Quando o amor é mais forte...

Capitulo 31 - Fire on fire..

"...Quando brigamos,
brigamos como leões
Mas aí, nos amamos e
sentimos a verdade
Perdemos nossas mentes
em uma cidade de rosas
Não obedeceremos a nenhuma regra

Eu não digo uma palavra
Mas ainda assim você me tira o ar
e rouba as coisas que eu sei
Aí vai você
Me salvando do frio"

Fire on Fire
Sam Smith
(Trecho da música  do vídeo)

Can ensinou Sanem a pescar, ele preparou e, eles almoçaram, enquanto conversavam...
S: Você se diz marinheiro, mas eu me sai muito bem pescando! Deixe registrado na história!
C: Sorte de principiante! - Ela se fingiu de brava e ele sorriu - Deixarei...
S: Que paz nesse barco... Você provavelmente ama muito esse lugar. Não? - olhando nos olhos dele.
C: Eu amo muito. - Olhando para ela intensamente. E ela sabia, que ele se referiu a ela e baixou os olhos, com um sorriso tímido de satisfação...-
Primeiro eu queria entender isso... Então controlar... Depois eu esbravejei... E até lutei... Nada adiantava... Então eu me rendi.
C: Seu livro foi editado em várias línguas, você chegou a ir para outros paises?
S: Não!
C: Por que não foi? Você deve ter sido convidada, não? - curioso.
S: Porque eu estava grávida, as crianças nasceram... E você... Você prometeu me levar para viajar pelo mundo. - respirou fundo - O livro era sobre você... Sobre você e eu. - baixou os olhos, olhando para as mãos... - Eu não pude ir... quem sabe, se você voltasse, um dia... - ela sorriu escondendo as lágrimas e continuou...- Mas eu irei para o exterior algum dia. - Ela virou o rosto, para que ele não visse seus olhos marejados...
C: Sanem... Eu não pensei em mais nada, além de você nesse último ano. - procurando os olhos dela...
S: Você pode me levar de volta? - Ele olhou para ela incomodado... Ele não queria parar a conversa ali.

Ela fez o chá e trouxe, eles hesitaram, mas acabaram bebendo e se encarando.
C: Eu senti muita falta. - sinceramente
S: Eu também... - sorrindo.
Silêncio...
S: Eu não fui para o exterior, mas fui a varias cidades da Turquia. Até mesmo em Kayseri... Teve uma noite, que eu sai para jantar e queria manti, mas não achava, procurei em vários restaurantes... - Ele sorriu, lembrando do jantar com Fabbri, quando eles inventaram uma historia, sobre como se conheceram e se apaixonaram... 
C: Você está falando sério? E depois? - Ela assentiu, sorrindo.
S: Eu disse... Como pode isso? Então, eu procurei, até encontrar um restaurante, que tinha manti (sopa de capeletti de carne, similar ao capeletti in brodo) e disse que voltaria lá...
Silêncio...
C: Eu te vi no cinema em Antalya... - confessou.
S: E por que não falou comigo? Eu pensei que fosse loucura da minha cabeça... Que eu estava vendo coisas...
C: Eu não esperava te ver, depois de tanto tempo... Ainda mais repetindo a historia, que contei a Fabbri, sobre ter te conhecido em um cinema em Paris... Eu passei a sessão observando suas reações, você riu, chorou... Eu... achava que eu não merecia você... que o amor tinha me tornado um homem ruim, possessivo, ciumento, violento... Enfim, um homem que te fazia mal... - respirou fundo - ...e eu só queria o melhor para você! - ela o encarou...
Depois de um longo silêncio, ela respirou fundo e disse: 
S: Eu quero te confessar algo, antes de ir.
C: Sanem, eu... - ela o interrompeu.
S: Por favor, deixe-me terminar. - suspirou - Eu imploro o seu perdão. Nesse curto espaço em que estive aqui nesse barco... Eu consegui entender seu amor pela liberdade. Eu ouvia falar das suas aventuras, antes de te conhecer... Viajando ao redor do mundo, tirando fotos... Um aventureiro, uma pessoa solitária. - Ela revirou os olhos, como se visualizasse lembranças escondidas -
Eu me apaixonei por esse homem, mas eu tentei te mudar. Porque eu estava com muito medo... medo de que você pudesse partir... - olhou nos olhos dele - Mas agora eu consigo entender melhor, essa sua necessidade... Você foi porque precisava ir. Você indo de novo, porque é necessário, faz parte de você, da sua personalidade... Então, eu te peço, que me perdoe, por favor... me perdoe por tentar mudar você. - Muito emocionada e com os olhos úmidos.
"Ah, Sanem! Você está tão enganada, eu não preciso e nem quero ir, eu preciso de você, só de você! Mas, como faço você compreender isso?" - pensou, escolhendo as palavras que diria a seguir...
C: Sanem, toda a minha vida foi difícil pertencer a um só lugar. Eu jamais me apeguei a nada e nem a ninguém, mãe, pai, Emre, casa, universidade... nada! Eu não tinha nenhum lugar, nem nenhuma pessoa, a quem eu pertencesse, ou que pertencesse a mim. Eu lidava com meus problemas, apenas fugindo... Esta era a única maneira, que eu conhecia... Você é a única pessoa... A única em quem eu confiei Sanem... Eu amei seu lado ingênuo, limpo e confiante nas pessoas, seu infinito amor por tudo e por todos... Mas, eu tentei fazer, com que você se parecesse comigo.. Tentei tornar você uma pessoa desconfiada, como eu. Alguém, que não acredita nas pessoas... Então, eu imploro seu perdão, por tentar te mudar...

