Capítulo 79 - Depoimento de Can...

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CAN
Eu surpreendi a todos, quando decidi depor. Eu estava inseguro pela perda de memória e não queria confrontar Hüma. Escutando Sanem, percebi como Yigit entrou sorrateiramente em nossas vidas, num momento de fragilidade, virando tudo de cabeça para baixo e, não nos demos conta de quem ele era.
Quando o promotor me chamou e eu sentei, fiquei de frente com Yigit e seu olhar era de um ódio contido. Olhando para ele, parecia estar em seu juízo perfeito. Porém, revendo suas atitudes, conclui que ninguém em sã consciência agiria como ele.
P: Onde e como o senhor conheceu o réu? - perguntou de forma firme.
C: No hospital, quando ele atropelou Sanem.
P: Notou algo estranho?
C: Ele insistiu em permanecer no Hospital e acompanhar Sanem em casa, mesmo após a nossa chegada e a de sua irmã Leyla.
P: Qual a sua relação com a senhorita Sanem na época?
C: Nós tínhamos acabado de romper o namoro e ela era nossa funcionária na agência. Ela e Leyla, sua irmã.
P: Ela nos disse, que aceitou ir com ele para casa, junto com a irmã. Continue...
C: Depois ele passou a vir com frequência na agência, para falar com ela, a qualquer hora, invadindo e interrompendo reuniões, sendo bastante inadequado em muitos momentos. Mas, o mais surpreendente foi ele ter alugado um conjunto no mesmo prédio da agência.
P: E o senhor não o conhecia antes? Afinal era irmão da sua ex namorada, senhorita Pólen?
C: Não, só descobri quem ele era, num encontro casual, na entrada do prédio da agência... Pólen já havia falado sobre ele, como um professor conceituado numa Universidade no Canadá. Aliás, achei muito estranho ele largar tudo, para abrir uma editora em Istambul. Eu sempre desconfiei, que ele estava apaixonado por Sanem.
P: Por que o senhor não se defendeu, quando ele o acusou de queimar o caderno da senhorita Sanem?
C: Foi uma situação tão confusa e difícil, tudo aconteceu tão rápido... Ele apareceu na minha cabana, que era um refúgio que poucos conheciam, me surpreendendo. Eu fui buscar lenha e quando retornei ele estava lá! Ele se dirigiu a mim gritando e eu demorei a compreender o que de fato estava acontecendo... Quando olhei para a fogueira, vi o caderno de Sanem queimando, tentei tirar, mas era tarde... Assim que me levantei, ele veio para cima de mim e me empurrou. Revidei seu empurrão, ele caiu e desmaiou, nos pés de Sanem, que me olhava incrédula.
No hospital, Hüma falou com os médicos e disse, que ele havia lesado a coluna e ficaria paraplégico... Aquilo acabou comigo, apesar de tudo, eu jamais desejaria isso a alguém. Nos fizeram acreditar nisso! - respirei fundo - Fomos vê-lo no quarto, eu pedi desculpas a ele, mas ele disse preferir, que eu sumisse de sua frente. Quando sai do quarto, Sanem veio atrás de mim e discutimos... - Olhei para Sanem, que estava com os olhos marejados na plateia. - Eu fui embora, pois não me conformei dela desconfiar de mim... Eu nunca prejudicaria alguém deliberadamente, ou queimaria o caderno dela... Eu esperava que ela me conhecesse o suficiente, para saber que eu jamais faria isso, que foi um acidente. Como ela não acreditou em mim, me considerou violento por ciúmes, achei que não havia lugar para mim ali.
P: O que ele gritou?
C: Ele me acusou de ter queimado o caderno de Sanem e de não amá-la,  questionou por que eu havia feito isso... - olhei para Sanem e lágrimas corriam pelo seu rosto. - Ele veio para cima de mim, me empurrou e eu quase caí de costas na fogueira, quando me equilibrei, fui para cima dele!
P: Como foi o reencontro de vocês?
