Os últimos raios de sol foram embora e trouxeram as luzes acesas das casas em Lamnper. Adam sorriu ao presenciar a noite chegando; um sorriso cruel e sádico. Lutei para engatilhar minha pistola reserva com a adrenalina pulsando as veias, e falhei no grande momento. Não tive outra alternativa a não ser me lançar em ação, usando técnicas de combate, lutando corpo a corpo para defender os golpes de canivete do assassino. O ambiente claustrofóbico colocou nossas habilidades em jogo. Os retrovisores se embaçaram com nossas respirações pesadas e o som de metal pipocou no espaço curto da cabine. A luta veio a ser um espetáculo épico de vida e de morte. Compensei a diferença de nossas forças com movimentos de evasão, entretanto Adam conseguiu me ferir na barriga. Não senti dor, apenas o sangue escorrendo pela jaqueta. Usei os bancos do carro para chutar e consegui desarmá-lo. O canivete caiu quando acertei sua nuca com o cabo da Glock. Ele recuperou o controle da situação e me derrubou, colocando seu joelho em minha garganta, percebendo que cada minuto poderia ser o meu último minuto de vida.
— Você morre aqui, sua vadia!
Comecei a perder o fôlego. Meus olhos escureceram. Eu morreria mesmo ali. Como Laura morreu. Como Kimberly e tantas outras garotas morreram. E entristeci ao saber que minha mãe sofreria pela perda de mais uma filha. Mas, de repente, Adam bateu as costas na janela e caiu para fora da picape. O barulho de vidros se estilhaçando no chão e o rosnado estridente de Collie ecoaram. O cão estava de pé milagrosamente sob efeito da estricnina.
— Impossível! — gritou Adam.
Puxei a pistola do chão, minhas mãos tremiam tanto que não consegui mirar com clareza, e disparei o primeiro tiro quase sem querer. Adam correu muito antes de o segundo projétil acertar sua perna e depois se jogou na mata quando foi ferido nos ombros, escorrendo até o córrego mais próximo da fazenda de Reynolds Maximilian.
Hoje consigo ver nitidamente a melhor escolha a se fazer. A vantagem era minha, não dele. Pegá-lo antes do amanhecer evitaria a repercussão exagerada que o caso ganhou. Porém, em menos de vinte e quatro horas, as notícias se espalharam em vários jornais dos Estados Unidos. E no dia seguinte, o mundo inteiro sabia quem era Adam Fredie Penrose.
Assassino em série deixa rastro de medo por Virgínia. Agentes federais caçam o suspeito nas escuras florestas de Chesapeake. O governador prometeu que nenhum esforço será em vão. — New York Times.
Operação de busca a Adam se intensifica: policiais de Rox e FBI unem forças para capturá-lo. — The Guardian.
Comunidade de Lamnper se reúne em oração contra o terror do demônio das flores vermelhas. — El País.
Collie também fazia parte do FBI. No fim das contas, tive que escolher entre a decisão de tentar salvá-lo, ou continuar procurando Adam dentro de Northwest. Racionalmente, não pensei que Adam fosse tão longe. Ele recebeu cinco tiros de calibre 9mm. Talvez pudesse sobreviver com muito esforço se nenhum órgão vital tivesse sido perfurado e se não perdesse tanto sangue. Mas o assassino não apenas sobreviveu, como atravessou o córrego e invadiu a propriedade dos Reynolds.
— Capitão? — respirei fundo, discando os números do celular de Johnny o mais rápido que consegui.
— Estou ouvindo — disse ele.
— Preciso da sua ajuda! Adam escapou!
— O que aconteceu?
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Confissões de uma assassina
Mystère / ThrillerEllis Norman é uma agente do FBI que colecionou muitos desafetos no mundo do crime. Quando surge uma série de assassinatos nas redondezas de Portsmouth, ela descobre que há um padrão de vítimas escolhidas para morrer na mesma hora e no mesmo lugar...