Ela ficou muito emocionada, tentando conter as lagrimas, que fluíam pelo seu rosto e, ele com o sofrimento estampado nos olhos...
S: Nós somos tão diferentes um do outro... Talvez...- gaguejou... Talvez, seja por isso que não deu certo?
C: Talvez... - sem muita convicção. Depois de um tempo, ele disse:
C: Sanem... A única coisa que eu quero de você... Seu diário... - ela o interrompeu.
S: Eu sei que você não o queimou. - ele deu um sorriso fraco.
C: Como você sabe?
S: Eu entendi, naquela noite em você entrou na cabana em chamas. Apesar das evidências, eu nunca acreditei realmente, que você seria capaz de algo assim... Não era do seu feitio. Eu sei o quanto você presa pela verdade...
Então, respirando fundo, após um longo silencio:
S: Você já pode me levar de volta? Você ainda tem um longo caminho pela frente...
Ele ligou o motor e foi, pensando... "Quando ela vai compreender, que eu não pretendo ir a lugar nenhum... Mesmo que ela nunca mais me queira, estarei aqui, para ela e por nossos filhos..."

Eles atracam em Istambul, ela o ajudou com as âncoras e ele a ajudou a descer do barco. Eles ficam muito próximos, se encarando e, num gesto de cuidado, ele tira uma mecha de cabelo do rosto dela...
Um senhor os aguardava no píer.
Senhor: Tem certeza? - Can assentiu e ele entregou um envelope
C: Meu advogado, Metin cuidará da papelada. - Sanem o olhou surpresa.
S: Você fez as pazes com Metin?
C: Ele foi o primeiro da minha lista. - ele se dirigiu ao senhor e disse:
Abra a estrada para você com bons ventos, Capitão! - depois olhou para Sanem - Vamos?
Senhor: Obrigado! - sorriu
Ela se despediu e agradeceu...
S: Can, o que está acontecendo? O que você fez?
C: Eu vendi o barco.
S: Como assim? Você não ia partir? Você veio aqui para isso?
C: Sim.
S: Como assim? Então, você não me sequestrou?
C: Não. Eu aproveitei, para que pudéssemos falar a sós...
S: Ótimo... Muito bom, mesmo.
Por que você não vai embora? Por que resolveu ficar?
Ele para, tira os óculos e se volta para ela, como se a questionasse se ela ainda tinha dúvida dos motivos dele. Então, ironizou...
C: Talvez, pela saúde do papai, ou pela agência... O que você acha?!
S: Perfeito... - Sorriu, feliz da vida, seguindo-o... se fazendo de desentendida, quando ele se virou...

Ah, Sanem. Ah!