14 - TESOURO

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"É um tesouro sem preço, um gostar sem distância, nas horas de dúvida, de alegria, demais para ser perdida... é uma opção de amor, é a descoberta da alma, irmã." 

- ANTOINE DE SAINT-EXUPÉRY

Acordo sobressaltada com alguém me balançando. Pisco meus olhos freneticamente, enquanto escuto minha respiração ofegante. Quase sou capaz de escutar meus batimentos cardíacos quando me sento na minha cama.

_ Elisa, respire fundo. - Olho para minha irmã que está sentada na beirada da cama.

_ Pesadelo? - Me encara e eu apenas assinto com as mãos tremendo.

Enxugo o suor que desce pela minha testa com a manga do moletom.

_ Já tem cinco dias que você está tendo esses pesadelos, Elisa. E cada dia um diferente. - Bella diz franzindo o cenho. - Tem certeza de que não quer marcar uma consulta com algum psicólogo?

_ Tenho. - Respondo me levantando. - Vou ficar bem.

Eu já considerei procurar ajuda profissional psicológica, mas compartilhar meus pensamentos e medos com uma pessoa que não conheço não é uma ideia que me deixa confortável.

Caminho para o banheiro e Bella segue cada passo meu. Deixo a porta aberta enquanto tomo banho. Eu sei que se eu fechar, ela não vai me deixar em paz de tanto perguntar se estou me sentindo bem.

Todos os dias ela me acorda por causa dos meus pesadelos. Meu pai ficou tão preocupado que propôs eu deixar Bella dormir no meu quarto por um tempo. Ela aceitou de bom grado, e eu também. Ter alguém para me acordar quando tenho sonhos ruins é reconfortante.

Respiro fundo ao vestir outro moletom. Esses pesadelos estão acabando comigo. Não estou dormindo direito, e Bells também não. Estamos com olheiras já. Isso está saindo do controle.

Deito-me para tentar dormir de novo e Bella se joga ao meu lado. Fecho meus olhos e escuto um suspiro cansado da minha irmã, subitamente a culpa bate mais uma vez.

_ Me desculpe por isso. - Sussurro ressentida. - Estou cansando você e nosso pai, principalmente você.

Bella respira fundo e escuto ela se mexer sobre o colchão.

_ Não é sua culpa. - Diz com uma voz tranquilizadora. - Nós não controlamos nossos sonhos nem nossos sentimentos. Às vezes, os momentos tempestuosos nos atingem e nos fazem reféns. Não tem o que se fazer sobre isso. Só temos que nos apoiar e cuidar um dos outros. Isso é bonito e certo.

Acendo a luz do abajur e viro-me para minha irmã sorrindo.

_ O que foi? - Franze as sobrancelhas me olhando confusa.

Sustento minha cabeça com ambas as mãos no queixo, enquanto meus cotovelos ficam apoiados na cama.

_ Alguém já te disse que você parece uma filósofa? - Digo com um sorriso.

_ Não, nunca. - Rir negando.

Bato meus dedos no meu rosto, encenando uma profunda reflexão.

_ Você está muito sensível. - Minha voz soa divertida. - Acho que tem uma pessoa apaixonada aqui. - Encaro ela com um largo sorriso. - Então... Como que vai o meu cunhado stalker? - Ela sorrir. Essa menina está feliz demais. Arregalo meus olhos com o entendimento.

_ Vocês se beijaram não foi? - Grito e ela pula em cima de mim para tampar minha boca.

_ Fale baixo. - Tira a mão do meu rosto e eu continuo sorrindo.

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