— Agente Norman, não entendo por que um policial aposentado estaria envolvido com o assassino — disse Johnny.
— Paul Riggs é um fazendeiro agora. Passou a comprar terras como forma de investimento — afirmei — depois das sucessivas mortes que aconteceram em Portsmouth, as pessoas estão vendendo suas terras por preços muito baixos. Os moradores estão desesperados para se mudarem daqui. Eles não querem mais viver nessa cidade. E depois... quando a poeira abaixar...
— Os valores voltarão a subir de novo?
— Sim.
— É um palpite.
— Não exatamente. Já faz alguns meses que estou investigando Adam Fredie Penrose. Acho que o canalha planeja ficar rico da noite para o dia. Eu instalei câmeras no apartamento dele. O nome bate com a lista de funcionários do frigorífico que comprou o galpão. Além disso, muitas garotas foram mortas em volta de pentagramas de sangue, os mesmos desenhos que estão no livro que encontrei no escritório do apartamento.
— O que significa um pentagrama de sangue em um grimório?
— Um ritual de prosperidade financeira. Acho que... não, eu tenho certeza que Adam é o assassino.
— Então vamos pegá-lo!
— Ainda não. E também não quero que prenda Paul Riggs, até última ordem.
— Srta. Norman, isso é alguma espécie de jogo? — Perguntou Johnny — Para mostrar que os agentes do FBI são melhores do que nós?
— Desculpe, capitão. É a regra. Adam é réu primário e as provas que tenho não são suficientes para detê-lo por muito tempo. Não se ele tiver um bom advogado.
— Ele tem um bom advogado?
— Não duvide disso.
Eu interrompi a conversa, levantei a mão e chamei Elisa, a garçonete do restaurante Gales. Pedi que os pratos fossem retirados da mesa e deixei a gorjeta perto dos talheres. Por alguns segundos, pensei em Olívia Grace. Quem deveria estar ali, nos atendendo, era ela, se a menina não tivesse cruzado o caminho de um demônio e fosse morta de uma maneira brutal.
Após os pratos serem recolhidos, Johnny me olhou fixamente e depois desviou o olhar para minhas mãos. Eu coloquei as mãos atrás das costas, puxei um mapa do bolso e deixei entre nós, aberto. Era um desenho da região de Lamnper, feito a lápis e caneta esferográfica. Lamnper se tornou um conglomerado de pequenas chácaras e sítios atrás da fazenda de Dorothy France, uma área em torno de 4km² particular.
— Não vamos prender Adam em Churchland, em Doff, ou em qualquer local público. O FBI tomou Virgínia aqui — apontei para o centro do mapa —, então, tudo que precisa fazer é deslocar os seus policiais até o fundo da cidade. Vinte são suficientes para cercar o perímetro inteiro.
— Vinte policiais para prender um assassino? — Johnny sorriu, como se aquilo fosse uma brincadeira. — Agente Norman, se vinte dos meus homens não estiverem na delegacia de Rox amanhã, a cidade será saqueada. E eu, bem... eu serei demitido.
— Não será amanhã. Será daqui nove dias. Creio que é tempo mais do que suficiente para preparar tudo. Caso tenha uma sugestão melhor, estou disposta a negociar.
— O que tem em Lamnper? — ele coçou a cabeça, começando a considerar minha ideia.
— Adam comprou um sítio naquela região e me convidou para passar alguns dias com ele — eu disse — fui três vezes lá. A primeira, no segundo sábado de junho. Depois, no domingo seguinte. E a outra, no Dia da Independência dos Estados Unidos. Consegui instalar câmeras e escutas em alguns locais da casa principal. Aposto que nenhuma delas será vista tão facilmente.
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Confissões de uma assassina
Mystère / ThrillerEllis Norman é uma agente do FBI que colecionou muitos desafetos no mundo do crime. Quando surge uma série de assassinatos nas redondezas de Portsmouth, ela descobre que há um padrão de vítimas escolhidas para morrer na mesma hora e no mesmo lugar...