Apesar de todas as provas parecerem incriminar Charles Lancaster, eu senti sua verdadeira tristeza. Seu luto era real. E a foto, apesar de ser difícil de explicar, coincidiu com os depoimentos de Vanessa Jones.
— Srta. Norman, está me ouvindo? — disse o inspetor Nortgen, por telefone.
— Estou ouvindo — liguei o viva voz.
— Espero que eu não esteja atrapalhando seus relatórios.
— O que deseja, inspetor?
— Tenho uma péssima informação — ele suspirou profundamente. — A garota, Leise Avlis, morreu.
Leise não era só uma testemunha importante, como também uma menina cheia de sonhos. Apesar de ter partido cedo demais, ela nos deixou um legado.
— Quando ela morreu? — perguntei, incrédula.
— Ontem de manhã, perto de uma cafeteria.
— Inspetor, todas as nossas testemunhas precisam de segurança. Onde estavam os seus homens nesse momento?
— Parece que foi um acidente, senhorita — respondeu o inspetor Nortgen. — Não podemos controlar essas coisas, mas rezarei pela família dela.
O Grimório de Josh Campbell — no dia em que Kimberly desapareceu, um livro com esse nome sumiu das prateleiras da biblioteca. Intitulado de A Verdade Superior, as páginas daquele único exemplar, comercializado há tanto tempo, descreviam os segredos de um pentagrama de sangue. Na polícia, crimes com espectros ritualísticos eram marcados em pessoas com transtornos mentais. A história nos apresentou muitos sociopatas, buscando em rituais de alta magia algum retorno pessoal. Diferentemente da morte de Kimberly, o corpo de Leise foi encontrado sem nenhum sinal claro de violação, entretanto, na parte inferior de suas costas havia uma tatuagem justamente de um pentagrama.
Assim como as centenas de pessoas que passavam diariamente no museu, Adam não parecia suspeito. Na verdade, ele era um homem comum e muito educado. Ele me ligou quando trocamos de número. Disse que queria fazer algumas pesquisas para sua empresa. Eu me aproximei para conhecê-lo melhor. Nós tivemos muitos encontros em restaurantes, pubs e dentro da própria biblioteca. Um mês depois, aceitei o convite para conhecer seu apartamento.
Nesse período de incertezas, Christian ordenou que nenhum agente estivesse no museu durante a fase final das investigações, alertando que um motim da polícia pudesse assustar Quinn Solo, exceto Sarah, pois ela já tinha licença para checar os computadores da biblioteca.
— Ellis, estou na biblioteca agora. — Sarah afirmou, por ligação. — Onde você está?
— Dentro do apartamento de Adam. Vou instalar as câmeras.
— Você quer que eu faça o quê?
— Todos os livros possuem uma cópia digital, como segurança. Elas estão em um computador na sala do setor de RH. Quero que faça download de um Grimório chamado A Verdade Superior.
— Tudo bem.
O feriado de 4 de julho foi tedioso. Não porque Sarah me ligou toda hora, ou porque Collie babou nos tapetes que não eram meus, mas porque estar com Adam era muito pior do que estar na polícia.
— Jacqueline, os seus pais se casaram mesmo durante um expediente no hospital de Charlotte? — Adam me perguntou, pela trigésima vez.
— Isso foi há 15 anos... — eu disse.
— Eu já morei em Charlotte. Parece que temos muito em comum, não é?
— Conta também a parte de eu odiar o museu? — fiz que não com a cabeça.
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Confissões de uma assassina
Mystery / ThrillerEllis Norman é uma agente do FBI que colecionou muitos desafetos no mundo do crime. Quando surge uma série de assassinatos nas redondezas de Portsmouth, ela descobre que há um padrão de vítimas escolhidas para morrer na mesma hora e no mesmo lugar...