Quando o amor é mais forte...

Capítulo 20 - Eu não quero perder nada!

"Cada momento gasto com você é um tesouro
Não quero fechar meus olhos
Eu não quero adormecer
Porque eu sentiria sua falta, bebê
E eu não quero perder nada"

I Don't Want To Miss a Thing
Aerosmith
Composição: Diane Warren

CAN
Eu não sabia o que pensar, ou como lidar com tudo isso... Eu sou pai de duas crianças, filhos de Sanem... a única mulher que amei. Fico recapitulando, como isso aconteceu? Lembro de quando nos reconciliamos, naquela noite na cabana, que a saudade era tanta e não nos cuidamos... Mas, jamais cogitei que ela estivesse grávida e de gêmeos...
Será que algum dia ela me perdoará? Como foi lidar com tudo isso sozinha? Como foi com seus pais? Eles devem me odiar... - suspirei - Estou ali, perdido em meus pensamentos, na minha culpa, com o pesar de ter perdido tanto... Eu adoraria receber a notícia da gravidez, estar com ela em cada consulta, ouvir os coraçõezinhos, curtir a barriga crescendo, os bebês se mexendo, o parto, cada dia do desenvolvimento deles... Não sei o que mais poderia doer em mim, somando a toda a dor dos últimos meses... Mas, ela ia deixar eu ir embora sem me contar nada?
Respirei fundo, voltando a mim e, após um pesado silêncio, eu disse:
C: Sanem... obrigada! - sinceramente - Eu não consigo pensar num presente mais valioso do que ser pai de um filho seu, imagina de dois. - ela baixou os olhos e eu continuei. - Me perdoa? Lütfen? (Por favor)
Ela suspirou e disse:
S: Eles são os meus melhores presentes também, acredite... E eu tenho uma gratidão imensa, por você ter me dado eles! No momento mais difícil e escuro da minha vida, eles foram minha luz... uma luz no fim do túnel! - tomou fôlego e continuou - Mas Can, achei que você tivesse ido embora, ontem? Por que você voltou?
C: Eu... - respiro fundo. Eu tenho levado uma vida errante, o tempo todo em alto mar, mas quando precisei parar em Antalya, por problemas no iate, tia Remide veio ter comigo e contou, que papai estava de volta, após seu longo tratamento de saúde. Ela falou também sobre os problemas da agência... Então, decidi ver papai... jamais imaginei, que você estaria aqui, que tínhamos filhos... Apesar... - sorrio, enquanto recordo um sonho recorrente, que venho tendo.
S: Apesar, do que Can? - perguntou intrigada.
C: Eu tenho um sonho recorrente... - reviro os olhos sorrindo, buscando detalhes.
S: O que? - Artemis coloca as mãozinhas em minha barba, eu as seguro e beijo. Ela é tão doce e carinhosa... encosta a cabecinha no meu peito... fico derretido acarinhando ela.
C: Eu vejo nós dois numa cama enorme de dossel ao ar livre, com cortinas transparentes e três crianças, um menino e duas meninas, com idade entre 6 e 8 anos... - respiro, como se me faltasse o ar.- você dorme e eles me dizem baixinho, que estão com fome. Eu me levanto devagar, com os 3 pendurados em mim, levando-os para preparar o café da manhã, com panquecas... mas, antes a observo dormir, por um longo tempo.... - digo com os olhos marejados, olhando para ela.
Ela me olha apertando os olhos, com estranheza?! Abre e fecha a boca, como se fosse dizer algo, enquanto vejo lágrimas brilharem em seus olhos.
S: Então... Você irá embora em breve? E ontem? Eu vi seu barco saindo... - disse, tentando parecer indiferente.
C: Eu fui embora, porque não queria mais incomoda-la... Mas, tive de voltar porque o barco quebrou... - ela baixou os olhos, aparentando cansaço - Mas, como eu posso ir, depois do que eu encontrei aqui? - disse procurando seus olhos.
S: Can, você não precisa ficar por nós, eu não quero que você mude seus planos, porque descobriu que têm filhos... - disse bancando a durona.
C: Sanem... - inspiro - eu não tenho planos... desde que sai daqui, eu não pensei em nada além de você! - ela revirou os olhos impaciente.
S: Você sumiu sem deixar rastro... - respirando fundo.
C: Já falamos sobre isso... Você me mandou embora... - disse resignado.
S: Você estava indo, novamente, e só ficou porque o barco quebrou... - me encarando. Eu respiro fundo e tomando coragem, disse:
C: Ontem a noite, eu ouvi você falando com Yigit, algo sobre irem para Nova York e eu achei... que estava sobrando aqui... - olhando em seus olhos, de forma inquisidora...
Estávamos nos encarando, cada um com um bebê no colo, quando Emre e Leyla chegaram...
Leyla me olhou, como se me julgasse, e pegou Artemis do meu colo, enquanto Emre me abraçou forte.
E: Abi, como você está? - preocupado.
C: Estou bem, dentro da medida do possível! - olhando para Sanem.- Ainda estou digerindo as novidades... - suspirei.
E: Onde está papai? Deniz ligou para Leyla, preocupada por ele ter passado mal?! - perguntou.
C: Ele foi com Mihriban dar uma volta, respirar... - Orion olha para mim, eu estendo os braços e ele vem, diante do olhar surpreso de todos... - O que?
E: Ninguém consegue pegar ele, quando está no colo de Sanem... - sorri surpreso.
C: Filho, você quer o papai, hein? Meu aslan (leão)... - enquanto eu o abraço, como a um troféu. Percebo o olhar emocionado de Sanem. Hoje eu já vi diversas emoções passarem por seu rosto... amor, dor, impaciência, resignação, culpa, carinho...
Aziz e Mihriban entram felizes. Ele abraça e beija Emre, brincando quando teremos os filhos dele... Ele sorri condescendente e olha para mim...