Capitulo 5 - Se reinventando...

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SANEM
6 meses atrás...
Durante o período em que estive na clínica, fiz vários exames e, como nada parava no meu estômago, o médico me questionou várias vezes se eu poderia estar grávida, mas eu afirmava que era impossível. Eu estava tão fora de mim, que a minha cabeça parecia não raciocinar. Depois de muita insistência, me dei conta, que minhas regras não vieram neste mês, seria pelo estresse, ou... Será? Na verdade, nem lembrava quando menstruei pela última vez. Fiquei tentando rever tudo e lembrei, que no período em que eu e Can estivemos separados, após a briga por causa do perfume, eu parei a pílula, achando que ele fosse embora por muitos meses, e eu sabia que não me envolveria com ninguém tão cedo. Porém, no dia em que nos reconciliamos, estávamos com tantas saudades, que fizemos amor, sem lembrar do preservativo. Quando me dei conta e falei para o Can, ele disse para eu não me preocupar, pois não pretendia me perder nunca mais. Tudo aconteceu tão rápido, o aniversário do Can, nosso noivado, as tentativas frustradas de organizar nosso casamento, diante da incompatibilidade de opiniões de nossas famílias, a surpresa com o casamento de nossos irmãos, nossa separação...💔😢
Ah! Sanem, ah! Eu ainda posso sentir o calor de seus braços, seu cheiro amadeirado, seu gosto... Ah, meu amor, sem você eu apenas sobrevivo! Será que algum dia eu vou superar isso? E se eu estiver esperando um filho? Devo estar de umas dez ou doze semanas...
Converso muito com minha nova amiga Mihriban, ela conhece minha história, pelas coisas que eu contei e pelos manuscritos do meu livro. Ela foi lendo e opinando. Ela me aconselhou a não tomar nenhuma decisão precipitada, que eu me arrependesse depois... ela garantiu, que estaria ao meu lado e, que o tempo cura ou, o mínimo, ameniza as dores.
Ela me convidou para morar numa casa na fazenda dela, eu aceitei na hora. Seria ótimo ficar em contato com a natureza, num ambiente diferente, num lugar só meu, onde eu pudesse finalizar o meu livro e cuidar do meu filho...
Outra pessoa que conheci na clínica, foi Deniz, ela é psicóloga e tem me ajudado muito. Ela também mora na fazenda de Mihriban.
Se for verdade, que estou grávida, meus pais não podem nem sonhar, muito menos Leyla e Emre. Ele deve ter algum contato com Can e, se algum dia ele voltar, que seja por mim, de preferência de livre e espontânea vontade.
No final, o médico pediu um teste de gravidez, até para escolher remédios que não prejudicassem a criança.
Eu estava tão enlouquecida, mas por incrível que pareça, a única que certeza que eu tinha, caso estivesse grávida, era que eu teria esse criança.
Quando o teste deu negativo, eu fiquei arrasada, parecia que eu havia perdido um filho, o médico explicou que eu poderia estar sem menstruar por toda a situação... Mesmo assim ele manteve os remédios, como se eu estivesse grávida, para o caso de tratar-se de um falso negativo.
Na medida em que eu fui melhorando, eu dizia a todos, que eu não queira mais saber do Can, nem que ele aparecesse pintado de ouro. No fundo era uma grande mentira, eu estava negando meus sentimentos, eu o queria mais que tudo, eu o amo tanto, mais do que a mim mesma. Nunca houve e nunca haverá outro.
Assim que sai da clinica, fui com Mihriban para a fazenda e amei o lugar, minha casa era muito agradável, com uma área verde maravilhosa, excelente para eu escrever e retomar minha vida, com o que restou de mim.
Eu cozinho para mim e estou me aperfeiçoando. Quem diria?! Fiz uma pequena horta, com ervas para chás e temperos. Mexer na terra me relaxa e faz o tempo passar... organizei um lugar para fazer meus cremes e fragrâncias, onde passo boa parte do dia.
Ceycey e Muzo estão sempre por perto e, até Deren vem passar a tarde comigo, às vezes! Sem falar dos meus novos amigos Mihriban, Deniz e Boulut. Estou sempre rodeada de pessoas, mas continuo presa num lugar escuro, sem janelas... minha solidão.
O pessoal da clinica orientou Mihriban e Deniz a entregarem apenas a dose diária da medicação que eu tomava, para que eu não cometesse nenhuma loucura e ingerisse os comprimidos todos de uma vez... Elas pensam que eu não notei. Elas colocam essa dose diária em umas garrafinhas plásticas e me entregam no entardecer, próximo ao horário recomendado.
A fazenda fica na costa e passo horas sentada no deck olhando o mar. Em geral, levo a garrafinha do dia com outra de água, papel e caneta, para escrever uma mensagem, que eu coloco dentro da garrafinha vazia e a lanço no mar, após ingerir o medicamento. Quem sabe Can não acha, ao menos uma? Eu não sei por onde ele anda, mas quem sabe um dia, num banho de mar, uma das minhas mensagens chegam até ele... Será que ele pensa em mim? Será que ele está bem, vivo e feliz? Será que encontrou alguém? Melhor não me enganar, passou tanto tempo e nem sinal dele... Deve ter seguido em frente! Respiro fundo, fecho os olhos e medito, preciso me acostumar com essa possibilidade, equem sabe sofrerei um pouco menos? Esses pensamentos são recorrentes, especialmente quando estou frente ao mar, escrevendo uma mensagem, para lançar ao mar...
Há muito tempo atrás, assisti um filme "Message in a Bottle" com o Kevin Costner, onde ele fazia o papel de um viúvo, que lançava mensagens ao mar numa garrafa, para sua falecida e amada esposa. Uma jornalista encontrou uma delas, o procura para uma entrevista e eles acabam se apaixonando.
Todas as mensagens, que eu escrevi nos últimos meses, foram para o Can, como essa:
"Faz muito tempo que estou longe de você,
não importa o quanto eu tente,
não consigo esquecer e largar tudo.
Como você pode apagar um amor?
Os anos me fizeram aprender,
que o amor não é como nos velhos contos de fadas.
O amor causa dor, o amor dói, o amor enlouquece.
Mas você volta, você tenta de novo, você ainda espera,
não é uma história, mas o amor é uma esperança,
por favor, não me deixe sem ele.
Se for um erro, vamos cometer esse erro juntos,
se quisermos nos queimar, vamos queimar juntos;
não me deixe, por favor, volte para mim,
me encontre, fique comigo"

