38 - PERDA

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"Eu sabia que era preciso tempo. Cada perda tem sua hora de acabar; cada morto, seu prazo de partir, e não depende muito da vontade da gente."

- Lya Luft

EMBRY CALL

SAIO CORRENDO DA CASA SWAN EM FORMA DE LOBO. Mary grita meu nome várias vezes, mas eu não olho para trás. A imagem de Elisa deitada no chão inerte não para de passar na minha cabeça. Enquanto corro sem rumo, a memória dela é como socos no estômago. 

_ Embry, fique calmo. - Escuto a voz de Leah e rosno.

_ Vocês esconderam de mim o que estava acontecendo. - Grito dentro da minha cabeça e sinto os outros encolherem. 

_ Embry, você está muito alterado. - Paul aponta. Na minha mente, eu rio sem humor.

_ Engraçado isso vindo de você, Paul. - Ironizo rindo sem um pingo de humor. 

_ Sinto muito, Embry. - Seth diz soando cheio de remorso, mas eu não me deixo abalar.

_ Só me deixem em paz. - Falo baixo, a tristeza vencendo a raiva. - Eu quero ficar sozinho agora. - Digo tentando falar em tom firme, mas escuto minha própria voz trêmula na minha mente. 

Eles vão voltando a forma humana um a um, Leah foi a primeira a me deixar em paz. Vendo os pensamentos dela, percebi que ela me entende mais do que todos, ela conhece a dor da perda, a dor de perder algo preciosa que você sabe que nunca irá recuperar. Quando todos somem, acelero meus passos. Mas quando vou atravessar uma estrada, eu estava tão confuso e tão abalado, que quando percebi que um carro estava vindo na minha direção, já era tarde demais. Sou atingido em cheio. Ainda consigo correr para me esconder na floresta, porém, apago depois de alguns segundos.

Abro meus olhos, mas percebo que não foi uma iniciativa apenas minha. Percebo três homens à minha frente, pessoas que nunca vi na vida, mas por alguma razão, o desprezo por elas transborda em mim. Como parei aqui? Será que o motorista me viu como lobo? Tento falar, mas nenhuma palavra sai da minha boca. Tento mexer e me levantar, mas nada acontece. 

De repente, dois deles se aproximam de mim e me levantam do chão. Caminhamos alguns metros e tento lutar contra eles, mas sem sucesso. Isso me faz começar a entrar em pânico. Por que não consigo me mexer quando tem dois idiotas me carregando como se eu fosso um saco de lixo? 

As correntes que estão me prendendo fazendo barulho e machucam meus punhos e pernas. 

_ Hoje acabamos com isso. - O terceiro homem sorrir sadicamente e sinto minhas mãos se fechando em punho. 

Sem demorar muito, ele acena com a cabeça e os dois capangas me jogam na água fria, fazendo eu perceber o rio pela primeira vez. Espere. Por que estou sentindo frio?

Eu faço movimentos para alcançar a superfície, mesmo não parecendo estarem vindo realmente de mim. 

Enquanto eu tentava sair dali e ao mesmo tempo tentava entender o que estava acontecendo, vejo alguém na água nadando em minha direção, parece uma garota. Quando ela chega mais perto, meu coração acelera. É Elisa. Mas como? Elisa morreu. Ela se aproxima e tenta me soltar. Depois de alguns segundos, percebo que isso é em vão. Começo a indicar a superfície para ela, tentando de alguma forma salvá-la, pelo menos desta vez. Porém, ela imediatamente se recusa, balançando a cabeça como se falasse que não iria embora. Eu sinto uma enorme vontade de chorar vendo ela ali, tentando de todo jeito me tirar da água, e eu não consigo fazer nada por ela. 

Elisa começa a chorar, mesmo não podendo ver as lágrimas por causa da água, percebo que ela está chorando. Seu olhar para mim é de culpa e ela me olha como se pedisse perdão, como se aquilo tudo fosse culpa dela, como se ela tivesse me jogado na água para morrer. Eu queria falar que vai ficar tudo bem, que ela não precisa chorar por minha causa, mas estou paralisado dentro do meu corpo mais uma vez. 

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