CAPÍTULO 35 - 5º Vale: da Negação

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CAN
Assim que as crianças adormeceram e as colocamos em seus berços, eu e Sanem ficamos ali olhando para eles embevecidos, para não dizer babando... risos... Eles são tão lindos e a tranquilidade deles, traz uma paz enorme aos nossos corações feridos...
Sanem estava visivelmente exausta e, apesar de eu querer ficar ali com ela, nem que fosse apenas para tê-la em meus braços, enquanto dormíssemos, me despedi com um abraço e um beijo carinhoso no topo de sua cabeça e fui para minha casa.

Eu costumo dormir pouco, mesmo quando cansado. Então, peguei o livro de Sanem, que eu leio diariamente, digerindo cada trecho e me sentei em uma das cadeiras da varanda...

"VALE DA NEGAÇÃO
Eles sobrevoaram o vale... negando constantemente o que eles amam, não esqueceram... cometeram um erro.
Esse arrependimento!
Como ter coragem de negar, ou dizer que não existe?
Mas, mesmo negando, os olhos dizem a verdade.
Nossas travessuras nos decepcionaram.
Então, nós negamos, dizemos que esquecemos.
No entanto, algo que a princípio pertenceu ao outro, pode ser o sentido de nossas vidas. E, estamos prontos, para dar nossas vidas por eles, para proteger tal objeto. Essa lembrança de alguém querido, que mantemos conosco, constantemente.
Pássaro no vale da negação...
Negue que você ama, com todo o seu coração.
E, negue o fato, que você não pode viver sem ele.
Até desistirmos da negação...
Ninguém poderá atravessar esse vale..."

No dia seguinte, eles filmaram a propaganda dos cremes de Sanem, tendo como tema central a figura da Cleópatra, representada por Deren.
Can aproveitou as filmagens, para olhar Sanem, livremente pelas câmeras...🥰❤️
Ele continuou procurando a bandana o dia todo, muito desconfiado de Sanem!

No intervalo, ele estava procurando próximo da casa dela e a encontrou na cozinha, preparando um smooth de morango, a pedido de Deren.
C: É de morango? - perguntou. Ela assentiu e ofereceu morangos para ele. Ele pegou um e levou até a boca dela, ela mordeu e ele comeu o restante, olhando em seus olhos.
Ambos recordaram, quando ela colocou morangos no suco da modelo Arzu, que tinha alérgica.
S: Você lembra? - perguntou.
C: Você também! - suspirou - Algumas coisas não são fáceis de esquecer...Você as valoriza... valoriza demais... E se perder isso, você enlouquece e não se acalma, até encontrar de novo. - enfatizando, sem tirar os olhos dos olhos dela.
S: Estamos falando de morangos, agora? - Ele negou com a cabeça, desiludido, por ela se fazer de desentendida.
C: Te vejo no set... - foi sem esperar por ela...

Diante disso, ela devolveu a bandana, deixando-a numa mesa na varanda da casa dele, ao lado de uma cadeira, que ele costumava sentar.
Enquanto ele deixou o colar, na mesinha da casa seja...
Assim que encontraram seus "objetos preciosos", eles foram para o píer.
Quando Can chegou, ela já estava lá e caminhou na direção dele.
C: Eu tenho algo, que pertence a você e, que carrego sempre comigo. - suspirou- Uma única coisa. - Ela pegou a bandana no bolso dele, encarando-o... e continuou.
S: Eu tenho algo, que pertence a você... Que eu nunca tirei. Uma única coisa. - Ele puxou o colar e pegou o anel, trazendo-a para si com o olhar, alternando entre os olhos e a boca dela.
C: Eu prometi, que não a aborreceria.- se segurando para não beija-la.
Ela olhou para os olhos e para os lábios dele e, como se estivesse em transe, ela o beijou... mas, se afastou rapidamente e disse:
S: Claro - gaguejou - Eu entendo. Muito obrigada! - Se afastando desconcertada... sob o olhar frustrado de Can.

Apesar de negarem seus sentimentos, ao menos ambos admitiram a importância desses objetos, como um elo de ligação entre eles, ou como símbolos da lembrança do outro.
Nessa etapa, eles compreenderam a grande importância desses "objetos âncoras" na vida deles, sem os quais teria sido muito difícil continuar, diante do vácuo causado pela ausência do outro, uma vez que tais objetos os mantiveram vivos, como razão da esperança e da manutenção da ligação entre eles.
Agora, eles acreditavam em si mesmos e no outro (Fé), superaram seus medos mais profundos, ou ao menos os enfrentaram (Reuniões). Aprenderam a confiar em si próprios e no outro (Confiança), reconhecendo a existência da ligação transcendental e indestrutível entre eles, sem negar a importância e os detalhes, que os unem! (Fidelidade) Mas o que falta, para que voltem a estar juntos? O que os impede? Orgulho? Esquecer o passado e viver o presente? Até quando conseguirão represar seus sentimentos e o desejo de estarem juntos física e espiritualmente?

Quando o amor é mais forte...Onde histórias criam vida. Descubra agora