Hayal Edemezsin
(Você não pode imaginar)
Fikri Karayel

Quando chegar a hora e você partir
O outono chega ao meu rosto, as flores se fecham
A tristeza inunda a cidade, quando você se vai
Todas as bandeiras são baixadas, as frases ficam mais curtas
Você não acreditaria se visse
o tempo pára, para esperar que você volte
Se eu te contar um milhão de vezes, você não acreditaria
Os pássaros não voam, as folhas caem, os livros ficam amarelados
As rádios não tocam, a cidade inteira compartilha a minha dor

Quando chegar a hora e você voltar
E o verão chegar no meu rosto, o sol nascerá novamente
A cidade será sua, quando você voltar, não me pergunte como
As horas farão sentido, sem que você perceba
Você não acreditaria se visse,
o tempo pára, para esperar que você volte

Se eu te dissesse um milhão de vezes, você não acreditaria
Os pássaros não voam, as folhas caem, os livros ficam amarelados,
As rádios não tocam, a cidade inteira compartilha a minha dor

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Nota da autora:
E aí pessoal, será que Sanem estava realmente grávida ou foi alarme falso?! 
Continuem votando e comentando... Gratidão por estarem comigo nessa viagem! 🙏🏻🙏🏻🙏🏻❤️🌹🤜🏻🤛🏻

Quando o amor é mais forte...Onde histórias criam vida. Descubra agora