CAN
Enquanto papai descansava, fui com Emre até o jardim conversar um pouco, e vi quando Leyla saiu com Sanem, para uma caminhada.
Conversamos sobre papai e a questão da agência, perguntei sobre as coisas dele e ele contou que vive com os sogros...
C: Se houver algo que eu possa te ajudar? Você precisa de dinheiro?
E: Não Can, nós conseguimos vender as coisas e pagar as dividas... Acho que foi um preço, que eu tive de pagar, por todas as falcatruas que fiz... Sinto apenas, por não ter conseguido lidar com as coisas, com a sua saída, não sou bom na parte criativa e muitos clientes queriam falar diretamente com você! - ele parou pensativo, como se ensaiasse para falar, eu o encaro. Ele respira fundo e continua:
E: Can, Sanem entrou em depressão profunda com sua partida... Ela ficou prostrada, não comia, não dormia, chorava muito... Numa das crises de desespero, eu e Leyla a levamos a um médico e ele a internou, por dois meses... - fico arrasado. - Leyla precisou dar uma assistência a família e foi difícil para mim lidar com tudo...
C: Sinto muito... - suspirei, com os olhos cheios de lágrimas. Saber que Sanem tinha passado por isso, fez com que eu me sentisse péssimo, não tinha sido muito diferente para mim, exceto que eu não tinha usado remédios, mas fiquei anestesiado por muito tempo... e, ainda me sinto tão fora do mundo, tão perdido em mim! Eu a sinto tão distante e, apesar do período de choque, parece que seguiu em frente, escreveu seu livro, tem sua própria casa... Eu preciso reunir forças, para retomar a minha vida, mas ainda sinto que estou tão distante disso...Sanem e Leyla voltam e vemos um carro estacionando.
Yigit se aproxima, com uma bengala e eu fico feliz de vê-lo andando. Porém, sua cara é de poucos amigos.
Y: Boa tarde. - eu me levanto e me dirijo a ele.
C: Estou muito feliz, por ver você bem... - Ele torceu o nariz...
Y: O que você faz aqui, Can? - com certa agressividade.
C: Vim ver minha família...- respondi com tranquilidade. - Por mais que eu te peça perdão, não parece suficiente... - digo com pesar.
Y: Você machucou todos aos seu redor. O melhor, que tem a fazer é não aparecer mais na minha frente... - com ressentimento e outro sentimento, que não consegui identificar. - Desde quando Sanem é sua família? - me encarou com sarcasmo.
C: Se você não quer me ver, não venha no lugar onde estou... - respondi calmamente, olhando-o nos olhos.
Y: E o seu lugar é onde está Sanem? - me desafiando raivoso... mas, eu não pretendo entrar em seu jogo. Antes que eu respondesse, Sanem interferiu.
S: O que você veio fazer aqui Yigit? Já te pedi para não vir sem avisar! - o repreendeu.
Y: Eu fiquei preocupado, porque você não respondeu aos meus telefonemas e eu precisava falar com você de alguns contratos. - gaguejou.
S: Está bem. Aceita um café? - conduzindo-o para sua casa.
Eu fico ali, observando-os se afastar, tentando dimensionar o tipo de relação, que eles têm. O que ele ganhou de fato, queimando o caderno de Sanem e me incriminando? Talvez, apenas o nosso afastamento. O que me parece bastante cruel e egoísta, para quem diz amar alguém, considerando o que Emre acabou de me contar sobre Sanem. E essa raiva toda para comigo? Será medo ou tentativa de me fazer reagir, para posar de vítima, novamente? Afinal, ele me provocou e veio para cima de mim naquele fatídico dia, eu apenas revidei... Está certo, que não medi minha força e acabei machucado-o, não desconsidero minha culpa, isso já me causou muita dor...LEYLA
Saímos eu e Sanem para darmos uma volta, queria sentir como ela estava lidando, com a presença de Can. Notei o quanto ela está fragilizada e abalada, apesar dela se esforçar para manter-se firme, percebi sua voz embargada em vários momentos. Avistei um barco no píer e perguntei a ela:
L: É o barco do Can? - ela assente com os olhos brilhantes de lágrimas - Deveríamos afunda-lo? - brinquei com ela.
S: Pensei nisso, mas daí ele não iria mais embora... - com o olhar perdido.
L: Você quer que ele vá? - com o coração apertado.
S: Eu não sei... - eu a abracei - Eu sei que ele não voltou por mim, para mim... - com pesar - Mas tem as crianças! O direito dele... o direito delas conhecerem o pai... - respirou fundo - Mas, será que ele quer abrir mão da liberdade dele? - diz refletindo.
L: Por que você não deixa ele decidir isso?
S: Eu não queria impor nada a ele, afinal nem sei se ele vai gostar da notícia, ou se será um fardo para ele... Por outro lado, será que posso tomar essa decisão por ele? - completou angustiada. E eu simplesmente a abracei, sentido seu corpo tremer pelo choro, enquanto pensei: Ah! Meu amor, ele destruiu você...
