Quando o amor é mais forte...

Capítulo 24 - 2º Vale: das Reuniões (medos)

Caner fugiu de casa e sua mãe veio procurá-lo na fazenda, pois sabe que ele gosta muito de Sanem.
Can escutou a conversa e disse que ele o procurou pela manhã, perguntando sobre viagens e ele o ensinou a usar um mapa. Can supunha, que ele seguiu em direção a floresta, para encontrar o porto, após o morro.
Diante disso, ele propôs, que se dividissem em duplas, para rastrear a mata. Deren foi com Bulut, CeyCey com Muzzo, sobrando Can e Sanem...
Ela pediu a Mihriban, para cuidar dos gêmeos e avisou que estaria com o celular... Aziz, Mihriban e Deniz se prontificaram a ficar com as crianças e ela foi tranquila.
Eles caminharam juntos, se alfinetando grande parte do tempo.
Can foi encontrando alguns sinais, que Caner deixou pelo caminho, incluindo o mapa e comentou com Sanem. Ela contou que Nesrin, mãe de Caner, o criava sozinha e disse, pensando alto, que não sabia onde ela estava com a cabeça, quando desejou ter três filhos... Can ficou surpreso e lembrou de seu sonho...
C: Três filhos? - ela fechou os olhos, percebendo que falou demais...- Como assim?
S: Você não leu o meu livro? - ele ficou surpreso e atônito - Claro que não...
Logo a frente eles encontram o garoto e Can, mostrou-se surpreso, com a organização dele em termos de suprimentos e acessorios, que ele trouxe para a viagem, mas Sanem o repreendeu com o olhar... Ela disse a Caner:
S: Estávamos todos muito preocupados com você, essa floresta é perigosa - Ela o abraçou - Você tem de ter responsabilidade com as pessoas, que você ama e o amam... Precisa crescer e ser dono de si, cuidar daqueles que o amam, para dai sim ir onde quiser, com discernimento, para não ser um eterno fugitivo - numa indireta para Can. Ele entendeu e retrucou:
C: E para não ser uma pessoa mentirosa, não sendo confiável justo, com quem mais te valoriza. - ela revirou os olhos.
Can dá um "colar mágico de marinheiro" a Caner e conversa com ele, sobre fazer as coisas planejadas, para não preocupar sua família, ou correr riscos. Sanem fica encantada, com o carinho e, com a conversa de meninos de Can e Caner.
Eles recolheram tudo e, enquanto Sanem estava ocupada ligando para Nesrin, Caner disse a Can:
Caner: Você promete cuidar de Sanem? Ela está com muito medo...
C: Medo? Do que? - preocupado.
Caner: Medo da solidão... - Can ficou pensativo e assentiu com a cabeça, dando um tapinha nas costas do garoto, como promessa.
Nesrin vem buscá-lo, muito agradecida ao casal.
Na volta, Sanem se negou a ir com Can pela estrada e se embrenhou na floresta, Can a seguiu ao longe, preocupado... Ela sempre o intrigou, com seus gostos, gestos e peculiaridades! Ela colheu flores, cheirou-as, curtindo o caminho, sem se preocupar com o entorno... Mas, ao escutar um ruído, se assustou, pensando ser um urso e se escondeu, pegando um galho, com o qual atingiu Can, pelas costas, que caiu desmaiado.
Quando acordou, ele estava com a cabeça no colo de Sanem, que o olhava preocupada... Eles se encararam profundamente, enquanto ela acariciava seus cabelos e a barba, ansiosa pela reação dele, pois ficou muito assustada ao perceber sangue em sua cabeça. Ela o ajudou a levantar-se e o levou, apoiando-se nela, até estarem recostados em uma árvore. Ela sugeriu irem a um hospital, mas ele desconversou, pedindo que ela pegasse uma maçã, que ele trouxe na mochila.
Após comerem, ele disse:
C: Eu ficarei mais um pouco, mas se você quiser ir?!
S: Nem pensar, como posso deixá-lo sozinho, nesse estado?

