Capítulo 2

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- Lena, vá! Se esconda!

A mulher fala quase sussurrando e com um desespero nos olhos.

Lena corre e se esconde embaixo da cama, se arrasta até chegar na parede e se encolhe no canto. Está escuro, já era tarde e a mãe dela acabara de acorda-la dizendo pra ela se esconder, Lena certamente já sabia o que vinha por aí, então ela tapou os ouvidos com o máximo de força que pôde.

- Aonde você tá, sua vadia?

A voz embriagada do homem contaminou o ambiente, dava pra escutar seus passos vindo em direção ao quarto em que estava.

Lena abre os olhos e vê apenas os pés da mãe saindo do quarto dela, deixando a porta entre aberta. Lágrimas começam a sair de seus olhos e ela volta a fecha-los com força, imaginando que assim faria tudo aquilo desaparecer.

- Era pra você estar lá embaixo me esperando, o que você tá fazendo aqui em cima com essa cara ridícula sua? – Um silencio se instaura por alguns segundos. – Em vagabunda? Não olha com essa sua cara horrorosa pra mim não.

O barulho do primeiro soco ecoou sobre a casa. Ela sabia que a noite ainda seria longa. Lena tapa a boca evitando de chorar alto, tudo que ela queria era que aquilo acabasse.

- Por favor para, por favor não bate na minha mãe.

Lena já estava em pé em frente ao seu quarto, e suplicava aquele homem que com certeza não poderia ser considerado um pai.

- O que você disse?

O homem que agora segura a cabeça da mulher com uma mão, e na outra segura uma garrafa quase vazia de cerveja, vira em direção a Lena, ainda segurando a mais velha pelo cabelo, que agora olha a filha com um desespero claro em seu semblante.

- Por favor.

Ela tenta falar, mas quase não sai som.

Ele derruba a mulher no chão, coloca a garrafa ao lado dela e se agacha em frente a pequenina, logo em seguida pegando-a no colo.

- Não, não, não, NÃO.

Lena grita e se levanta ficando sentada na cama. Ela está completamente suada e tem as mãos na cabeça, lágrimas começam a rolar.

- De novo essa droga de pesadelo. Merda!

Ela se levanta e pega o celular que está ao lado da cama em cima do criado mudo, checando a hora. São 4:00 da manhã, então ela decide já ficar acordada, não queria correr o risco de voltar para o mesmo pesadelo. E com certeza ela adiantaria muito do trabalho se já começasse agora.

Lena toma um banho e volta para sua cama, mas dessa vez, cheia de documentos e com o notebook aberto, começa a trabalhar. Ela iria folgar hoje na empresa, mas nada a impede de adiantar as coisas da sua própria casa.

(...)

- Bom dia dorminhoca.

Alex fala vendo a irmã sair do quarto.

- Bom dia alcoólatra.

- Ah, não, nem vem com essa.

Alex fecha a cara enquanto ouve as gargalhadas da irmã tomar conta do ambiente. A risada de Kara era alta e com certeza contagiante, mas ela não deu o braço a torcer, manteve a cara fechada até a irmã encerrar os risos.

- Pelo visto é bom dia mal-humorada. – Kara fala enquanto senta na mesa colocando café na xicara a sua frente. – Aconteceu alguma coisa Alex?

- Não, nada.

- Você sabe que vou insistir até me falar, não sabe?

Alex desce o olhar colocando a mão sobre as sobrancelhas.

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