Capítulo 80 - Depoimento de Hüma

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HÜMA
Fui depor na expectativa de provar minha inocência. Eu só queria separar Can e Sanem, jamais desejaria a morte do meu filho. Eu queria uma nora, que fosse de uma família da alta sociedade, para poder ir às festas, conviver com milionários e quem sabe me casar novamente! Mas, as coisas viraram e saíram do meu controle...
P: Senhora Hüma como a senhora conheceu o réu?
H: Pólen me apresentou a ele, em uma das comemorações da agência em nossa casa.
P: Soube que a senhora não aprovava a relação do seu filho com Sanem. Por que?
H: Meu filho é muito bem nascido e bem criado... Além de ser um homem lindo, é muito inteligente, culto, viajado, publicitário competente e fotógrafo famoso mundialmente... Poderia ter a mulher que ele quisesse, dê preferência uma moça bem nascida e de família abastada, como ele. Pólen me parecia mais adequada, para ele. Mas, ele era cego, por causa de Sanem... - quando olhei para Can, ele pareceu incrédulo e indignado com minhas palavras.
P: Em outras palavras, a senhorita Sanem era pouco para seu filho?
H: No início, eu achava isso e até apoiei a Pólen, na tentativa dela reconquista-lo, especialmente quando ele rompeu com Sanem e aceitou um trabalho, para fotografar nos Balcãs, por alguns meses. Mas, eles reataram, ficaram noivos e Pólen desistiu de vez...
P: E onde entra Yigit nessa história?
H: Ele apareceu nessa fase, em que estavam rompidos. E eu logo percebi sua paixão platônica por Sanem.
P: E o que a senhora fez?!
H: Eu fiz amizade com ele, conhecia suas intenções e plantamos pitadas de discórdia, aqui e ali...
P: Vocês planejaram a queima do caderno?
H: Não. Yigit pensou na hora, aproveitando a situação.
P: Então, a senhora gostou?
H: Sim.
P: E onde entra a história da lesão na medula?
H: Eu precisava de um motivo para separa-los... Sanem estava chateada com Can, achando-o violento, agressivo... Deduzi, que esse tipo de lesão seria a gota d'água... E foi!
P: Então, a lesão foi uma invenção de vocês, para aumentar a discórdia entre o casal?!
H: Sim! Sanem se sentiu culpada, por ser o pivô da briga entre Can e Yigit. Can não aceitou o fato dela não confiar nele e foi embora, permanecendo um ano fora.
P: Mesmo tirando Can do caminho, Yigit não conseguiu conquista-la?
H: Não! Depois de ver o quanto ambos estavam infelizes, com o rompimento e a inevitável reaproximação deles, com o retorno de Can, compreendi que nada poderia separa-los, especialmente quando soube dos filhos deles...
P: Os filhos deles são seus netos, não?!
H: Si-sim, são meus netos... - disse hesitando. - Foi então, que eu comecei a falar com Yigit, para desistir de Sanem e da ideia de separa-los. Mas, ele estava obcecado e só falava em tirar o Can do caminho. Em alguns momentos, eu o achei agressivo e descompensado, fora do padrão dele, que sempre foi muito calmo e equilibrado. Mas, jamais pensei que ele chegaria a tal ponto.
P: E o que a senhora fez?
H: Eu conversei com ele, aconselhei, mas ele estava obstinado... Quando ele escreveu a carta, para eu entregar para Sanem e disse que iria embora, eu acreditei e fiquei aliviada. Mas, ele não foi e tramou a morte de Can! Eu só me dei conta, quando o encontrei, tentando sufocar Can, que estava em estado de coma no hospital. Felizmente meu filho chegou e conseguiu contê-lo.
P: Seu filho? Mas, Can também não é seu filho?!
H: Claro! Apenas maneira de dizer...
P: Seu ex esposo, ou a senhora tem outros filhos de outros casamentos?
H: Não. Apesar de Can ter nascido no mesmo dia e no mesmo hospital, que o filho da amante do pai e ser seu filho legítimo! O filho da amante morreu... Então, o pai dele só tem esses 2 filhos, Can e Emre.
P: Como assim? - falei demais! Queria jogá-lo contra o pai e Mihriban, mas acabei me traindo...
H: Ele é meu filho e filho legítimo do pai dele, pois nasceu dentro do casamento... o outro morreu de toda forma e, que eu saiba, não há outros filhos. - Aziz olhou incrédulo para Mirhiban, que estava a seu lado! Ele nunca soube da gravidez dela! E ela nunca soube, que demos a luz no mesmo hospital... mas seu filho morreu ao nascer!
P: É verdade, que quanto se separou do pai de Can, a senhora o deixou com apenas 6 anos e levou somente Emre?
H: O pai não queria, que eu levasse nenhum dos dois, por isso eu o convenci de levar o menor, por ser muito novo, para ficar longe da mãe!
P: Mas a senhora nunca visitava o Can e não fazia questão de que ele fosse para a Suíça, na sua casa?
H: Sim... - o feitiço virou contra o feiticeiro, eu sou a vilã... - Eu não aguentaria novas despedidas... foi muito sofrido para mim!
P: E preferiu ficar anos sem ver o seu filho?
H: Foi a forma que encontrei de lidar, com a dor da separação... - fiz cara de pesar.
P: Hum! Então, a senhora não participou das adulterações dos veículos e sequer sabia, que Yigit não tinha retornado para o Canadá?
H: Não! Eu não sabia! - disse com convicção, pois não sabia mesmo.
P: O seu processo corre a parte, a senhora está impedida de sair do país e, por enquanto responde em liberdade, por ser primária e não representar risco para a sociedade. Está liberada.
Quando passei por Yigit, ele se levantou e me encarou com um ódio, que eu pensei que ele disse me bater.

