Capítulo 36

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Duas semanas depois 

Olho para o meu relógio mais uma vez. Preciso sair para trabalhar e nada do William chegar. Tem sido assim desde que voltamos de Paris. Ele chega do trabalho tarde, quando já estou no restaurante e vai trabalhar cedo, quando não voltei do trabalho. Estamos nos vendo raras vezes aos fins de semana, quando não está enfiado no escritório de casa. Faz duas semanas que não me toca, que não me procura e nunca ficamos tanto tempo assim sem nos tocar. Sinto falta dos seus beijos e dos nossos momentos. 

Eu: O Sr. Levy comentou alguma coisa quando o viu? Falou algo sobre chegar tarde? 

Pergunto à babá do Junior que me olha sem graça. 

Babá: Não senhora! O Sr. Levy chega tarde e sempre toma banho, janta e fica com o Junior até dormir. Depois vai para o escritório e nunca o vejo sair de lá, pois já estou dormindo. 

Respiro fundo e olho o meu telemóvel. Nenhuma mensagem ou ligação dele. 

Babá: Quer que avise sobre algo? 

Balanço a cabeça negativamente. 

Eu: Não precisa! 

Aproximo-me do meu filho e beijo a sua cabeça. 

Eu: Mamãe te ama! 

Sussurro e ele olha para mim sorrindo. 

Eu: Muito! 

Beijo-o novamente só que no rosto. 

Eu: Você ama a mamãe?

Junior: Xim! 

Faço cócegas na sua barriga. 

Eu: Coma todo o papa e durma cedo. 

Afasto-me e pego na minha carteira. 

Eu: Qualquer coisa me ligue. 

Babá: Sim senhora! 

Com o coração apertado vou para o restaurante. Leonardo olha-me atento enquanto oriento os meus ajudantes sobre os pratos de hoje e como vamos dividir as obrigações de todos. Deixo tudo anotado num papel e coloco-o no quadro perto da porta. 

Eu: Sigam as orientações e nada passa para as mesas sem antes passar por mim para ver se esta correto. 

Oriento e peço para começarem a organizar os alimentos para as preparações. 

Leonardo: O que está acontecendo? 

Pergunta se aproximando de mim, enquanto os meus olhos estão em cada detalhe da minha cozinha, da minha equipa. 

Eu: Não esta acontecendo nada. Por que a pergunta? 

Leonardo: Você não esta sendo... você! 

Solto o ar de forma cansada e viro-me para ele. 

Eu: A minha comida está ruim?

Leonardo: Não!

Eu: A qualidade no serviço está ruim?

Leonardo: Não!

Eu: Então porque não estou sendo "EU"? 

Leonardo: Perdeu o brilho nos olhos enquanto comanda essa cozinha. 

Leonardo fica me olhando, tentando encontrar alguma coisa. 

Leonardo: A Maitê que tinha paixão por isso parece que desapareceu. 

Encosto-me no balcão e tento não chorar. Tento de verdade me manter firme. 

Leonardo: O que aconteceu? 

Eu: Não sei! Realmente não sei. 

Os meus olhos encheram-se de lágrimas.

Leonardo: Vamos para o meu escritório.

Leonardo pega na minha mão e arrasta-me para fora da cozinha até à sua sala. Senta-me numa cadeira e em seguida ele senta na cadeira ao meu lado. 

Leonardo: Você mudou desde que voltou de Paris. O que aconteceu por lá? 

Eu: William! 

É a única coisa que sai da minha boca, antes de começar a chorar. Odeio chorar, odeio me sentir fraca, odeio me sentir impotente e é isso que sinto em relação ao meu casamento. Se pelo menos soubesse o que esta acontecendo, poderia fazer alguma coisa. 

Leonardo: Vocês brigaram? 

Eu: Não! 

Leonardo: Ele fez alguma coisa errada? 

Eu: Não! 

Como explicar ao Leonardo que eu não sei o que esta acontecendo? 

O meu telemóvel vibra com uma mensagem e o meu coração bate acelerado. Pode ser ele! Puxo o telemóvel do bolso e abro a mensagem. É de um número restrito. 

DE: Restrito PARA: Maitê 

Vai encontrar o seu marido nesse endereço! 

Rua Adolfo Pereira, 345. 


Continua...

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