40 - SONHO

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"A vida é um sono de que o amor é o sonho, e vós tereis vivido se houverdes amado."

- Alfred de Musset



De repente, apareço em um corredor totalmente vazio e cinza. Começo a andar passando por várias portas. Encontrarei Embry em apenas uma delas. Mas qual? Ando pelo corredor devagar, observando cada porta com cuidado. Passo por várias portas, mas uma me chama a atenção; uma porta branca com dois símbolos distintos em azul. Aproximo-me dela devagar e toco o símbolo que qualquer bruxa conhece bem: o pentáculo. Depois, um pouco mais confiante, coloco meus dedos delicadamente sobre o lobo ao lado do pentáculo. Tanto o lobo quanto o pentáculo estão unidos por uma coração rosa. É isso, esta porta representa o nosso amor. 

Respirando fundo, toco a maçaneta verde. Fecho meus olhos bem apertados e giro a maçaneta. No instante em que abro meus olhos outra vez, vejo uma figura deitada no chão inerte. Caminho a passos lentos e hesitantes, até parar a alguns centímetros de distância. Meu coração está pulsando rápido como um louco.

_ Eu sinto muito, Eloise. Eu sinto muito por nunca ter te salvado, Elisa. - A frase ecoa no quarto escuro como eco, todas as vezes que ela é repetida por Embry. 

Ele se recordou, ele se lembra do meu antigo nome. 

Chego um pouco mais perto e me agacho para tocá-lo. Coloco uma mão sobre seu ombro delicadamente e chamo seu nome com uma voz suave. Ele se vira para mim e arregala os olhos surpreso quando me visualiza. 

_ Elisa!? - Sussurra em uma voz baixa e dolorida. - Você... Você está viva?

Dou-lhe um sorriso confortador.

_ Sim, é uma longa história. - Falo baixinho por algum motivo desconhecido. 

Ele fica para o meu rosto por alguns segundos, em um completo silêncio. 

_ Você está mesmo aqui ou eu estou sonhando? - Questiona no mesmo tom baixo e triste.

_ Eu estou aqui, Embry, de verdade. Eu vim para te salvar, nos salvar. - Dou-lhe um sorriso doce e calmo. - Vamos para casa. Posso tirar nós dois daqui. - Digo estendendo minha mão, esperando que nós fiquemos de mãos dadas. Mas ao invés de unir nossas mãos, Embry me puxa para um abraço apertado.

Sou pega de surpresa no início, mas logo correspondo o gesto de carinho.    

_ Eu senti sua falta por todos esses anos, Harry, mesmo não me lembrando de você. - Murmuro sobre seu ombro.

Escuto ele suspirar profundamente.

_ Eu sei. Eu também, Eloise. - Respiramos fundo juntos, aproveitando aquele momento tão precioso. 

Sinto o coração dele pulsando e o som da sua respiração, duas coisas que me fazem relaxar imediatamente. 

_ Se isso for um sonho, eu não quero acordar nunca mais. - Murmura e sinto sua respiração nos meus cabelos.

_ Não é um sonho. - Garanto fechando meus olhos para apreciar ainda mais o momento tão precioso. 

Nosso abraço é interrompido quando alguém bate na porta.

_ Elisa, não demore, é perigoso ficar aí por muito tempo. - Escuto a voz da minha melhor amiga aconselhando do outro lado. 

_ Precisamos ir. - Digo para Embry e nos levantamos do chão. 

Começamos a andar em direção à porta de mãos dadas. Coloco uma mão sobre a maçaneta e Embry sorrir carinhosamente para mim. Giro minha mão, mas nada acontece. Olho para Embry confusa e ele me devolve o olhar. Tento mais uma vez, sem sucesso. 

_Hum... Acho que isso não vai funcionar. - Escuto uma voz debochada atrás de mim que me faz arrepiar. Quando nos viramos, vemos a Sharon com um sorriso sádico nos lábios. Ao lado dela, mais um tanto de pessoas. Não tive tempo de contar, mas são mais de vinte. Embry rapidamente me puxa para perto e se posta a minha frente, mesmo sendo eu a pessoa que deveria fazer isso.

_ Sharon. - Digo tentando deixar apenas o desgosto transparecer no meu tom, evitando mostrar o quanto estou com medo. 

_ Olá. Faz algum tempo, não é mesmo? - Diz me encarando com desdém.

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