AZIZ
Fiquei chocado com as revelações de Hüma, como eu nunca soube da gravidez de Mihriban? Mas ela terá de me explicar essa história, ainda hoje! Saímos da sala e eu estava tão chateado, que nem dei a mão, para ela. Ela me seguiu e, assim que entramos no carro, eu disse:
A: Acho que você tem muita coisa para me explicar, não? Você terminou comigo, sem nenhuma explicação e grávida? - ela olhou para as mãos e lágrimas rolaram pelo seu rosto. Depois de um tempo, respirou fundo e falou:
M: Hüma fez uma armação, para que eu pensasse, que vocês estavam tendo um caso e eu acreditei. Após algum tempo, percebi que ela tinha armado tudo, mas era tarde demais, vocês já estavam casados e ela grávida, mais ou menos do mesmo tempo que eu. Então, decidi me afastar de vez e ter meu filho sozinha...
A: Como assim? Eu jamais abandonaria meu filho e você. Eu te amava, sempre te amei. - disse incrédulo.
M: No dia da festa da agência na sua casa, antes de eu pedir para sair da agência. Você lembra? - eu assenti - Ela colocou algo em sua bebida e te levou para o seu quarto, tirou suas roupas e as dela e deitou embaixo dos lençóis com você. Eu dei falta de você e comecei a procurá-lo, quando entrei no quarto, vi vocês dois, ela me pediu desculpas e começou a chorar, dizendo que vocês estavam apaixonados e não tinham coragem de me contar... eu acreditei! Eu revi aquela cena na minha cabeça, um milhão de vezes e, após algum tempo, comecei a pensar sobre o seu sono profundo, pois você não se mexeu durante a nossa discussão e a choradeira dela... Ela mesma me confessou depois de muito tempo, que foi tudo uma armação, afinal eu sempre tive de tudo e não precisava casar com um bom partido, como você... Mas, eu não estava interessada no seu dinheiro, você era o homem que eu amava!
A: Por que você não falou comigo? Eu jamais entendi o motivo de você ter rompido comigo e ter sumido? Eu sofri muito, cai na bebedeira várias vezes e ela sempre apareceu, para me consolar... Até que numa dessas vezes, transamos e ela engravidou. Eu nunca a amei, casei porque ela estava grávida e o pai dela me pressionou.... Eu apenas me deixei levar... Mas, e o nosso bebê? - perguntei aflito.
M: Ele morreu logo após o nascimento, apesar de toda a minha tristeza, tive uma gravidez sem intercorrências, mesmo assim ele se foi... Levei anos para digerir...
A: Que ironia do destino, Hüma teve uma gravidez difícil, Can nasceu antes do tempo, mas sobreviveu... - De repente parei para pensar... - Espera, Hüma disse que nossos filhos nasceram no mesmo hospital... sempre estranhei o fato de Can ter nascido tão grande, apesar de ter nascido pré-termo, e de ter saído com a mãe do hospital! - ele estava pensativo. - na família de Hüma, todos tem olhos azuis e eu também tenho olhos claros, como Can tem olhos escuros? - Eu a encarei pensativo.
M: Em que você está pensando? - eu estacionei o carro e segurei seu rosto com as duas mãos, com lágrimas nos olhos. Ela me olhava parecendo não entender nada, ou estava tentando se enganar.
A: Vamos fazer um exame de DNA!
M: Aziz... Eu, não quero me iludir! Será que ela chegaria a tanto?
A: Você tem dúvidas?! - ela negou com a cabeça. Ela, tanto quanto eu, sabíamos que Hüma seria capaz de qualquer coisa, para alcançar seus objetivos...

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E aí pessoal? Decidi dar uma chacoalhada na história! Será que Can não é filho de Hüma?
O que vocês acham? Aguardo os comentários...

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