Após algum tempo, ela propôs que eles fossem, mas ele disse, que agora seria perigoso, mesmo indo juntos...
Diante disso, ela o ajudou a fazer uma fogueira e sentaram-se em volta dela...
Olhando para o fogo, ele lembrou-se do caderno queimando e ela da partida dele, gerando um clima pesado. Ele quebrou o silêncio...
C: Por que o livro chama "A Fênix e o Albatroz"? O Albatroz eu entendo...
S: Simurgh era a soberana e a mais sábia de todos os pássaros... No entanto, por muitos anos não foi vista, fazendo com que os pássaros perdessem a esperança.
Um certo dia, em um país distante, mais especificamente nas montanhas de Kaf, uma pena de Fênix foi encontrada e, todas as aves do mundo voaram para procurá-la.
Houve vários testes ao longo do caminho, que fizeram com que muitos pássaros desistissem e voltassem atrás, por raiva, fadiga, desesperança... Alguns desapareceram, sendo que, apenas 9 aves permaneceram.
O caminho feito é um caminho em busca da sua própria verdade, um encontro com eles mesmos... - ela refletiu
C: E o fogo? - disse olhando-a profundamente.
S: A Fênix renasce todos os dias. Quantos não queimariam? Quantas feridas não se curariam? Mas, ela se levanta e começa de novo, indefinidamente.
C: Como você... - condescendente.
S: Eu não te entendo, Can... Você reapareceu, depois de tanto tempo. O que você quer de mim? Não me aborreça mais. Fique longe de mim, por favor. - suplicando com os olhos úmidos.
C: Sanem, eu nunca mais vou te incomodar. Se você quer que eu fique longe de você, que assim seja. Nosso contato será apenas pelos nossos filhos, pois não posso e não conseguiria viver longe deles... - suspirou - Mas eu quero que você saiba, apenas uma coisa, eu não queimei o seu caderno. - disse enfatizando cada palavra - Aquele caderno era a coisa mais valiosa, para você, neste mundo. Tinha todos os seus sonhos, memórias...
S: Você está falando de algo, que você não leu. - interrompendo-o com a voz embargada, cheia de pesar. - Quero dormir. Vou descansar. Boa noite.
Ela se afastou e se recostou em uma árvore, parecendo dormir... Após um tempo, ele a cobriu com seu casaco e tirou os cabelos de seu rosto, num gesto de cuidado e carinho. Então, sentou-se próximo e começou recitar um trecho do livro:

"Depois de um período de fé, os pássaros avançaram para um período de luta. Eles estavam ali, para enfrentar seus medos mais profundos. Essa dor é muito mais forte, que qualquer dor física, "mágoa". Ela poderia ficar, ou desaparecer, não havia nada que pudesse ser feito, não era possível voltar atrás... Alguém viu nas profundezas do seu coração, solidão... Outro, injustiça... Alguém disse mil palavras, que jamais deveriam ter sido ditas, mas uma vez proferidas, ficaram gravadas no coração. Aves que passaram por esse período, experimentaram dor severa. Mas, tudo valeu a pena! Conheça a si mesmo, se enfrente. Continue a jornada... sabendo seu devido valor."

C: Eu não terminei o livro. Eu leio cada página mil vezes... - olhando para ela.
Ela fingia dormir, abriu os olhos com cuidado, certificando-se de que ele não viu, fechou novamente e esboçou um sorriso emocionado.

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Nota da autora:
Não é a minha intenção reproduzir as cenas da série literalmente, mas acho esse trecho muito significativo, para ilustrar o 2º Vale!
Esse vale fala dos medos, Can magoado, por ter sido injustiçado... Seu maior medo é perder o amor, ou não ser amado, como gostaria... Ele carrega as feridas do abandono de sua mãe e "vai para a caverna, como um ermitão" na tentativa de se preservar, se proteger...
Sanem tem medo da solidão... Mas, por que se sente sozinha, mesmo no meio de tanta gente? Na verdade, ela não se sente completa longe de Can e, se não for ele, nunca haverá outro! Como não haverá para ele, tampouco.