Voltamos, assim que ela pareceu mais calma. Então perguntei:
L: Quer que fiquemos aqui com você, hoje?
S: Não é necessário, ele vai dormir no iate e não vai me incomodar. Prefiro que vocês ajudem papai e mamãe, com as crianças... preciso pensar em como vou lidar com isso. - suspirou.
Quando estamos nos aproximando de Can e Emre no jardim, vimos Yigit saindo do carro.
Percebi que o rosto de Can se iluminou ao ver Yigit... ele suspirou aliviado e se dirigiu a ele sorrindo, mas Yigit foi arredio e agressivo, parecendo e verbalizando, não estar nada feliz com a presença de Can. Eu estranhei, porque nunca o vi agir assim... Eu até entendo, que ele teve de passar por todo um processo de recuperação, mas porque toda essa raiva, se tudo foi um acidente e, o prognóstico de paraplegia não se confirmou?
Eu também tenho minhas reservas em relação ao Can, por conta do sofrimento da minha irmã, mas não o odeio. Principalmente, quando o vi hoje, percebi que ele também não está nada bem. Emre tinha razão em estar preocupado, não está sendo fácil para ele... Conheço Can há anos e, apesar de ter um visual mais esportivo e despojado, nunca foi desleixado.
Saio de meus pensamentos e percebi Sanem preocupada, pois Yigit foi tão agressivo e acintoso com Can, que eu até tive medo que ele revidasse, já que ele costuma ser viceral, mas ele respondeu com tranquilidade, encarando-o com firmeza, porém sem alterar a voz, ou sair do eixo. Sanem chamou Yigit para um café, tirando-o dali.
Na volta para casa, eu e Emre conversamos sobre a situação dos nossos irmãos, preocupados.
L: Sanem está bem mexida e indecisa, quanto a contar a Can sobre as crianças.
E: Eu acho que é um direito dele saber sobre os filhos, mesmo que ela não o queira com ela... Apesar da situação ser muito difícil, acho que um pode curar o outro. Na minha opinião, eles se amam...
L: Você sempre disse isso! Talvez eu não seja tão romântica... - brinquei - Sanem não quer impor nada e nem tolher a liberdade dele...
E: Sinto que ele está vegetando, vagando por aí. Ele esteve a maior parte do tempo no mar, só desceu em terra para o extremamente necessário. Não fotografou, que é algo que ele ama... sem falar da aparência dele, nunca o vi assim! Ele sempre foi vaidoso e bem cuidado. Ele é muito fechado, mas eu o conheço... Quanto tempo um ser humano pode viver nessa solidão?! - disse preocupado.
L: Como ele se manteve por todo esse tempo?
E: Ele ganhou muito dinheiro como fotógrafo famoso, que ele é, recebe royalties pelas fotografias premiadas, que estampam anuários, livros, revistas, etc... Ele também vendeu a cabana... Por falar nisso, preciso passar na nossa antiga casa, pois o vizinho avisou que chegou um pacote, que o atual proprietário deixou com ele.*****************************************
CATEDRAL
(Compositor da letra: Tanita Tikaram - Vrs. Christiaan Oyens - versão português: Zélia Duncan)O deserto
Que atravessei
Ninguem me viu passar
Estranha só
Nem pude ver
Que o céu é maior
Tentei dizer
Mas vi você
Tão longe de chegar...
Mais perto de algum lugar.É deserto
Onde eu te encontrei
Você me viu passar
Correndo só,
Nem pude ver
Que o tempo é maior
Olhei pra mim... Me vi assim
Tão perto de chegar
Onde você não está.No silêncio uma Catedral
Um tempo em mim
Onde eu possa ser imortal,
Mas vai existir, Eu sei vai te que existir,
Vai resistir nosso lugar
Solidão...
Quem pode evitar?
Te encontro enfim
Meu coração é secular
Sonha e desagua dentro de mim...
Amanhã devagar, Me diz como voltar..Se eu disser
Que foi por amor
Não vou mentir pra mim...
Se eu disser deixa pra depois
Não foi sempre assim...
Tentei dizer... Mas vi você...
Tão longe de chegar, Mas perto de algum lugar.
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Nota da autora:
Queridas leitoras, desejo uma excelente passagem de ano e, que possamos vivenciar um novo ano de muita paz, amor, saúde, bençãos, enfim tudo de bom para 2022!
🙏🍀❤️🌹🥰💐🥂🍾🪅🤜🏻🤛🏻
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Quando o amor é mais forte...
FanfictionEssa é uma fanfic ou fan fiction, baseada na série turca ERKENCI KUS (Pássaro Madrugador). Na série o casal principal permanece um ano afastado, por permitir, que influências externas, minassem sua relação. Nossa história narrará esse período de a...