Capítulo 25

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- KARA? KARA? – Lena gritava.

O suor escorria sobre seu rosto e ela sentia que o quarto estava fechando sobre si.

Quarto? Era onde estava?

Não sabia dizer. Estava muito escuro e tudo que ela podia escutar eram as pancadas da mão pesada de Lionel batendo em sua mãe. Então porque estava chamando Kara? Ela não estaria ali em seu quarto infantil. Não estaria ao seu lado naquele momento.

- Lena eu to aqui, acorda amor!

Não, ela não estaria ali.

As pancadas ficavam cada vez mais fortes e mais perto, agora era a hora em que ele a arrastaria até o seu quarto e deixaria a mãe em paz, sendo Lena a escolha para aliviar o estresse.

Mas, ela não queria ir. Mesmo sabendo que pelo menos sua mãe pararia de apanhar, mesmo sabendo que sua mãe ficaria em paz por um tempo. Não amava a mãe o suficiente? Era pra sentir um alivio por amor a ela. Mas, não era isso que acontecia.

Ela não queria ir.

- Acorda amor!

A voz doce a chamou outra vez, apesar de estar soando desesperada, ainda assim era doce e confortável.

Kara.

Kara a salvaria? Como?

A porta foi do seu quarto foi aberta e a imagem que surgiu era a mesma que lhe causava tremores incontroláveis. O medo podia ser sentido de longe e era claro que ele se agradava com isso e agora sorria enquanto a maldade estava escancarada em seu olhar.

Não, ela não queria ir.

- NÃO!

- LENA, por favor acorda!

Ela sentiu uma mão a puxar e com isso abriu os olhos. A claridade do ambiente ofuscou sua visão, mas mesmo assim a percepção de onde estava logo a atingiu como um refresco descendo pela a garganta.

Ela estava nos braços da loira, que a apertava com força contra seu peito enquanto descansava o queixo em sua cabeça.

- Meu Rao, que demora amor! – Kara chorava.

O suor era tanto que por um momento ela cogitou que tinha sido jogado água sobre ela e a respiração estava tão pesada que decidiu não falar nada, apenas se agarrou como pôde nos braços que a acalentava e descansou.

Já fazia um bom tempo que ela não tinha um pesadelo tão agoniante quanto esse.

Aproveitou a sensação que era sentir Kara tão perto, as mãos dela em seu coro cabeludo fazendo um carinho apaixonante e agradeceu em silencio que ela não teve nojo de seu estado de quem acabou de correr duas maratonas.

- Mesmo pesadelo?

- Sim. – Sua voz saiu fraca.

- Eu tava nele? Você me chamou bastante.

- Não, eu só... – Ela suspirou. – Só sabia que precisava de você.

- E eu to aqui! – Ela beijou os cabelos negros. – E sempre que precisar, vou estar.

Lena riu baixo. – Eu acho que nunca vou deixar de precisar. – Ela encarou os olhos azuis que a olhavam com ternura. – Você ainda vai ter muito trabalho comigo.

- Isso não é trabalho.

- Promete que não? Que não vai se cansar de mim!

- Que história é essa? – Kara riu alto. – Impossível eu me cansar de você!

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