa a proteção da mata. O olhar de um dos homens é de puro desgosto e desprezo.
_ O que você está fazendo aqui? - O homem antipático e mais bem vestido questiona irritado.
_Onde ele está? - A voz da moça sai entrecortada, tanto por causa da respiração ofegante, quanto por causa do medo. - Onde Harry está?
Harry!? Esse é um nome dito pelas vozes na minha cabeça.
_ Onde é o lugar dele. - Seu olhar se vira sutilmente para o rio, e depois ele sorrir com orgulho. - Você sabe, Eloise, eu jamais deixaria você se casar com alguém sem o dom da magia. Além disso, a família dele com a do seu pai pode acabar com o poder dos Heiguells. E como você já deve saber, eu sou um Heiguells muito ambicioso.
Eloise!?
Heiguells! Ele é um Heiguells.
Antes que eu possa pensar mais sobre os nomes que já ouvi antes em fases desconexas na minha mente, a garota começa a correr em direção à água, mas alguém segura seu braço.
_Solta! - Ela grita se debatendo. - Mande seu subordinado me soltar. - Diz berrando em plenos pulmões.
O homem mais velho arqueia as sobrancelhas e sorrir maldosamente.
_ Deixe-a. Se ela quer morrer com um pobre e insignificante, deixa-a fazer isso. - Ordena ainda sustentando o sorriso maléfico.
O subordinado solta e a garota se lança na água sem pensar duas vezes. Ela mergulha nas profundezas do rio procurando loucamente o rapaz que ela tanto almeja proteger.
Logo nós vimos um corpo se debatendo na água. Quando nos aproximamos, percebo que ele está com as pernas e as mãos amarradas. Nadamos rapidamente até ele, e me assusto com o que vejo.
Não é possível.
A pessoa ali amarrada se afogando era idêntica a Embry. Eu também comecei a me desesperar para salvá-lo. Eu queria me separar do corpo no qual estava presa para fazer alguma coisa por ele. Ver aquele rosto sob aquela água fria e sufocante estava acabando comigo.
A garota chega até ele. E eu percebo que são correntes com cadeados, não cordas. Ela puxa balança as correntes e percebemos que as correntes também estão presas em uma enorme bola extremamente pesada.
Começamos a mexer naquelas correntes desesperadamente. Ela tenta usar magia, mas parece que o assassino já se preparou para isso, por que a magia se mostrou ineficiente. Vendo que não tem saída, o garoto com o rosto de Embry começa a balançar a cabeça de um lado para o outro. Ele aponta com o queixo para cima, indicando a superfície. A garota também balança a cabeça como se dissesse que não iria embora.
A jovem começa a chorar, e se eu tivesse um corpo agora, estaria chorando também. Quando eu sinto que o corpo no qual estou está se afogando, eu olho no fundo dos olhos do rapaz. E ali, olhando no profundo daquele olhar desesperado, eu vejo: não era apenas uma pessoa parecida com Embry, era Embry.
Aquele era o nosso passado. Nós já nos conhecemos em outra vida.
VOCÊ ESTÁ LENDO
SÃO MUNDOS DIFERENTES ||Embry Call||
FanfictionO que você faria se entrasse dentro de um livro? E ainda de quebra você encontrasse o amor da sua vida? Foi isso o que aconteceu com Elisabel Duarte Marques. Ela simplesmente acordou dentro de Crepúsculo como a irmã da protagonista e com um novo no...