C: Eu fiquei feliz de vê-lo andando, foi um alívio para mim ele ter se recuperado! Mas, ele ficou irado, questionou por que eu havia voltado, o que eu fazia ali, me acusou de machucar as pessoas a minha volta, que ele não queria me ver na sua frente...
P: E depois?
C: Eu disse, que se ele não quisesse me ver, não deveria vir onde eu estava! Ele questionou por que eu estava perto de Sanem. Por que ela morava próximo do meu pai, que estava doente, sua irmã casou-se com o meu irmão...  - suspirei e ele sinalizou para eu continuar... - Após algum tempo, eu comecei a insinuar, que tinha as gravações das câmeras da cabana e a observar o comportamento dele. Eu havia alugado uma cabana próxima a casa de Sanem e pedi para meu irmão guardar o envelope, com a gravação na cabana. Vimos ele rodeando a cabana, tentando entrar, após algumas horas a cabana foi incendiada. Sabíamos que só poderia ter sido ele, pois a cabana pegou fogo de todos os lados! Eu entrei na cabana em chamas e tirei algumas coisas, para que ele acreditasse tratar-se das gravações... Depois de alguns dias, eu o pressionei, para que confessasse sobre o caderno. Mesmo sem o vídeo, eu tinha certeza que só poderia ter sido ele quem queimou, pois ele sabia da memória fotográfica de Sanem e reescreveria tudo rapidamente.
P: E ele admitiu?
C: Sim! Ele implorou, para que eu não contasse a Sanem, mas ela ouviu e quis saber sobre o que falávamos. No entanto, quando ele foi confessar a ela, alguém enviou uma mensagem dizendo que não haviam câmaras na cabana. Daí ele não confessou, mas a pediu em casamento!
P: E de onde vieram as imagens que temos?!
C: Das câmeras do vizinho. Ele deixou com meu irmão Emre, para que ele me entregasse!
P: Sobre os carros, o que houve?
C: Eu notei, que o meu carro estava com algo estranho na direção e levei para reparo. O seguro me cedeu um carro reserva, com o qual sofremos o acidente! Depois soubemos, que o meu carro teve uma adulteração na barra de direção e o reserva nos freios, ambas de autoria de Yigit.
P: Fale sobre o dia do acidente. 
C: No dia do acidente, eu e Sanem estávamos saindo para irmos na casa de seus pais, quando recebi uma ligação do cartório, para que eu fosse confirmar minha assinatura. Então, deixamos as crianças em casa e fomos só eu e Sanem. Graças a Allah, eles não foram e Sanem ficou bem! Depois soubemos, que o cartório não faz esse tipo de contato. Tudo foi armação dele, para que eu saísse com o carro. Eu fiquei em estado gravíssimo e em coma, por 1 mês! Quando acordei estava com perda de memória e não lembrava de nada, que eu havia vivido nos últimos 2 anos. Durante o período em que estive em coma, ele tentou me sufocar com travesseiros, no Hospital e foi preso.
P:  E você se recuperou?
C: Felizmente sim! 
P: Tem algo mais, que gostaria de dizer?
C: Quando juntamos tudo, especialmente o fato dele ter fingido ir embora para o Canadá, após ter sido desmascarado sobre a questão dos cremes de Sanem, vemos o quanto ele é obcecado por ela, mesmo sem ela ter dado qualquer esperança para ele. Mesmo após eu e ela, termos retomado nosso relacionamento, e dela ter dito a ele, que sempre seria eu.
Após ser liberado, Sanem correu para mim e me abraçou... Saímos da sala e ela disse:
S: Can, desculpa por ter desconfiado de você, mesmo que por alguns minutos?!
C: Meu amor, não se preocupe mais com isso, está tudo certo entre nós... Se eu soubesse de tudo o que eu sei hoje, ou se tivesse conseguido ser mais racional na época, tudo seria diferente! Ambos erramos! Mas aprendemos muito, só não precisava de tanto sofrimento... - Eu segurei seu rosto com as duas mãos e a beijei nos lábios. - Eu te amo, nunca esqueça disso!
S: Eu também... 🙏❤️💐

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