Capítulo 57 - O que restou de mim em você?

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CAN
Na reunião com Arthur Capello, compareceram Ayiça e seu tio Furkan. Tudo caminhava bem, na medida do possível, Selim falava em inglês ou espanhol e eu traduzia... Sanem estava ao meu lado e pareceu orgulhosa da forma como eu conduzia a reunião e intermediava ambos os lados, tanto que, em dado momento ela acariciou minha barba e disse:
S: Você é tão inteligente! - senti como um choque elétrico percorrer o meu corpo e fiquei sem ação, completamente desconcertado. Procurei evitar os olhos dela e focar na reunião.
Selim num ataque de estrelismo, começou a dizer coisas fora do combinado, tomando uma atitude agressiva, fazendo com que o Furkan saísse da agência ofendido com a situação. 

Ayiça compreendendo toda a farsa, deixou claro que percebeu tudo e, se propôs a nos ajudar, alegando gostar de pessoas persistentes... Porém, ficou bastante claro, que ela estava flertando descaradamente comigo e, isso não passou desapercebido por Sanem, que não gostou nada...

No final da tarde, quando estávamos voltando para casa, Sanem estava fria, distante e suas respostas às minhas perguntas e tentativas de interação, eram monossilábicas.
C: O que houve Sanem?! - disse olhando para ela...
S: Nada... - respondeu emburrada.
C: Você está de mal humor, não respondeu às minhas perguntas e não há nada?
S: Quem sabe Ayiça não pode resolver seus problemas! - Claro! Como eu previa, ela percebeu as investidas dela.
C: Está difícil de te decifrar... - falei.
Ela pediu que eu parasse na orla, para ela refrescar a cabeça e eu desci com ela.
Então, começamos a discutir...
C: Eu não te entendo... - tentando olhar em seus olhos - ...um dia você está quente, noutro fria, depois sorridente, na sequência ofendida, me ignora e depois tem crise de ciúmes... sopra para esquerda e depois para a direita. Sanem, o que você está fazendo?
S: Faz alguma diferença para você? - acusando.
C: Claro que faz diferença, como eu poderia ignorar essas suas oscilações de humor? Isso me afeta diretamente.
S: Então diga, qual a diferença? - passei a mão nos cabelos e respirei fundo, olhando para ela, com dúvidas se deveria dizer o que eu estava pensando... Mas, ela insistiu, tomei coragem e disse:
C: Eu vou parar de te procurar nos meus 2 anos perdidos... - ela me interrompeu.
S: Pare de procurar por nada... Você não encontrará. Está claro para mim,
que seus sentimentos por mim foram apagados, junto com a sua memória...  Eu ouvi uma conversa sua com seu pai...
C: Sanem, escute... - tentei argumentar.
S: O que vai mudar se eu te escutar? Nada vai mudar. O amor que foi apagado do seu coração, está tatuado no meu, transbordando sem barreiras! Eu não posso continuar fingindo, que está tudo bem... Eu vou enlouquecer. Eu fui parar num hospital psiquiátrico... - ela estava transtornada e a minha voz não saia - Presta atenção! - respirou fundo, como se lhe faltasse o ar - Quando eu estive internada, meu coração, minha cabeça, minha alma estavam cheios de comprimidos, mas o meu amor por você não foi apagado. - com lágrimas nos olhos, completou... - Como você se perdeu, assim? ...Eu não entendo.
Ela se virou e estava indo embora, quando eu consegui reunir forças, para me mover e a alcancei, segurei seu braço e a virei para mim.
C: Sanem....Eu gostaria, que você se desgastasse um pouco menos e ouvisse tudo, o que eu tenho a dizer... Eu não quero que você sofra!
S: O que eu ouvi, é o suficiente para mim... - resistiu tentando se soltar, mas eu a segurei firme...
C: Meu pai acha, que se nos mantivermos próximos, em algum tempo o meu amor será resgatado em meu coração. E eu concordo plenamente com ele...
S: É mesmo? E você precisou, que seu pai te dissesse isso? Você não conseguiu constatar sozinho...
E foi embora, me deixando ali, completamente perdido... Aquilo doeu no fundo da minha alma, eu não sabia  o que pensar! Não conseguia compreender os meus sentimentos. Minha única certeza era, que eu não queria ficar longe dela! Eu já não via o meu dia a dia, sem ela e os meus filhos... Mas, ao mesmo tempo, parecia que eu não era capaz de sentir ou entregar, aquele amor que eu li no livro... 🙏💔

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